Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)
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Sustentabilidade » Manejo Sustentável no Brasil » ILPF - Uma alternativa sustentável
Publicado em 13/02/2015 às 10:57:33
- atualizado em 03/03/2017 às 18:53:27
A proposta conhecida como iLPF - Integração Lavoura-Pecuária-Floresta busca alinhar eixos estruturantes do desenvolvimento sustentável da agropecuária, tendo em vista a valorização do homem, o aumento da produção e a viabilidade econômica de investimentos. Para a EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias, em um site criado especialmente para apresentar a adoção de novos procedimentos "agrosustentáveis", a iLPF possibilita ao produtor a "diversificação e integração dos diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais, dentro de uma mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotação, de forma que haja benefícios para todas as atividades". (EMBRAPA, 2014. n/p) O uso desta tecnologia pode ser adotado por produtores rurais em todo País, independente do poder aquisitivo e do tamanho da propriedade em quatro modalidades de integração, quais sejam: a pecuária-floresta ou silvipastoril; lavoura-pecuária ou agropastoril; lavoura-floresta ou silviagrícola e lavoura-pecuária-floresta ou agrossilvipastoril, a mais completa de todas.

Infográfico sobre as práticas da iLPF. Arte: Thiago Riccioppo, 2015.
Para implementação desses sistemas, necessita-se de planejamento na escolha do modelo adequado a propriedade rural, tendo em vista o mercado local e regional para comercialização de produtos agropecuários e florestais.
São inúmeros os benefícios da iLPF para produção de grãos, carne, leite e produtos madeireiros e não madeireiros ao longo de todo o ano em uma mesma propriedade rural. A combinação desses fatores traz ganhos não apenas econômicos, uma vez que o meio ambiente é bastante beneficiado na diminuição dos gases do efeito estufa (GEE), sem pressionar áreas nativas e ainda aumentando áreas verdes. A contribuição é imensa também na manutenção e recuperação de solos, trazendo melhorias físicas, químicas e biológicas devido ao aumento de matéria-orgânica.
Isso se dá, por exemplo, no manejo de pastagens e noutras práticas de plantio no sistema de integração lavoura-pecuária ou lavoura-pecuária-floresta. A utilização mais eficiente das pastagens nos sistemas integrados aumenta a produção e a qualidade. Ao apresentar as diferentes espécies de forrageiras e seu manejo, é possível notar que a diversidade de espécies atende os sistemas de produção.
Assista este pequeno vídeo produzido pela Embrapa sobre as vantanges do iLPF:
O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA tem firmado convênios e acordos de cooperação técnica com órgãos, entidades e instituições públicas e privadas como estratégia para a capacitação de pessoal e como forma de incentivar a prática da iLPF entre os produtores rurais na implementação do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) - Ações e Expectativa. Este programa é desenvolvido pela Coordenação de Manejo Sustentável dos Sistemas Produtivos (CMSP), subordinada ao Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade (Depros), da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC).
Tento em vista também estas preocupações foi criada a alguns anos uma rede intitulada PECUS - Pecuária Sustentável/ Pecuária de Sucesso, liderada pela - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA/Sudeste, integrando ações do Brasil e outros países por meio de entidades, universidades e institutos de pesquisas. Esse grupo tem se movimentado na perspectiva de desenvolver projetos e ações que visam mitigar os efeitos que a atividade pecuária causa ao meio ambiente.
A rede tem por princípios mapear geograficamente os diferentes tipos integrados de produção agropecuária, de acordo com o trinômio (Pecuária, Lavoura e Floresta). O objetivo é que, por meio de compartilhamento de pesquisas, pensando as condições climáticas e o funcionamento dos biomas brasileiros, possam-se desenvolver tecnologias práticas que acarretem a diminuição de emissões de Gases do Efeito Estufa - GEE, possibilitando assim, a prerrogativa de uma pecuária que valorize o desenvolvimento sustentável. O grande desafio da rede é transferir essas tecnologias, à medida de popularizar ações práticas e efetivas que possam ser utilizadas pelo pequeno, médio e grande produtor.
Entre inúmeras alternativas, uma das tecnologias já em uso por muitos produtores vem se revelando bastante promissora no sistema agrosilvipastoril, em outras palavras, essa prática vai a encontro com o projeto "Boi na Sombra", desenvolvido pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu - ABCZ, onde a atividade pecuária é associada à arborização das pastagens. Nas palavras do professor Paulo Henrique Mazza Rodrigues, observa-se que,
RODRIGUES, Henrique Mazza. In: Pecuária Brasileira - De vilão à solução. Fonte: CNPC
Neste gráfico, destacam-se as vantagens do plantio de árvores para o meio ambiente, como observou o professor Herinque Mazza Rodrigues.
Fonte: Revista ABCZ.
Para tanto, Rodrigues entende que: a atividade pecuária em áreas de pastagens arborizadas, desenvolve a função de "extensos armazéns de carbono para o planeta". Mesmo cumprindo uma função econômica a madeira transformada em móveis, papéis, casas e outros, em seu ciclo rotativo continuaria cumprindo seu papel de armazém de carbono.
Do mesmo modo, o replantio e a manutenção de árvores nativas em pastagens não traria prejuízos, pois, pelo contrário estas práticas acarretam em si, uma série de outras vantagens ao pecuarista, ao bovino e ao meio ambiente. Em suas palavras o professor acresenta que ocorre nestes casos: "a diminuição do estresse térmico com a formação de áreas de pastagens sombreadas; às próprias pastagens, com o enriquecimento do solo; aos animais silvestres, com a disponibilidade de abrigos e alimentos; e também aos olhos de quem aprecia a paisagem".
É preciso portanto, agregar novos conhecimentos às práticas para uma mudança de consciência na atividade pecuária, possibilitando o desenvolvimento sustentável sem deixar de vislumbrar o desenvolvimento econômico!
Fontes de pesquisas:
Embrapa Sudeste, Revista ABCZ, MAPA e Beef Point
Autor: Thiago Riccioppo, Historiador, Mestre em História pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU; Gerente Executivo do Museu do Zebu/ABCZ e colaborador do CRPBZ.
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU