Introdução
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Memórias do Zebu » Importações de Zebu para o Brasil

Tela "Os Pioneiros na Importação do Zebu", usada na 31ª Mostra do Museu do Zebu em 2014. Acervo: MZ.
É curioso observar que os bovinos, não sendo nativos no Brasil, totalizam hoje cerca de 160 milhões de cabeças espalhadas por todo o território nacional. Inicialmente um elemento colonizador de nossas fronteiras, os bovinos se tornaram hoje, um valioso patrimônio genético da nossa nação. Uma rápida olhada na nossa história mostra fatos relevantes que nos ajudam a entender a importância das raças zebuínas no contexto da pecuária bovina brasileira. Registra-se que, até meados do século XIX, havia um predomínio das raças europeias. Trazidas pelos colonizadores, encontraram no país condições adversas de clima e situações precárias de criação. Os espécimes remanescentes degeneraram-se, substituindo sua capacidade produtiva pelo poder adaptativo: era a natureza cobrando seus tributos. Alguns tipos bovinos atuais resultam desses animais e conseguiram atravessar quase 500 anos de criação, e por isso têm certo valor genético embora a ausência de seleção e o efetivo muito pequeno reduza-os apenas a representantes daqueles tempos. Mesmo frente a essa realidade, as importações de bovinos europeus se sucederam ao longo do tempo. E persistem até hoje. No todo, o volume de importações de raças europeias supera estrondosamente ao das raças zebuínas: são aproximadamente 1 milhão de bovinos europeus introduzidos no país contra 6,3 mil exemplares zebuínos. Na constituição genética atual do rebanho bovino brasileiro, estima-se que 80% dos animais tenha genes de origem zebuína, seja na forma de animais puros ou através de cruzamentos. Constatou-se que, durante o I Simpósio de Produção de Gado de Corte Traduzido em Números, isso equivale a 128 milhões de cabeças. É um número impressionante (mesmo que sem precisão matemática) e demonstra o poder de sobrevivência, crescimento e multiplicação das raças zebuínas nas nossas condições, principalmente partindo de um núcleo inicial tão reduzido. Provavelmente foram essas características dos zebuínos que despertaram o interesse de alguns criadores que organizaram algumas importações de animais da Índia entre 1870 e 1962, em intervalos e quantidades irregulares. As primeiras importações seguramente foram movidas mais pela intuição do que por razões técnicas. Difícil imaginar que motivos teriam levado, na época, alguns intrépidos pioneiros a se aventurarem numa Índia distante, com meios de transporte e comunicação precários, em busca de animais exóticos. As referências quanto à utilidade daqueles animais seguramente eram vagas. Basta ver que, em 1875, um casal de zebu havia sido importado do Jardim Zoológico de Londres. Hoje é possível ver com clareza que tratavam-se de homens de visão, do tipo que enxergam bem além de seu próprio tempo. Em 1921 o governo brasileiro proibiu as importações da Índia por razões sanitárias. Aquelas que se organizaram em 1930, 1952, 1960 e 1962 ocorreram sob licença especial de importação e já com exigência de quarentenário. Nada disso, porém, impediu o crescimento impetuoso e a instalação no país de uma das pecuárias mais pujantes e de intenso potencial de todo o globo terrestre, toda baseada na genética zebuína. Fonte: Luiz Antônio Josahkian, Superintendente Técnico da ABCZ e Professor de Melhoramento Animal da FAZU.
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU