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Publicado em 03/11/2014 às 14:19:27

Por volta da mesma época em que os primeiros zebuínos entraram no Brasil, final do século XIX e início do XX, também nos Estados Unidos essa espécie bovina começou a transformar a pecuária sulina, especialmente nos estados próximos ao Golfo do México, entre esses: a Louisiana e o Texas.

Existiam algumas diferenças entre os dois países (Brasil e EUA) na criação do então novo gado marcadas até meados da década de 1940. Basicamente, enquanto em pastos brasileiros se preocupava em formar grupos raciais distintos, especialmente Gir, Guzerá e Nelore, por outro lado, surgiu um cruzamento entre essas que deu origem a uma nova raça , o Indubrasil. No hemisfério norte foram feitos cruzamentos direcionados com as diversas raças importadas Nelore, Guzerá, Gir, Khrisna Valley, Sindi, Cangaiam, Tharparkar, Indubrasil e talvez outras, bem como de taurinos.


Os pioneiros do que viria a se tornar o "zebu americano" acreditavam nas raças indianas como uma solução do impasse para a difícil criação de raças especializadas europeias, que não se adaptavam adequadamente ao clima do sul do País.

Ao correr dos anos houveram importações de cerca de 300 zebuínos para os EUA até a década de 1920, vindos da Índia e da Europa, sendo que à maioria era composta de machos. Dessa forma, a nova raça foi criada por meio de cruzamento absorvente sobre os taurinos existentes.


Perfil de um zebuíno da raça Brahman. Crédito: Jadir Bison. Fonte: ABCZ.

A intenção dos criadores do sul dos EUA era aumentar o contingente bovino com as características produtivas que o gado de "longas orelhas da Louisiana" possuía - o Big Eared Lousiana. Nesse sentido, à procura de tais exemplares tornava-se crescente, pois entendiam que eles eram capazes de suportar bem as dificuldades com o clima, os parasitas internos e externos, as doenças e convertiam melhor ganho em peso, mesmo quando alimentados em pastagens de baixa qualidade.

 

A primeira exportação de Zebu realizadas pelo Brasil ocorreu pela força de criadores uberabenses e fluminenses, coordenadas por pelo zootecnista Fernando Ruffier, contando com apoio do governo brasileiro, cujo objetivo final seria o México em 1923.

 

Um dos encarregados de levar o primeiro lote da exportação a este país foi o uberabense Armel Miranda, que seguiu em direção ao porto de Veracruz com 200 animais.

 

Próximo ao desembarque, o navio que transportava os animais encalhou, permanecendo 12 dias nesta situação, até que pudessem descer no solo mexicano. Dos bovinos transportados, apenas um não resistiu aos efeitos da viagem. Contudo, devido a difícil absorção do gado pelo mercado mexicano, em virtude de um momento de instabilidades econômicas e aos conflitos político-sociais desencadeados na região, as negociações com o incipiente mercado foi fortemente abatida. Tais transações estavam enquadradas em um acordo diplomático comercial travado entre o Brasil e México para exportação de inúmeros produtos nacionais a este país da América do Norte.

 

Nesse sentido, a importação de gado zebu do Triângulo Mineiro para o México fez parte do primeiro intercâmbio comercial em grande escala os dois países. No livro: Intimidades, conflitos e reconciliações: México e Brasil, 1822-1993 de Guilhermo Palacios (2008), o historiador credita o fracasso da transação a um " [...] o cálculo errado dos criadores motivou que a oferta superasse a demanda" e a descrença no conflito mexicano por parte do brasileiro, elevou a intensos atritos, a incipiente relação comercial entre os países.

 

Devido a essas problemáticas, a maior parte dos produtos dessa exportação acabou sendo direcionada do México para os EUA em 1924. Esse fator foi fundamental para firmar o grupo étnico que estava em plena efervescência nos estados sulinos estadunidenses.

 

Sobre esta feita, o depoimento do cientista A. O. Road é revelador:

 

O Brahman não tinha deslanchado, existia apenas um punhado de devotos e o efetivo era pequeno. A importação do Brasil aumentou o interesse pelo Brahman, devido à excelente qualidade dos animais brasileiros. Eram grandes, musculosos, sólidos indivíduos, embora fossem uma cruza de sangue indiano, com nítida preferência de Guzerá, com alguma evidência de Gir e do Nelore. (ROAD. O.A. Apud. FREITAS, Gustavo, Beef Point, 2013)

 

No mesmo ano de 1924 foi fundada a American Breeders Brahman Association - ABBA. O Brahman teve importância não apenas na bovinocultura norte-americana. Tornou-se possível uma pecuária de corte rentável, onde a raça chegou aos dias presentes em mais de 70 países, sendo a raça zebuína mais difundida no mundo.

 

Oficialmente, a raça Brahman entrou no Brasil somente em 1994, no mês de abril, quando houve a primeira importação vinda dos Estados Unidos sob a fiscalização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA.

 

Sobre a raça brahman, assita o vídeo institucional produzido o tema:

 

Todos os países que fazem divisa com o Brasil já eram criadores do Brahmam. Sendo um dos objetivos da ABCZ promover a competição entre as raças para fazer com que o nível genealógico aumente e promova o plantel brasileiro. Criadores importantes da pecuária brasileira introduziram uma genética oriunda de países como Estados Unidos e de outros países latino-americanos e atualmente exporta a sua tecnologia genética apromorada.


Quadro sobre as qualidades da raça Brahman.

A aceitação da raça foi esplêndida, o melhor exemplo disto é que a Brahman tem sido a raça zebuína para corte que mais cresce no Brasil, em termos proporcionais aos número de registros de nascimento - 81% entre 2005 a 2011 - e a segunda maior raça de corte em registros na ABCZ.

 

Atualmente o gado está presente em 70 países, segundo a ABBA, o que faz da raça a mais cosmopolita entre os zebuínos.

 

Saiba mais como criar Brahman através acessando este link da Associação dos Criadores do Brahman do Brasil - ACBB, fundada em 1993, a entidade com sede em Uberaba-MG destina-se a fomentar o desenvolvimento dessa raça no Brasil e no exterior.

 

Conheça também os padrões raciais do Brahman definidos pela ABCZ.

 

Texto: Thiago Riccioppo


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