Projeções de Mercado para 2024 (MAPA)
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Estudo inédito do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil projeta produção de 34 milhões de toneladas de carne bovina, suína e de frango em 2024 * Artigo publicado originalmente na Revista BeefWorld, ano 4 nº17. Fonte das projeções: (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA) Adaptação: CRPBZ
Carnes
Antes de apresentar as projeções de carnes, procura-se ilustrar a atual distribuição no Brasil do rebanho bovino, no que se refere ao número de animais abatidos em 2013. Nesse ano foram abatidas 34,4 milhões de cabeças em todo o país, sendo que Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Pará e Rondônia, lideram os abates, com 72,0% dos abates no país.
Distribuição do rebanho bovino brasileiro. Fonte: (MAPA Apud. BeefWorld, 2013)
As projeções de carnes para o Brasil mostram que esse setor deve apresentar intenso crescimento nos próximos anos. Entre as carnes, as que projetarão maiores taxas de crescimento da produção no período 2014 a 2024 são a carne de frango, que deve crescer anualmente a 3,1%, e a suína, cujo crescimento projetado para esse período é de 2,8% ao ano. A produção de carne bovina tem um crescimento projetado de 1,9%ao ano, o que também representa um valor relativamente elevado, pois consegue atender ao consumo doméstico e às exportações.
A produção total de carnes deve passar de 26,0 milhões de toneladas em 2014 para 33,8 milhões em 2024, um acréscimo de 30,0%.
Cenário positivo para o mercado brasileiro terá como missão levar a carne bovina para alimentar o planeta. Imagem: (ABCZ, Divulgação)
O crescimento anual projetado para o consumo da carne de frango é de 2,9% no período 2014 a 2024. Isso significa um aumento de 33,1% no consumo nos próximos 10 anos. O consumo de carne de frango projetado para 2024 é de 54,6 kg/hab/ano; o consumo em 2014 estimado pela Conab é de 42,1 kg/hab/ano. A carne suína passa para o segundo lugar no crescimento do consumo com uma taxa anual de 2,6% nos próximos anos. Em nível inferior de crescimento situa - se a projeção do consumo de carne bovina, de 1,5% ao ano para os próximos anos.
Quando às exportações, as projeções indicam elevadas taxas de crescimento para os três tipos de carnes analisados. As estimativas projetam um quadro favorável para as exportações brasileiras. As carnes de frango e de suínos lideram as taxas de crescimento anual das exportações para os próximos anos (a taxa anual prevista para carne de frango é de 3,8%) e para a carne suína de 3,9%. As exportações de carne bovina devem situar - se numa média anual de 3,4%. As exportações de carnes têm se dirigido para numerosos países. Em 2013, a carne bovina foi destinada a 143 países, sendo o principal Hong Kong; a carne de frango foi destinada a 144 países, sendo a Arábia Saudita o principal comprador e, finalmente, a carne suína teve 72 países, tendo como principal a Rússia. A expectativa é que esses mercados se consolidem de forma crescente para que sejam factíveis as projeções realizadas.
Acompanhe os dados sobre a mercado da carne brasileiro na atualidade e as projeções para os próximos anos:
Animais abatidos em 2013 (Cabeças).
Produção de carne bovina. Fonte: (MAPA)
Produção de carne suína. Fonte: (MAPA)
Produção de carne de frango. Fonte: (MAPA)
Consumo de carne. Fonte: (MAPA)
Consumo de carne. Fonte: (MAPA)
Exportação de Carnes (mil toneladas). Fonte: (MAPA)
Exportação de carne bovina. Fonte (MAPA)
Exportação de carne suína. Fonte (MAPA)
Exportação de carne de frango. Fonte: (MAPA)
Crescimento de Produção
Crescimento de Exportação. Fonte: (MAPA)
Milho
A produção nacional do milho é relativamente dispersa no país. Os principais estados produtores, Mato Grosso, Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, devem responder em 2013/14 por quase 70% da produção nacional. As maiores regiões produtoras são o Sul, com 31,5% da produção nacional, e o Centro - Oeste com 42,0%. No Sul, a liderança é do Paraná, e no Centro - Oeste, Mato Grosso. Estes são atualmente os principais produtores de milho do país. Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul também respondem por importante parte da produção nacional como se observa no mapa. A previsão de produção de milho no Brasil para 2013/14 está estimada em 77,9 milhões de toneladas (Conab, 2014). Para 2014/15, a projeção de produção situa - se entre 80,7 e 93,9 milhões de toneladas como limite superior da projeção. Mas a tendência é a produção situar - se mais próximos da projeção. Para 2023/24, a produção projetada é de 103,1 milhões de toneladas.
Como se sabe, no Paraná e Mato Grosso, maiores produtores, as áreas de soja liberam espaço para plantio do milho. No Mato Grosso, geralmente planta - se a soja por volta de 15 de setembro e colhe em janeiro para, em seguida, iniciar o milho de segunda safra. O limite para esse plantio é fevereiro porque os riscos de perdas com a estação seca são grandes se for ultrapassado esse período. A área de milho deve ter um acréscimo de 6,4% entre 2013/14 e 2023/24, passando de 15,7 milhões de hectares em 2013/14 para 16,7 milhões, podendo chegar a 22,1 milhões de hectares em 2023/24.
Não haverá necessidade de novas áreas para expansão dessa atividade, pois áreas de soja liberam a maior parte das áreas requeridas pelo milho. O aumento de área projetado de 6,4% está baixo do crescimento havido nos últimos 10 anos, que foi de 25,5%. Mas o milho teve nos últimos anos elevados ganhos de produtividade resultando em menor necessidade adicional de áreas. O consumo interno de milho que em 2013/14 representa 69% da produção deve reproduzir - se nos próximos anos para 62,2%, tendo, portanto, uma ligeira queda. As exportações de milho devem passar de 21 milhões de toneladas em 2014 para 33,7 milhões de toneladas em 2023/24. Para manter o consumo interno projetado de 64,1% milhões de toneladas e garantir um volume razoável de estoques finais e o nível de exportações projetado, a produção projetada deverá situar - se em 103,1 milhões de toneladas em 2024. Segundo técnicos que trabalham com essa cultura, a área deve aumentar mais do que está sendo projetado e talvez se aproximar mais do seu limite superior de crescimento.
Milho - ANO, SAFRA. Fonte: (MAPA)
Produção, consumo e exportação de Milho. Fonte: (Mapa)
Produção de Milho. Fonte: (Mapa)
Consumo de Milho. Fonte: (Mapa)
Área plantada de Milho. Fonte: (Mapa)
Dados sobre o Milho. Fonte: (Mapa)
Soja
A produção de soja no país entre 2013/14 foi de 86,1 milhões de toneladas. A produção de soja no Brasil é liberada pelos de Mato Grosso, com 31,4% da produção nacional; Paraná com, 17,1% Rio Grande do Sul com 14,8%, e Goiás, 10,0%. Mas, como se observa no mapa, a produção de soja está evoluindo também para novas áreas no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que em 2013/14 respondem por 10,1% da produção brasileira de grãos, o que corresponde a uma produção de 8,7 milhões de toneladas de soja. Essa é uma região situada no Centro - Nordeste do país, e que vem apresentando acentuado potencial de produção de grãos, denominada MATOPIBA, por estar situada nos 4 estados mencionados. Apesar de suas deficiências de infraestrutura, os preços de terras ainda atrativos, o clima, possibilidade de implantação de grandes áreas e relevos favorável, têm sido alguns fatores que têm motivado investimentos na região. A projeção de soja em grão para 2023/24 é de 117,8 milhões de toneladas. Esse número representa um acréscimo de 36,9% em relação à produção de 2013/14. Mas é um percentual que se situa abaixo do crescimento ocorrido nos últimos 10 anos no Brasil, que foi de 64,5% (Conab, 2014).
Produção de soja. Fonte: (MAPA)
As projeções realizadas pela Associação Brasileira da Indústria de Óleo Vegetal (ABIOVE) estão muito alinhadas aos resultados obtidos neste trabalho.
As projeções de consumo indicam que deve haver um grande aumento da demanda de soja no mercado internacional e no mercado interno. Neste, mercado, além da demanda de rações animais, espera - se aumento forte do consumo de soja para a produção de Biodiesel, estimada em 2014 pela Abiove entre 10,4 e 12, milhões de toneladas. Essa variação depende do cenário em relação à participação do óleo de soja na fabricação de biodiesel (Abiove, correspondência de 19/05/2014). O consumo doméstico de soja em grão deverá atingir 50,4 milhões de toneladas no final da projeção. O consumo projeta - se aumentar 25,8% até 2023/24. Essa estimativa está próxima do crescimento observado pela Conab nos últimos anos da ordem de 23,0% no período de seis anos. Deve haver um consumo adicional de soja em relação a 2013/14 da ordem de 10,0 milhões de toneladas. Como se sabe, a soja é um componente essencial na fabricação de rações animais e adquire importância crescente na alimentação humana.
Consumo de soja. Fonte: (MAPA)
Exportação de soja. Fonte (MAPA)
A área de soja deve aumentar 10,3 milhões de hectares nos próximos anos, chegando em 2024 com 40,4 milhões de hectares. É a lavoura que mais deve expandir a área na próxima década. Representa um acréscimo de 34,1% sobre a área que temos com soja em 2013/14. Nas novas áreas do Centro - Nordeste do Brasil, que compreende a região de Matopiba, a área de soja deve se expandir muito segundo técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Essa informação vai mesmo sentido dos resultados obtidos neste trabalho. No presente trabalho, a área de grãos nessa região deve expandir - se em 16,3% nos próximos 10 anos. Isso equivale a atingir na região a área de 8,4 milhões de hectares, que em seu limite superior pode alcançar 10,9 milhões de hectares. No, Paraná, a área pode crescer nos próximos anos tomando áreas de outras culturas. Em Mato Grosso, a expansão deve ocorrer em pastagens degradadas e em áreas novas, mas principalmente nas primeiras. Mas a tendência no Brasil é que a expansão da área ocorra principalmente sobre terras de pastagens naturais.
As exportações de soja em grão projetadas para 2023/24 são de 65,2 milhões de toneladas. Representam um aumento de 19,9 milhões de toneladas em relação a quantidade exportada pelo Brasil em 2013/14. A variação prevista em 2024 relativamente a 2013/14 é de um aumento na quantidade exportada de soja grão da ordem de 44,0%. As projeções de exportação de soja deste relatório são muito parecidas com as projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA na sigla em inglês), divulgadas em fevereiro deste ano. Eles projetam 66,5 milhões de toneladas para a soja em grão, no final da próxima década. Essa estimativa é praticamente a mesma que a deste relatório, 65,2 milhões de toneladas em 2024.
Área de Soja e Cana de açúcar. Fonte: (MAPA)
Soja. Fonte: (MAPA)
A expansão da produção de soja no país vai se dar pela combinação de expansão de área e produtividade. Enquanto o aumento de produção previsto nos próximos 10 anos é de 36,9%, a expansão da área é de 34,1%. Nos últimos anos a produtividade da soja tem se mantido estável em 2,7 toneladas por hectare, e esse número está sendo projetado para 3,0 toneladas por hectare nos próximos 10 anos. A soja deve expandir - se por meio de uma combinação de expansão de fronteira em regiões onde ainda há terras disponíveis, ocupação de terras de pastagens e pela substituição de lavouras onde não há terras disponíveis para serem incorporadas. Mas a tendência no Brasil é que a expansão ocorra principalmente sobre terras de pastagens naturais (Conab, 2014).
Sobre as projeções de expansão de área em Cana - de - Açúcar e soja, que são duas atividades que competem por área no Brasil, elas devem apresentar nos próximos anos uma expansão de área de 12,6 milhões de hectares, sendo 10,3 milhões de hectares de soja e 2,3 milhões de hectares de cana - de - açúcar. As demais lavouras devem ter pouca variação de área nos próximos anos. Mas, estima - se que essa expansão deve ocorrer em áreas de grande potencial produtivo, como as áreas de cerrados compreendidas na região que atualmente é chamada de MATOPIBA, por compreender terras situadas nos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Mato Grosso deverá perder força nesse processo de expansão de novas áreas, devido principalmente aos preços de terras nesse estado que são mais que o dobro dos preços de terras de lavouras nos estados do MATOPIBA (FGV - Dados). Como os empreendimentos nessas novas regiões compreendem áreas de grande extensão, o preço da terra é um fator decisivo.
Farelo e óleo de Soja. Fonte: (MAPA)
Farelo e óleo de soja
O farelo e o óleo de soja mostram moderado dinamismo da produção nos próximos anos. A produção de farelo de soja deve aumentar 25,1% e a de óleo 25,9%. Esses percentuais são pouco maiores do que se tem observado na última década para ambos os produtos. Entretanto, o consumo de farelo terá um crescimento mais forte que o óleo de soja, 35,2% e 23,1%, respectivamente. As exportações de farelo devem aumentar 15,6% entre 2014 e 2024 e as de óleo 18,4%. As exportações se apresentam nos próximos anos mais dinâmicas que o consumo interno, no caso do óleo de soja. O consumo interno de óleo de soja previsto para 2023/24 está estimado em 6,8 milhões de toneladas. Representa por volta de 75,6% da produção projetada. A maior parte do óleo é destinada ao consumo humano e outra parte tem sido destinada à produção de Biodiesel. Segundo a ABIOVE, em 2014, à média de uso de óleo de soja para biodiesel deve ser entre 2,0 e 2,3 milhões de toneladas. Isto representa entre 28,0 e 32,3% da produção de óleo de soja na safra 2013/14. Para o farelo de soja, na próxima década, cerca de 54,0% deverão ser dirigidos ao consumo interno, e 44,6% destinados às exportações. Observamos os dados enviados pela ABIOVE (2014), por nossa solicitação, na forma de comentário a estas projeções, e concluímos que, de um modo geral, convergem em direção aos resultados apresentados neste relatório.
Produção, Consumo e Exportação de Óleo de Soja (mil toneladas). Fonte: (MAPA)
Produção, Consumo e Exportação de Farelo de Soja. Fonte: (MAPA)
Produção, Consumo e Exportação de Óleo de Soja. Fonte: (MAPA)
Produção, Consumo e Exportação de Farelo de Soja (mil toneladas)
Mapa da produção soja grão. Fonte: (MAPA)
Produção, Consumo e Exportação de Soja em Grãos (mil toneladas)
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU