Sagrado no nome, a procedência da palavra "zebu" acompanha a influência religiosa do Hinduísmo. O termo vem de Zri-Bu, onde "Zri" significa "santo" ou "sagrado". Além de referir-se à vaca, denota misticamente a experiência do espírito em seu momento terreno e material. Para os indianos, simbolicamente, esse animal é a ferramenta que permite a frutificação da terra e lembra, portanto, a ação benemérita de Deus.

Segundo a tradição hindu, a cada existência o homem deve angariar experiências até que o seu retorno ao mundo espiritual seja concluído. Nessa conjuntura, a vaca é sagrada porque é concebida como o elo essencial entre o Criador e a humanidade. A simplificação da palavra original levou à adequação popular do termo no Brasil. Outra tradição que elucida a sacralização do animal diz respeito ao deus Shiva e o seu boi Nandi. Esse touro branco era estimado como servo fiel e companheiro de montaria da divindade hindu e estava associado às forças telúricas e à virilidade. Montá-lo significava dominar a violência e controlar a própria força.

Partindo dessas e outras reminiscências, um antigo soberano hindu teria sido o responsável por incorporar a sacralização do animal à cultura popular. Ordenou, por decreto, que a cada morte de um indivíduo pertencente às famílias abastadas um exemplar do gado de criação doméstica deveria ser escolhido e oferecido ao deus Shiva como recordação do boi Nandi. Posteriormente, como propriedade das castas e reprodutores dos rebanhos privados, esses exemplares receberam a denominação de brahmanini, consolidando talvez uma das primeiras nomenclaturas oficialmente sagradas do animal.

As importações do zebu na Índia ocorreram em um tempo considerado bastante difícil. O antigo continente estava sob o domínio do Império Britânico e o Neocolonialismo caminhava em meio a uma crise que acabaria deflagrando a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918) logo no alvorecer do século XX. O primeiro registro sobre a chegada do zebu no Brasil é de 1813. No entanto, foi a partir de 1875 que a atividade começou a se "profissionalizar".

O Triângulo Mineiro transformou-se, anos mais tarde, em referência na criação da espécie no Brasil. As condições de viagem eram extremamente arriscadas: animais transportados em navios, quarentena preventiva durante o trajeto, necessidades burocráticas e sanitárias, negociações interrompidas, burocracias fiscais, entre outros problemas de ordem cultural e político.

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