D. Pedro I (Imperador do Brasil)
Voltar
Você está em:
Memórias do Zebu » Importações de Zebu para o Brasil » Primeira Fase (1813 - 1870)
Publicado em 23/06/2015 às 09:38:23

As primeiras fontes históricas que se tem notícia sobre a entrada de um lote de zebuínos "puros" no Brasil são narradas pelo pintor francês Jean-Baptiste Debret em sua obra A Viagem Pitoresca ao Brasil, de 1834. O artista desembarcou no Rio de Janeiro em 1816 com o objetivo de retratar a Corte de Dom João VI estabelecida na então Colônia portuguesa depois do ano fatídico de 1808, quando Napoleão Bonaparte impôs à Portugal o bloqueio continental sobre os ingleses. Inúmeras pinturas desse contexto reportaram com riqueza de detalhes as cenas do processo. Contudo, a aguçada sensibilidade do pintor o revelou a outras áreas. Sua arte aborda um olhar revelador sobre a natureza exuberante, os costumes e as diferenças sociais e multiculturais da América Tropical daqueles tempos. Tanto que Debret tornou-se um dos mais célebres expectadores da História do Brasil durante o Período Joanino (1808 - 1821).
O artista relata que Dom João VI, pai de D. Pedro I, ordenou que se fizessem reformas no antigo convento dos jesuítas em São Cristóvão, abandonado desde a expulsão dos jesuítas no século XVII, para transformá-lo então no Palácio que integraria a Fazenda Real de Santa Cruz. Em 1826 a propriedade passou a ser denominada Fazenda Imperial de Santa Cruz, quando nela o então Imperador construiria em pouco tempo um haras para receber cavalos de várias espécies, além de manter também um lote de "zebus africanos" originários da região do Nilo, na África. De certo modo, é bastante curioso conceber que o pioneirismo criador acabou ficando de fato com o Patrono da Independência do Brasil. Apesar de ter sido um dos primeiros a contribuir com um pequeno plantel de zebu puro no Brasil, historicamente é necessário considerar que as raças que acabaram vigorando no Brasil foram aquelas que tiveram origem na Índia.
A partir de então, o barão participou de inúmeras iniciativas em defesa do zebu, seja contribuindo para organização de exposições ou demonstrando as qualidades e as vantagens desse gado. "(...)Em 1880, já podiam ser vistos mestiços zebuínos de suas matrizes em animais de trabalho nas propriedades da Família Clemente Pinto. Em muitos locais o zebu firmava-se como gado mais adequado, destronando as raças europeias até então em voga, mas que, definitivamente, não podiam competir com o zebu nos cafezais, nas montanhas e no dia-a-dia das fazendas". (SANTOS, 2009).
Texto e pesquisa: Thiago Riccioppo, Historiador, Mestre em História pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU; Gerente Executivo do Museu do Zebu/ABCZ e colaborador do CRPBZ.
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU