Importações do Ministério da Agricultura (MAPA) Voltar

Você está em: Memórias do Zebu » Importações de Zebu para o Brasil » Terceira Fase (1898 - 1921) Publicado em 26/06/2015 às 11:21:13 - atualizado em 28/11/2016 às 18:32:40
Foto: Edifício do Ministério da Agricultura no Rio de Janeiro no início séc. XX.

Na Câmara Federal, deputados mineiros pleitearam ações para permitir a aprovação de leis que estabelecessem facilidades e auxílio aos importadores de gado. Especificamente, essa questão tomou força a partir do decreto nº 6.453 de 18 de abril de 1907, quando foi regulamentada a importação de animais de raça da Índia. Importante considerar que o contexto era favorável - a República Velha estava munida de todo um aparato articulador que permitia às oligarquias executarem estratégias políticas que, apesar das críticas, beneficiavam interesses do tipo.

Tais medidas provocaram resultados extraordinários em pouco tempo, a exemplo da efetiva importação de 620 cabeças do gado zebu indiano apenas no ano de 1910, segundo dados registrados no Anuário Estatístico do Comércio Exterior, publicados pelo Ministério da Fazenda no referido ano. A agroindústria mineira usufruia dos mesmos júbilos alcançados pelos cafeicultores paulistas. Num país cuja essência agrária era predominante, o resultado não poderia ser outro.

 

Quanto ao assunto, André Weiss em Os grandes reprodutores indianos no Brasil (1956), diz, "(...) grande parte desse contingente foi desembarcado em Santos, com destino a Uberaba; alguns exemplares haviam ficado no Rio de Janeiro, adquiridos por criadores da Zona da Mata, de Minas". Desse modo, o Ministério da Agricultura manteve uma política favorável à importação de zebuínos, haja visto que, em certos momentos, patrocinou algumas importações.

 

Em média, cada criador recebeu do Ministério da Agricultura entre 3 a 10 animais. Sendo que alguns desses foram: Ovídio Irineu de Miranda, Alberto Prata, João da Silva Prata, Manoel Prata Jr., Vigilato Cruvinel, Hermógenes Gomes da Silva, Delfino Gomes da Silva, Antônio Valim de Melo, Sebastião da Costa, Lauro Borges e Osório da Silva Oliveira, todos de Uberaba; Braz Martins Borges, Alcebíades Lemos de Ávila, Felinto Antônio Cortes, Inocêncio Martins Ferreira, João e José Cortes, de Araxá; Otaviano Borges e Adolfo Martins Borges de Sacramento. No estado do Paraná o fazendeiro Bertino Lobato de Miranda, recebeu 10 animais para o seu rebanho.

 

Nesse trabalho financiado pelo governo, um dos membros que acompanhou a expedição foi o Agente Executivo de Uberaba, Felipe Aché. Além da incumbência de auxiliar os agentes do Ministério, Felipe Aché trouxera um lote de animais especialmente para a firma Alexandre Campos & Cia de Uberaba. Vários documentos comprovam as transações, todas elas com uma riqueza de detalhes que permitem aos pesquisadores conhecer a fundo sobre a introdução da pecuária bovina no Triâmgulo Mineiro.

 

Weiss (1956) aponta que no relatório dessa importação consta que, além dos criadores mineiros contemplados, inúmeras levas de zebuínos foram transportados dos portos do Rio de Janeiro e Santos, para Formiga, Porto Novo, Macau, Salvador, Recife, Belém e Cachoeira, na Ilha do Marajó. No ano de 1911, entraram no país 93 reprodutores indianos, correspondentes às últimas compras feitas no ano anterior, tais animais aguardavam o embarque ainda mediante o programa de importação do governo. Já em 1912, apenas 12 animais foram importados.

 

Nos anos seguintes, o mercado estava saturado das novas aquisições, uma vez que o valor do animal importado havia despencado devido ao grande número de cabeças que haviam entrado recentemente no país. Tal fato foi respaldado pela assinatura de um convênio de criadores de Uberaba que tinha como objetivo cessar as importações. Acreditavam que o momento era prejudicial às outras raças que, há muito, haviam praticamente dominado a pecuária bovino brasileira.

 

Com o estabelecimento da paz, após as intensas turbulências da Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918), o Ministério da Agricultura pretendeu no ano de 1921 retomar, sobretudo, suas atividades de gestão e fiscalização na importação dos vários gêneros indispensáveis ao país. Para isso, o zootecnista Antonino da Silva Neves foi enviado à Índia. No entanto, a missão foi abortada em virtude do aparecimento da peste bovina, logo não demorou muito para que o governo decretasse a proibição por tempo indeterminado das atividades.

 

Autor: Thiago Riccioppo, Historiador, Mestre em História pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU; Gerente Executivo do Museu do Zebu/ABCZ e colaborador do CRPBZ.


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