BRICS E EUA: novas perspectivas econômicas para as raças zebuínas
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Publicado em 06/07/2015 às 16:07:24
- atualizado em 07/07/2015 às 13:58:08
Duas notícias este ano trouxeram novas perspectivas para os pecuaristas brasileiros, principalmente aqueles que se dedicam à criação do zebu. Uma delas foi o encontro da Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - (MAPA) Kátia Abreu com representantes do Governo indiano para tratarem acordos mútuos de cooperação comercial e técnica. A outra notícia é sobre a busca por material genético de raças zebuínas pela Índia e outros países, o que vem colocando o Brasil cada vez mais em evidência na sua capacidade técnica e científica, com destaque para as áreas de melhoramento e preservação genética da espécie Bos Indicus.
A aproximação com o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e agora a abertura do mercado dos EUA para a carne in natura brasileira e argentina são acontecimentos que irão trazer novas perspectivas para as exportações. De acordo com o comunicado do Ministério (MAPA), a decisão encerra uma restrição que vem sendo praticada há 15 anos, cabendo agora aos estados se habilitarem para a oportunidade de venda.
O presidente da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), Luiz Cláudio Paranhos, acompanhou de perto as negociações conduzidas pela ministra. A intensa articulação da associação para promover a abertura de protocolos sanitários - que são hoje fundamentais para a flexibilização da exportação de animais vivos e material genético - tem cada vez mais impactado as negociações do Governo brasileiro na área.
Num panorama global, a abertura fará com que outros países que utilizam o sistema estadunidense como referência para negociações internacionais possam se interessar pelo produto brasileiro, algo que deverá refletir de modo positivo nas relações comerciais de países como o Japão, que ainda impõe restrições à carne brasileira.
Projeções de novos mercados para carne brasileira. Imagem: (ABCZ/Divulgação). Crédito: Maurício Farias
Segundo a ABIEC (Associação Brasileira de Exportação de Carnes), a cota inicial de carne in natura será de 64 mil toneladas - o que inclui também países da América Central, permitindo que os embarques tenham início em setembro. A expectativa da associação é ultrapassar essa cota e chegar a 100 mil toneladas nos próximos anos. Além disso, o processo abre precedentes para que o Brasil possa negociar com países do NAFTA e da América Central.
A partir desse panorama, a ABCZ tem realizado um trabalho intenso de extensão na área técnica de melhoramento genético das raças zebuínas em vários estados brasileiros, levando até eles a metodologia do 100% PMGZ (Programa de Melhoramento Genético das Raças Zebuínas). Para quem é criador ou quer iniciar-se no ramo, essa é uma excelente ferramenta para a ocasião. Com o maior banco de dados zootecnicos de raças zebuínas do planeta, a associação possui a consistência necessária para garantir bons resultados econômicos na prática.
Segundo pesquisa realizada no Brasil pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, as vantagens das margens econômicas líquidas e dos aspectos ambientais e sociais das propriedades que utilizam genética zebuína são significativas em relação às fazendas que não usam animais melhoradores. Sem dívida alguma, esse investimento se traduz em maior sustentabilidade para os negócios.
Com o aumento nas demandas de consumo de carne e leite no mundo inteiro, além do desafio de produzir com baixo impacto ambiental e mitigações de CO2 na atmosfera, é de suma importância promover a busca por técnicas de manejo e criação de animais com raças bem adaptadas ao clima tropical e subtropical.
As oportunidades apontadas e os desafios produtivos analisados mostram que os pecuaristas irão enfrentar cenários cada vez mais competitivos e complexos. De acordo com estudos realizados pela própria ABCZ e sua rede de cooperação científica, as raças zebuínas são uma ótima solução econômica para modelos de produção, tanto extensivos como intensivos, servindo de base para criação de animais puros ou de cruzamentos.
Texto: Equipe CRPBZ
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU