Moacir Melo de Azevedo, um importador de Zebu em Ahmedabad (1920), na Índia Voltar

Você está em: Memórias do Zebu » Importações de Zebu para o Brasil » Terceira Fase (1898 - 1921) Publicado em 28/08/2015 às 11:06:17 - atualizado em 28/11/2016 às 18:24:08
Brasão da Família Melo no Brasil.

No ano de 1920, Cacildo Arantes, propõe ao criador mineiro de Santa Rita de Cássia, Antenor Machado de Azevedo a organização de uma expedição à Índia para obter zebuínos de qualidade e importá-los para o Brasil, cabendo a Machado de Azevedo o financiamento do empreendimento. Ambos partiram em setembro deste mesmo ano, acompanhados do técnico Josias de Almeida, em sua segunda viagem ao país asiático e de Moacir Melo de Azevedo, filho do criador do município de Cássia.

Após desembarcarem em Bombaim, efetuaram as primeiras aquisições de zebus e de dois búfalos em seus arredores. Posteriormente, seguiram para Ahmedabad, onde, com auxílio de vaqueiros mulçumanos da localidade conhecidos com Rabaris, completaram o lote de 340 animais, dos quais dois terços pertenciam à raça Gir e os demais as raças Nelore, Guzerá e em menor número, animais da raça Hissar.


Fotografia de Ahmedabad, em 1920, com estaque para animais zebuínos conduzindo veículo tradicional para a época. Fonte: Oldianphotos, 2015.

Segundo dados dos viajantes, os preços médios dos animais variavam entre 1.000 a 2.000 rúpias indianas. No Brasil, somando-se ao transporte, o valor de cada animal, sem se consideram o lucro, custou em torno de 4 a 5 contos. O primeiro lote dos animais chegou ainda no ano de 1920 em Santos e, logo após o desembarque, rumou para Uberaba.

 

Em 1921, segundo lote desembarcou no Rio de Janeiro, mas devido a exigências de medidas sanitárias, permaneceu na Ilha do Governador em quarentena por três meses. Devido a esse fato, foi necessário somar ao valor final da viagem mais 100 contos. Após a entrada de 171 animais nesse segundo lote, cessou-se a entrada da primeira fase de importações de gado Zebu da Índia do início de século XX.

 

Com preço elevado, nem todos os animais foram devidamente comercializados. Assim, quarenta animais foram encaminhados à fazenda do financiador da viagem Antenor Machado Azevedo. Segundo SANTIAGO (1956), atribui-se a esses importadores, a entrada no Brasil de reprodutores importantes como Mulata e Retinta, avós do famoso touro Maxixe Velho, um dos pilares da raça Gir no Estado de São Paulo.

 

Na Fazenda Cidreira entrou também dois casais de bufálos importados, motivo pelo qual se deu origem um grande rebanho de bubalinos. Quanto ao rebanho de zebuínos, o trabalho de Antenor Machado teve considerável influência na formação do gado Gir do Estado de São Paulo, o que poderia ser percebido já nos princípios da década de 1940. Alguns dos raçadores famosos do criador foram: Passageiro, Campeão, Marujo, Basquet, Japão, Bolívia, Ceilão, Sultão e Coroado.

 

Autor: Thiago Riccioppo, Historiador, Mestre em História pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU; Gerente Executivo do Museu do Zebu/ABCZ e colaborador do CRPBZ.


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