Francisco Ravísio Lemos, um importador em busca do "Zebu puro" de origem indiana em 1930 Voltar

Você está em: Memórias do Zebu » Importações de Zebu para o Brasil » Quarta Fase (1930 - 1960) Publicado em 06/10/2015 às 14:07:34 - atualizado em 28/11/2016 às 19:00:21
Francisco Ravísio Lemos, em fotografia do início do Séc. XX. Acervo: MZ.

Rompendo o interregno de quase uma década imposto pela proibição de importações realizada pelo governo brasileiro, Francisco Ravísio Lemos e Manoel de Oliveira Prata conseguiram, em 1930, através de licença federal expedida pelo Ministério da Agricultura, organizar mais uma expedição à Índia. Membro de tradicional família de criadores e detentor de certos recursos, Francisco organizou detidamente a logística para realização de tal feito. Conf. (SANTIAGO, 1972 p. 123). Participaram da expedição, além de Manoel de Oliveira Prata, o patrocinador da viagem Francisco Ravísio Lemos, sua esposa Mariana de Paula Lemos, seu primo Olavo Lemos e seu filho Horácio Lemos Neto.

Entre regiões percorridas no se que como compreendem a Índia e o atual Paquistão, adquiriram cerca de 200 exemplares das raças Gir, Guzerá, Nelore. Segundo Barisson Villares apud (SANTIAGO, 1972 p. 123), teria vindo também um representante da raça Sindi. O gado foi desembarcado no Rio de Janeiro, onde permaneceu no quaternário da Dependência da Produção Animal na Ilha do Governador, posteriormente, liberado após comprovada a sanidade do rebanho. Assim, os reprodutores foram vendidos e distribuídos em diversas regiões que estavam se tornando pioneiras em criatórios zebuínos no país, tais com a Uberaba, Cássia, Curvelo, Formiga, Ubá, Franca, Piraí e Cantagalo.

 

Entre 1930 e 1940, mais precisamente no final desta década, houve no Brasil a busca por animais puros indianos. O pesquisador Alberto Alves Santiago (1972 p. 123) supõe que esta "mudança de orientação" relacionou-se as levas trazidas por Manoel de Oliveira Prata e Francisco Ravísio Lemos em 1930, uma vez que os rebanhos encontravam ligeiramente mestiçados. Muitos dos touros escolhidos na Índia nessa ocasião contribuíram, sobremaneira, na formatação de alguns plantéis.


Manoel de Oliveira Prata e Horácio Lemos na Índia em 1930. Acervo: MZ, 1930.

Dentre esses, destacaram os célebres: Marajah, Rajah e Sheik, da raça Nelore e genearcas do plantel de Pedro Marques Nunes, animais que favoreceram decisivamente para uniformização e qualificação do rebanho de Piraí. Além do touro Gaiolão, segundo seus proprietários, nascido a bordo no navio e que deixou filhos importantes em Casa Branca e Franca. Também com o esplêndido guzerá raçador Togo, animal de refinadas caracterizações que se tornou carro-chefe do rebanho de um dos mais importantes criadores desta raça na época, o fazendeiro de Cantagalo, João de Abreu Júnior.

 

Santiago (1956, p. 126) acredita ser também da mesma leva o touro Ghandi que serviu o rebanho de Otávio Ariani Machado, de Santo Amaro, na Bahia; gerou Bey que foi vendido a Rodolfo Machado Borges e se revelou grande raçador. Além de White, reprodutor do plantel de Evaristo Paula, de Curvelo. Nesta expedição organizada por Francisco Ravísio Lemos e Manoel de Oliveira Prata, encerrou-se uma importante fase de importações do zebu. Sérias medidas sanitárias impostas pelo governo proibiram as importações por um longo período até a década de 1960.

 

Autor: Thiago Riccioppo - Historiador, Mestre em História pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU; Gerente Executivo do Museu do Zebu/ABCZ e colaborador do CRPBZ.


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