Três vezes por semana Seo José vai até o frigorífico em busca de matéria prima. O chifre, o pé e até a cabeça do boi descartados pela indústria vão virar arte pelas mãos da família Lopes. Pai, mãe, filhos, nora e genro trabalham juntos. Uma ofício que começou há cerca de 30 anos.

"Eu já tinha trabalhado como pedreiro, cortador de cana e outras funções na roça. Até um amigo meu, o Seu Pedro, trabalhava com esse tipo de artesanato e se ofereceu para me ensinar. E, desde então, nunca parei. E óh sempre com produtos de boi", conta Seo José Carlos Lopes, o chefe da família.

No começo, a produção era restrita a cuias feitas com pé de boi. Com o tempo, a lista de produtos foi reforçada. Hoje, já são mais de 10 itens diferentes. Entre eles, berrante, chifre-caneca, cinzeiro, porta-latas e garrafas. As peças são fabricadas em Cruzeiro do Oeste, Paraná, e enviadas para clientes de várias regiões do país.

Trabalho. O cuidado para que os objetos saiam como o planejado começa ainda no frigorífico, na seleção do material. "As peças ideais são aquelas sem defeitos. Na maioria das vezes, o casco do gado de confinamento está mais conservado e por isso é melhor para se trabalhar", comenta Lopes. Depois, já em casa, começa a etapa mais difícil: a desossa. "Tem ter muito cuidado e dá muito trabalho", destaca o artesão, completando que ainda é preciso retirar a gordura, secar, costurar e fazer o acabamento.

Algumas peças demoram até dois meses para ficarem prontas. É o caso da cabeça empalhada. Tanto trabalho que vale a pena. Elaine Lopes, filha de Seo José, tem 27 anos e conta que desde criança já observava o trabalho do pai e ajudava. "Muita gente quando vê a peça agradece. E para nós é uma satisfação receber isso. E, principalmente, porque a nossa família inteira sobrevive disso né? E nos enche de orgulho", ressalta.