60 Anos de "Grande Sertão: Veredas" & O Zebu na literatura de Guimarães Rosa Voltar

Você está em: Memórias do Zebu » Museu do Zebu » Histórias & Estórias Publicado em 30/06/2016 às 09:52:29
João Guimarães Rosa, nos traços de Baptistão (2011). Fonte: Estadão, 2016.

A genialidade de um dos maiores escritores brasileiros e amante dos sertões das Gerais resultou na obra que comemora atualmente seus 60 anos de sucesso e singularidade épica. Como referência literária e histórica, a cultura do mascate, o zebu, o sertanismo e o imaginário caipira estão presentes no lúdico erudito e criativo das letras de João Guimarães Rosa. O CRPBZ faz aqui uma homenagem breve ao mineiro humílimo e imortal da Academia Brasileira de Letras.

O real mora é no detalhe simples e oculto da vida. João Guimarães Rosa (1908-1967) viveu a aridez do sertão para encontrar a voz de Riobaldo, talvez um alter ego de si, como é costume dizer sobre quem tem a literatura no sangue. A dor do ex-jagunço por Diadorim no Grande Sertão: Veredas chega há seis décadas, ainda viva, forte e intransferível. Obra-prima traduzida em muitas línguas, concebe uma narrativa em que a experiência de vida e de texto fundem-se num épico sertanista fascinante, onde o mais importante são as reflexões existenciais, a busca pela compreensão dos sentidos da vida e da relação entre os homens e as forças metafísicas (Deus e o demo) que os transubstanciam.

 

"Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães... O sertão está em toda a parte", está escrito logo no início do livro. A experiência documentária do autor, a observação da vida sertaneja, a paixão pela "coisa" e o "nome da coisa", a capacidade de entrar na psicologia do rústico - tudo se transformou em significado universal graças à invenção do método livre e fluídico que subtrai o livro da matriz regional para fazê-lo exprimir os grandes lugares-comuns, sem os quais a arte não sobrevive: dor, júbilo, ódio, amor e morte. Um universo em cuja órbita somos arrastados a cada instante, mostrando que o pitoresco é acessório. E na verdade, o "Sertão" é o Mundo.


Capa original do livro em uma de suas primeiras edições. Fonte: Editora José Olympio, 1956.

A primeira impressão que se tem ao segurar o livro, um volume grosso ou bloco maciço, sem qualquer divisão ou capítulos, é a de quem se pergunta ser um dia digno ler e "desatar as sandálias" de quem o escreveu - cristo que é, das letras que inventa com maestria sobrenatural. Tem o dom de tecer a alma das palavras, dando-lhes vestimenta raramente vista em dicionário. Nomenclaturas, antes quase não entendidas no som saído da boca das gentes da lida e do mato - o matuto sofrido, o peão e curraleiro, o jagunço e o caminheiro, o caipira e o vaqueiro -, transformadas por ele em vivas conjecturas poéticas. A erudição da linguística inspirada no "caipirês" faz com que Guimarães seja original tanto quanto o é o mistério das parábolas bíblicas, ao exigir de "quem tem ouvidos de ouvir e olhos de ver" que encontre a resposta que deve estar sempre à altura do próprio entendimento.

 

Não é exagero. Pensa também assim quem tem colhões para tanto: o fenômeno conhecedor das letras, Antonio Candido, crítico literário mais respeitado das glebas atuais e longínquas. "Veredas é desses livros inesgotáveis, que podem ser lidos como se fossem uma porção de coisas: romance de aventuras, análise da paixão amorosa, retrato original do sertão brasileiro, invenção de um espaço quase mítico, chamada à realidade, fuga da realidade, reflexão sobre o destino do homem, expressão de angústia metafísica, movimento imponderável de carretilha entre real e fantástico e assim por diante.", afirma.


Detalhe de ilustração para Literatura de Cordel Infanto-juvenil (Grande Sertão: Veredas). fabuladosertão.com.br, 1997.

Certa vez, Candido escreveu-lhe um bilhete de próprio punho, durante o congresso "Terzo Mondo e Communità Mondiale", realizado em janeiro de 1965 na cidade de Gênova pela organização Columbianum, dedicada a fomentar as relações culturais entre a Europa e o que se chamava então Terceiro Mundo. Sobre o que, o próprio explica:

 

"Em Gênova pude ver como Guimarães Rosa já era objeto de admiração internacional. Isto explica o bilhete que lhe deixei na Portaria do nosso hotel. Eu me havia esquecido completamente dele, até que a Professora Lenira Marques Covizzi me entregasse uma cópia do original, existente no Arquivo Guimarães Rosa do Instituto de Estudos Brasileiros, pouco minutos antes de começar a sessão de abertura do seminário realizado em maio de 2006 na Universidade de São Paulo para comemorar o centenário do grande escritor."

 

CANDIDO, A. O sertão e o mundo. DIÁLOGO. Revista de Cultura n.8 (número Especial sobre Guimarães Rosa). São Paulo: Sociedade Cultural Nova Crítica, p.5-18. nov. 1957.

 

A seguir, a transcrição da carta:

 

Meu caro Embaixador,

 

Ontem conversando com o crítico uruguaio Monegal, ouvi dele que considera você o maior escritor em prosa da Am. Latina. Achei pouco. Mais tarde, conversando com o Ungaretti, disse-me ele que o Caillois considera você o maior escritor em prosa do mundo, neste momento. Como vê, a verdade progride. Mas eu lhe peço lembrar que o primeiro a dizê-lo foi este seu criado…

 

Antonio Candido

 


Fac-símile da carta acima descrita. Fonte: IEB-USP – Fundo João Guimarães Rosa.

A obra é marcada pelo regionalismo e o flerte que faz com as palavras novas e desconhecidas, talvez. Os chamados neologismos podem, na verdade, afastar o leitor à primeira vista. Mas o certo é que o que Guimarães Rosa "quer da gente é coragem" (parafraseando a meditação memorável do personagem) para entrar no trem e segurar forte na barra de apoio. Deixar que o movimento natural e a velocidade tenham curso. A paisagem é o complemento, o cenário ideal. Confie plenamente no trajeto - ele jamais fugirá de outro caminho além daquele traçado pelos trilhos. Entre no universo inesgotável de sentimentos do escritor, cuja maestria se encontra vez ou outra no olho clínico de quem sabe captar a melodia simplória do campo: o mugido do boi, o chilrear dos pássaros, o grunhido do vaqueiro depois da longa baforada no cigarro de "paia".

 

O bom dele, o seu "Rosa", como era conhecido em Cordisburgo (MG), a cidade natal, é que nem precisa usar aspas. Isso é pra quem tem jeito com as palavras e passa a ser dono delas que nem Deus quando era verbo. Cria, recria e descria, quando e onde quiser. Leia sem se preocupar tanto com o "freio" - o motorista é quem vê primeiro, o resto é sentimento. As frases irão, como o tempo costuma fazer com a verdade, demonstrar o sentido das palavras, com suas "almas" e significados diversos, irrestritos e abstratos. Uma das muitas dificuldades em alcançar saída no labirinto que é a narrativa do Grande sertão: Veredas é que além do fluxo contínuo - que não possibilita divisões ou subdivisões em partes ou capítulos - o desenvolvimento não é absolutamente linear.

 

Riobaldo e Diadorim


Em Grande Sertão: Veredas, uma adaptação televisiva produzida em 1985 pela Rede Globo, Bruna Lombardi interpreta Diadorim e Tony Ramos, Riobaldo. Foto: Cedoc/TV Globo, 2016.

O romance flui como o riacho, limitado por ambos os lados de terra e mato do cerrado (que é pra não perder o curso), numa longa narrativa oral entre os personagens, que são muitos. Riobaldo, um velho fazendeiro, declara sua experiência de vida a um interlocutor que jamais tem a palavra e cuja fala é apenas sugerida. Conta histórias de vingança, seus amores, perseguições, lutas pelo sertão de Minas Gerais, Goiás, e sul da Bahia. Tudo isso entremeado de reflexões um tanto quanto poéticas e filosóficas. Mas a verdade mesmo é que, ao redor de um mito universal, o autor conseguiu edificar uma obra de valor também universal e com elementos indígenas, até. É parida do meio. Autóctone que nem nativo da terra.

 

Esse personagem, o "Fausto sertanejo", nas palavras de Paulo Rónai em prefácio para a edição publicada pela Nova Fronteira em 2001, equilibra-se entre o tom inculto mas dotado de imaginação e poesia, ao passar revista aos acontecimentos de sua vida aventurosa. Enfrenta seguidas vezes todas as contingências do ser - o amor, a alegria, a ambição, a insatisfação, a solidão, a dor, o medo, a morte - e relata-as com a surpresa e a reação fresca de quem as experimentasse pela primeira vez no mundo, reinventando as explicações dos filósofos numa formulação pitoresca e ingênua. Sua linguagem (in)culta é a de um semi-analfabeto que faz descerrar abismos de psicologia e metafísica. Pura destreza de olho de escritor nato, como só Guimarães é capaz de ser.

 

Diadorim é a personagem-chave do romance. Passa-se por homem durante quase toda a narrativa. Apenas ao final do romance o narrador abre a caixa de pandora e desvenda o mistério: depois de sua morte, quando o corpo é despido e lavado, descobre-se que se tratava de uma mulher. Ambos haviam se conhecido quando eram ainda jovens, em uma travessia do rio São Francisco. Na ocasião, ela já vivia disfarçada de menino e dizia chamar-se Reinaldo. Moça é de vida sofrida. Desde o nascimento, carrega sina pesada no lombo. Fugidia, cria para si mesma a persona de destino fácil e aventureiro, idealizado no ícone másculo do Adão sem culpa, que a tudo pode e pensa.


Graphic Novel da obra, com roteiro de Eloar Guazzelli e arte de Rodrigo Rosa, lançada em 2014 pela Editora Globo/Biblioteca Azul. Fonte: Estadão, 2016.

Graphic Novel da obra, com roteiro de Eloar Guazzelli e arte de Rodrigo Rosa, lançada em 2014 pela Editora Globo/Biblioteca Azul. Fonte: Estadão, 2016.

O pseudônimo era secreto entre a jagunçagem, vez ou outra mencionado apenas nos momentos em que ele (ou ela) e Riobaldo estavam a sós. Quando se reencontram, tempos depois, ele foge para o bando de Joça Ramiro, motivado pela presença da personagem enigmática. É assim que Riobaldo apaixona-se profundamente pela "donzela", o que provoca nele sentimentos contraditórios de repressão e revolta. A paixão homossexual era uma relação impossível no meio. O conflito existencial veio como fogo no braseiro - coisa assim é do "demo". Pode de maneira alguma. Mas se não pode, por que existe? "Em Diadorim penso também. Mas Diadorim é minha neblina..." (Rosa, 2001, p.40)

 

"O diabo existe e não existe? Dou o dito. Abrenúncio. Essas melancolias. O senhor vê: existe cachoeira; e pois? Mas cachoeira é barranco de chão, e água se caindo por ele, retombando; o senhor consome essa água, ou desfaz o barranco, sobra cachoeira alguma? Viver é negócio muito perigoso..." (Rosa, 1994, p.11)

 

O zebu

 

E o zebu? Tá ali, feito prosa perdido em paisagem bucólica das letras, fábulas e imaginações diversas. Desempenha papel de ator coadjuvante, onde é citado de modo a compor o cenário vivo do sertão de "pele, osso e alma", como a tudo o que pertence ao universo do autor-criador. Nem por isso deixa de ser importante, ou como nada o é, em se tratando do que sai da cabeça de Guimarães. Mistura-se à geografia da sensibilidade única do mestre, como também a botânica, as rochas, o sertão e a pouca água que abastece os vivos se encontram. Cheios de encanto, poesia e misticismo.

 

O fascínio pelo mundo, que leva o autor a ingressar na carreira diplomática, fará enriquecer com o estudo aquilo que fora brincadeira em geografia. Em suas funções no Itamaraty, foi diretor de Divisão de Fronteiras e representante do Ministério das Relações Exteriores junto ao Conselho Nacional de Geografia, do IBGE. Era mais que poliglota - dominava vários idiomas e mundos. Assim, do lúdico ao erudito, a paixão pela botânica e a zoologia aflorará de modo independente na sua obra. O escritor é como o Olho de Deus que a tudo vê. O herói do livro, também ele, demonstra nítidos pendores geográficos. A narração de Riobaldo ao seu interlocutor invisível, no início logo após o esclarecimento sobre os tiros ouvidos e o caso do bezerro, esclarece sobre o sertão:

 

"O senhor tolere. Isto é o sertão." (Rosa, 1965, p. 9)

 

Ou ainda:

 

Tive mestre, Mestre Lucas, no Curralinho, decorei gramática, as operações, regra de três, até Geografia e Estudo Pátrio. Em folhas grandes de papel, com capricho, tracei bonitos mapas. (Rosa, 1965, p.15-6)

 

Ora o zebu "curraleiro" no meio dos vaqueiros,


Trechos de O Grande Sertão: Veredas. CRPBZ, 2016.

Ora o zebu "guzerate" no bucho do "dono de muitas posses",


Trechos de O Grande Sertão: Veredas. CRPBZ, 2016.

O animal é citado também em Sagarana (escrito em 1937 e publicado somente 1946), outra grande e primeira obra de Guimarães a ser publicada. É antecessora dessa que aqui refletimos, embora receba seu protagonismo uma abordagem diferente. É um livro de contos entre os quais o núcleo dramático é permeado por vários relatos, uma vez que, ao longo da viagem, os vaqueiros contam histórias uns aos outros, dentre as quais costuma aparecer a relação dos homens com os animais, especialmente com os bois. E dessa vez, tem sentimento. Falta falar.

 

O primeiro conto é narrado por Raymundão, que descreve a estória após recordar o momento em que enfrentou um boi pela primeira vez, na sua primeira "topada" - rito de passagem que firma a maioridade daqueles que lidam com o gado. Trata-se do caso do menino Vadico, morto ao sofrer um ataque imprevisto do boi Calundu. O menino, que amava tal bicho e sonhava em ser vaqueiro, foi esmagado pelo touro no momento em que o alimentava e acariciava. A bondade de Vadico é tanta, que ele, após o ataque, pede ao pai que não se vingue de Calundu, cuja atitude feroz é, segundo algumas personagens, explicável. Calundu, um boi zebu, é mau porque é triste. Basta notar a tristeza como ele berra. É o que diz a análise de Carlos Augusto de Figueirdo Monteiro, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.


O zebu está na capa da 1ª Ed. (1946), de Sagarana, de João Guimarães Rosa. Fonte: Arquivo Sebo do Livro de Ouro, 2016.

Foi preciso viver a experiência de perto

 

Sabe-se que Guimarães Rosa acompanhou boiadeiros pelos sertões das Gerais em 1952. A viagem é histórica porque serviu de subsídio para parte das obras: o conjunto de sete novelas Corpo de Baile e o romance e obra-prima Grande Sertão: Veredas - que seria inicialmente uma das histórias de Corpo de Baile. Ambos os livros foram lançados em 1956, há 60 anos. O último, de tão bom que ficou, ganhou vida própria e tornou-se hoje o mais conhecido de todos, ao lado de Sagarana. É aquele "troço" que o escritor tem: tem que "viver", para escrever bem. Olho apurado é o que não lhe falta.

 

"Joãozito" (como era chamado carinhosamente por todos) era meio caladão, mas engraçado. Contava casos e gostava também de ouvir a gente contar para ele. Sempre com uma cadernetinha pendurada no pescoço. E nela, escrevia as coisas de qualquer jeito", relembra Francisco Guimarães Moreira Filho, 81, mais conhecido como "Criolo", último remanescente vivo da expedição, assim descrito em especial de comemoração dos 60 anos da obra do Jornal Folha de São Paulo. Sim, o sertanismo é real. A fé vem da experiência. Isso existe, só não nota quem não sente de perto. Mineiro que é mineiro mesmo, já sujou sola de bota no cerrado.


Entre vaqueiros, “Joãosito” aguarda a comida ficar pronta: feijão, arroz, farinha e carne seca, incrementada por um pouco de pimenta. Foto: Eugênio Silva, para O Cruzeiro (1952).

O artigo explica que a comitiva foi organizada pelo pai de Criolo, Chico Moreira, e saiu da fazenda Sirga, onde hoje é o município de Três Marias, para levar 180 cabeças de gado até a fazenda São Francisco, em Araçaí, a 240 km de distância. O autor era primo de Chico e foi junto para conhecer o dia a dia do sertanejo. Aprendeu a andar de cavalo, a tocar boiada e, quando voltou para casa, no Rio de Janeiro, levou um papagaio. "Chico, saudades daí tenho sempre", diz a carta de Guimarães Rosa emoldurada na parede onde fica o acervo de Criolo. Assinada em 6 de outubro de 1952, ela foi enviada para seu pai. "O papagaio está gordo e alegre, magnífico. Aprendeu muita conversa carioca, mas não se esqueceu do repertório sertanejo: (...) sabe chamar as vacas, com notável entusiasmo", escreveu.

 

Na época, a famosa revista O Cruzeiro resolveu acompanhar o passeio na manhã do último dia da viagem. O fotógrafo Eugênio Silva e o repórter Álvares da Silva deixaram registros fotográficos cujas cópias fazem parte do acervo do Museu Casa de Guimarães Rosa, em sua cidade natal. A conversa, que durou algumas horas, resultou na matéria "Um escritor entre seus personagens", publicada em 21 de junho daquele ano. As fotos recheiam as seis páginas do artigo e correram mundo, quando são reproduzidas até hoje, 63 anos após a jornada. Os originais estão no acervo da revista, que pertence ao Estado de Minas.

 

 

Da comitiva de nove vaqueiros que acompanhou o escritor, Manuelzão se tornou o mais conhecido e morreu como uma figura mítica do sertão de Minas Gerais. E a despeito da presença do escritor que fazia sempre questão de estar em meio aos boiadeiros - a maior parte do tempo calado, como bom ouvinte que era -, quem brilhou mesmo foi o "guieiro" Zito, que também fazia as vezes de cozinheiro e poeta. Ao final da expedição, escrevera-lhe em homenagem os versos:

 


Versos do "Guieiro" Zito a Dr. Joãosito (Guimarães Rosa). CRPBZ, 2016.

A despedida do Imortal em discurso de posse na Academia Brasileira de Letras

 

Em 1967 tornava-se "imortal". Durante discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, Guimarães parecia sentir que o momento de partir era-lhe próximo. Com a voz embargada e em tom solene, cita o além duas vezes em discurso: "O mundo é mágico. As pessoas não morrem, ficam encantadas.", e "... a gente morre é pra provar que viveu". Raramente houve na literatura brasileira um autor tão prolífico em diferentes enredos, com suma capacidade de inventar tramas e personagens.


Guimarães em discurso na cerimônia de posse na Academia Brasileira de Letras, 1967. Acervo: Família Tess, 2016.

Passados apenas três dias, aos 19 daquele novembro fatídico do mesmo memorável ano, "encantou-se" subitamente em seu apartamento, em Copacabana no Rio de Janeiro, onde viveu a maior parte de sua vida. Assim, de jeito breve e poético como o verbo silencioso do infinito, enquanto a amada esposa, a quem é dedicada a obra, fora à missa ter com Deus a conversa habitual do dia. "Seu Joãosito" escapara de volta para o desconhecido - ficou alado (mais?) no Céu, morada onde o diabo não tem vez. Nem letra, nem voz. Não "tenta" mesmo é de "maneira nunca".

 

Por quê? Ora essa! Quem explica é Riobaldo:

 


Trechos da fala de Riobaldo, sobre o "demo" em Veredas. CRPBZ, 2016.

Bibliografia:

 

CANDIDO, A. O sertão e o mundo. DIÁLOGO. Revista de Cultura n.8 (número Especial sobre Guimarães Rosa). São Paulo: Sociedade Cultural Nova Crítica, p.5-18. nov. 1957.

ARAÚJO, H. V. O roteiro de Deus: dois estudos sobre Guimarães Rosa. São Paulo: Mandarim, 1996

DANTAS, P. Sagarana emotiva. São Paulo: Duas Cidades, 1975.

ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. 3.ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1965.

 

Fonte: Folha de S. Paulo, Estadão, TV Cultura, Canal Curta, Globo.com, Revista Veja, O Cruzeiro, TV Brasil, TV Câmara.

 

Autor(a): Mimi Barros é professora, educadora, historiadora do Museu do Zebu/ABCZ e colaboradora do CRPBZ.

 

Vídeo (Créditos)

Especial "A João Guimarães Rosa" (1968, direção Marcelo G. Tassara)

 

Sinopse
Imagem do sertão mineiro (tipos humanos, aspectos geográficos, afazeres domésticos) e trechos narrados do romance "Grande Sertão: Veredas".

 

Ficha de Informações do Filme
Título: A João Guimarães Rosa
Duração: 9 min e 30 seg.
Ano: 1968
Cidade: São Paulo-SP
Gênero: Curta-metragem
Cor: PB

 

Ficha Técnica
Direção: Marcelo G. Tassara
Roteiro: Maureen Bsilliat e Marcello G. Tassara - Extraído do romance "Grande Sertão: Veredas" de João Guimarães Rosa


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