Comércio internacional: Bons negócios à vista Voltar

Você está em: A Força do Agronegócio » Destaques Publicado em 24/06/2016 às 19:20:11 - atualizado em 24/06/2016 às 19:25:49
Foto: Divulgação/ Acervo ABCZ

A balança comercial do agronegócio brasileiro fechou 2015 com maior participação nas vendas externas do país, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Dos dez principais produtos da pauta exportadora no ano passa do, oito foram do setor e responderam por 31,2% do total dos embarques, totalizando US$ 59,7 bilhões, enquanto em 2014 este percentual foi de 29,2%.

Já em abril, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), as exportações do setor cresceram 14,3% em relação ao mesmo mês de 2015, alcançando US$ 8,08 bilhões, 52,5% de todo o valor exportado pelo Brasil. É importante salientar que o crescimento das exportações ocorreu apesar da queda quase generalizada dos preços internacionais dos produtos agropecuários. Somente três produtos, dentre os principais da pauta de exportação brasileira, tiveram aumento ABCZ no preço médio de exportação. Ou seja, a elevação das exportações do agronegócio ocorreu em função do incremento da quantidade exportada de inúmeros produtos do agronegócio.

 

Para o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplica da (Cepea/Esalq/USP), Thiago Carvalho, o mercado internacional é uma ótima opção aos produtores e empresas do agronegócio. "A maior parte de nossa produção é direcionada para abastecer o mercado doméstico, que é muito forte. Porém, o mercado internacional é uma excelente opção de negócios e de ganhos para o setor, mas é preciso ficar atento à variação de preços", conta. Carvalho explica que o produtor precisa acompanhar a variação de preços do mercado. "Muitas vezes, o produtor faz uma venda futura, e na época da colheita, o preço pago internamente está acima do vigente no mercado internacional. Nesse caso, pode valer a pena pagar a quebra de contrato e voltar a produção para o mercado interno".

O pesquisador explica, ainda, que o preço das commodities também impacta nos praticados no país. Como exemplo. Carvalho cita o açúcar: "Quando o preço do açúcar está alto no mercado internacional e os produtores direcionam grande parte de sua produção para fora do país, haverá carência no mercado doméstico, pressionando os preços do produto e de seus derivados, como o etanol". Para Carvalho, os produtos brasileiros têm ótima aceitação no mercado internacional e as exportações do setor têm grande margem para crescimento. "É um mercado que ainda tem muito a ser explorado. Acredito que, para avançarmos, precisamos melhorar nosso marketing internacional, nossa política de comércio exterior, assim como rever e reavaliar nossos tratados comerciais", ressalta.

 

Apoio à exportação


Foto: Divulgação/ Acervo ABCZ

O interesse cada vez maior do setor pelo mercado externo pode ser exemplificado com o aumento de interessados que buscam auxílio para exportar seus produtos. O Brazilian Cattle, por exemplo, projeto setorial executado por meio de parceria entre a Apex - Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e a ABCZ, do qual participam criadores, associações e empresas de diversos segmentos da pecuária zebuína, registrou aumento de 100% nos últimos três anos no número de associados, passando de 36 para 72. "Somente em maio, registramos um aumento de 26% no número de associados ao projeto, o que mostra o interesse das empresas e criadores no mercado externo", analisa o gerente Técnico do Departamento de Relações Internacionais da ABCZ, Mário Karpinskas Júnior. Para ele, tanto no setor de material genético quanto no de animais vivos, a abertura de novos mercados tem gera do crescimento e novas perspectivas. "A ABCZ, através do Departamento de Relações Internacionais (DRI), tem papel fundamental nesta ampliação de mercado, entendendo a demanda dos exportadores e articulando junto ao MAPA como facilitador no processo", explica.

 

Gerente de Exportações da Apex - Brasil, Christiano Braga conta que a agência fomentou, via Brazilian Cattle, ações internacionais do setor em mais de 20 países, inclusive no Brasil, fortalecendo a imagem da pecuária brasileira e promovendo os produtos que integram a cadeia de todo o segmento. "Temos estudos de prospecção de mercado e inúmeras atividades que ajudam o empresário pecuarista a ampliar seus negócios internacionais. Também temos procurado facilitar a inscrição dessas novas empresas no projeto, com a simplificação do processo de adesões. Para nós, quanto maior o número de empresas associadas mais garantias teremos de alcançar nosso objetivo de ampliar a base exportadora do Brasil e fortalecer a economia nacional.", diz Braga.

 

Braga explica que o projeto oferece aos associados acesso a informações comerciais exclusivas, a eventos internacionais de grande interesse, com apoio e suporte de técnicos competentes e especializados, e a clientes internacionais que buscam informações sobre empresas brasileiras. "Temos trabalhado de forma cada vez mais orientada por inteligência comercial, desenvolvendo estudos, acompanhando os movimentos dos mercados globais e aprofundando o conhecimento sobre os mercados. Nossas plataformas de promoção comercial são desenvolvidas em parceria com o setor produtivo e visam, sobretudo, gerar negócios e fortalecer o posicionamento do Brasil e dos produtos e serviços brasileiros lá fora", ressalta.

 

Produto imbatível

 

O gerente da Apex - Brasil reforça, ainda, que o Brasil possui a melhor tecnologia de produção de carne em clima tropical do mundo, o que atrai compradores para todo o segmento. "O mercado externo é muito dinâmico. Em um ano um segmento pode crescer muito, como o de animais vivos de raça pura para reprodução, que em 2014 cresceu mais de 500% e depois se estabilizou. Atualmente, os segmentos de medicamentos e de vacinas também têm crescido, mas eu destaco setores como os de pastagem, rações, equipamentos para cercas, currais e de manejo de gado. Essas áreas são muito procuradas justamente por esse reconhecimento da tecnologia brasileira de pecuária tropical".


Foto: Divulgação/ Acervo ABCZ

Para o diretor de Relações Internacionais da ABCZ e presidente da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da CNA, Antônio Pitangui de Salvo, países com clima tropical e subtropical "começam a entender que os animais brasileiros são mais que bonitos, são também produtivos", o que reflete diretamente no interesse pelos produtos da cadeia. "Esse é o trabalho do Brazilian Cattle: mostrar a constante evolução do zebu brasileiro para o mundo tropical", ressalta.

 

Os crescentes resultados positivos ob tidos pelo Brazilian Cattie - que na ABCZ está ligado à Diretoria de Relações Internacionais e à Superintendência de Marketing e Comercial -, na avaliação de Salvo, é natural, uma vez que o zebu de qualidade é um produto no qual o Brasil é imbatível mundialmente. "Desenvolvemos um projeto sério, estruturado, que não só mostra nossa força, como também efetivamente realiza negócios", avalia.

 

De acordo com o diretor da ABCZ, o projeto trabalha para mostrar que o Brasil - tem um produto ímpar e que pecuaristas brasileiros realizam um trabalho único no mundo. "Não tem nada similar no mundo ao PMGZ, por exemplo. Existem outros programas de melhoramento, mas nenhum com a dimensão do PMGZ. Só tem um jeito de mostrar isso ao mundo: divulgando, apresentando nossos produtos nas mais importantes feiras", explica, lembrando da recente participação do projeto na feira de Miami (EUA), que recebeu compradores de toda a América Central e do Sul da Flórida.

 

"Vejo o projeto Brazilian Cattle como um dos mais importantes estrategicamente para a ABCZ. O Brasil se tornou um dos maiores protagonistas no mercado internacional agropecuário e a ABCZ, com este projeto, alia-se a este protagonismo. Nada mais inteligente que construir um comércio internacional robusto para tornar o mercado nacional forte.", assegura Juan Lebrón, superintendente Comercial e de Marketing da ABCZ.

 

Negócios concretizados

 

Henrique Horbylon, gerente de Exportação do Grupo Facholi - associado ao Brazilian Cattle há quatro anos -, conta que, após o início da parceria, a possibilidade de negócios internacionais aumentou consideravelmente. "Com o projeto, nosso leque de negócios aumentou. Além de dar visibilidade aos nossos produtos, ele nos ajuda a concretizar negócios. Agora, na ExpoZebu, por exemplo, trouxemos uma missão de 12 compradores mexicanos e panamenhos. Foi o Brazilian Cattle que nos assessorou, inclusive no nosso pós-venda", revela.

 

O gerente conta, ainda, que o Brazilian Cattle passou a ser a casa da empresa em Uberaba. "Quando se fala de zebu, todo mundo fala de Uberaba. Como estamos a 560 km da cidade, o projeto passou, também, a ser nossa casa em Uberaba, prospectando clientes e ajudando no pós-venda". O acesso direto e fácil à equipe é outro ponto de destaque em sua avaliação." Fica fácil fazer negócio quando se tem acesso direto a quem está à frente do mesmo. Acredito que o Brazilian Cattle, para quem quer trabalhar com o mercado externo, é hoje o caminho mais fácil", salienta.

 

Rodrigo Moraes, coordenador de Mercado Internacional da ABS Pecplan - uma das primeiras empresas associadas ao projeto -, destaca a divulgação dos seus produtos no mercado internacional e as missões internacionais à empresa, organizadas peio projeto, como os pontos mais fortes do Brazilian Cattle. "Recentemente, diretores das filiais ABS Pecplan da África e da Índia vieram aqui, via Brazilian Cattle. Foi um ganho enorme para a empresa. Com essas visitas, mostramos in loco todo o trabalho realizado aqui no Brasil e, com certeza, vamos fechar mais negócios. Tivemos, também, contato com novos distribuidores na Nicarágua e na Venezuela e até julho, vamos concretizar nossa primeira venda", revela o coordenador. Moraes destaca, ainda, a evolução que o projeto apresentou nos últimos anos. "O Brazilian Cattle está mais próximo aos associados e a equipe, mais acessível. Isso resultou em mais harmonia e, consequentemente, mais negócios".

 

Gustavo Scheibe, das Fazendas do Basa, selecionadora de Gir Leiteiro e Girolando, conta que se associou ao Brazilian Cattle este ano. "O projeto está abrindo portas para outros mercados, outros clientes, principalmente nas Américas Latina e Central. Queremos expandir nossa área de atuação, difundir nossa genética e acreditamos que, nesse sentido, o Brazilian Cattle é de grande valia para as fazendas que possuem genética de ponta", explica. Com participação na ExpoZebu e na feira de Miami (EUA), Scheibe comemora os contatos realizados e já programa a participação em feiras na Colômbia e no Paraguai, todas via Brazilian Cattle. "Fizemos contatos importantes em Miami e na ExpoZebu, e já começamos a visitar esses futuros clientes em seus países de origem. Nosso objetivo é exportar para países dessas regiões que tenham protocolo sanitário com o Brasil".

 

Texto: Patrícia Peixoto Bayão

Fonte: Revista ABCZ, 82ª edição. Jun. 2016

 


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