Carne Seca: como é feita e outras curiosidades Voltar

Você está em: Vitrine do Zebu » Destaques Publicado em 28/06/2016 às 14:26:52 - atualizado em 29/06/2016 às 13:37:18
Carne Seca com mandioca frita, uma excelente combinação. Fonte: receitas.ig.com.br, 2016.

Assim como vários ingredientes na gastronomia, a carne seca nos deixa com certa dúvida sobre a sua origem. Alguns pontos são essenciais na produção do item, entre eles, a quantidade de sal e o tempo de secagem. A baixa umidade do ar é também indispensável, e esse é um dos motivos para o sertão nordestino ser um grande produtor atualmente. Conheça a seguir algumas curiosidades sobre esse delicioso alimento.

Nos tempos antigos, não existiam métodos de conservação dos produtos. Geladeira era algo inimaginável. E foi daí que surgiu a carne seca, assim como surgiu a carne enlatada também. Para aumentar o seu tempo de conservação, foi adicionado bastante sal, deixando a carne curar por um tempo, até que se tivesse a tradicional carne seca. Assim como ocorria com outros alimentos, percebeu-se ser também possível preparar a carne de animais para serem consumidas em tempo prolongado.

 

A história da gastronomia é mesmo interessante. Segundo historiadores, a primeira salga do tipo foi há 10 mil anos a.C, aproximadamente, quando as pessoas enterravam o alimento na praia, onde a água do mar passava e curava, o que pode ter contribuído para a descoberta do método. Registros históricos confirmam a sua presença no Egito Antigo e em alguns países africanos e europeus, em tempos remotos. Na Grécia, na Gália, na Espanha e na Mesopotâmia, há também vestígios que indicam ter sido o gênero bastante apreciado pela sociedade.

 

Se for para representar o Brasil com ingredientes, certamente a carne seca está entre os principais. Sua importância histórica e cultural no país é imensa por causa de vários acontecimentos ocorridos logo à chegada dos colonizadores. A escassez de alimentos no solo brasileiro na época dos indígenas, somado com as práticas alimentares trazidas pelos portugueses, estimulou a descoberta de novos sabores e maneiras de se alimentar, e impôs novos hábitos entre a população que surgia. Essa mistura, junto com a da cultura africana, proporcionou o crescimento de uma nova cozinha, revelando um processo de intercâmbio cultural no esforço de sobrevivência dos recém-chegados.

 

O português tinha a tradição de secar ao sol frutas, notadamente peixes e bacalhau. Disso, passou para as carnes, utilizando a mesma técnica. O indígena não salgava carnes e peixes para conservá-los, pois o uso do tempero era coisa rara. A carne seca alimentou a expedição portuguesa que descobriu o Brasil, os bandeirantes na missão de desbravar todo o território nacional, aqueles que colhiam as canas-de-açúcar na época, e muitos outros. Foi um ingrediente praticamente inseparável dos mascates, ou viajantes que atravessaram o país fazendo comércio e desbravando terras. A culinária gaúcha e nordestina adora o item até hoje.


A carne seca era ingrediente essencial dos viajantes no século XIX, no Brasil. BONHEUR, Rosa. Retorno do campo - Óleo sobre tela (65 x 81Cm, 1854).

Como é feita?

 

Consumida em todo o Brasil, seja como carne seca ou alguma variação, mas principalmente presente no nordeste, a carne seca é feita sempre com carne de boi (ou vaca). O processo de produção consiste na técnica de desidratação da carne, acrescentando sal em toda a sua superfície. Após receber bastante sal, é empilhada em mantas em local seco. Mudam-se as mantas de posição durante o processo, para facilitar a operação. Depois dessa desidratação inicial, as carnes continuam o processo no vento e no sol para secar.

 

A carne seca passa por um processo de extrema desidratação, e por isso dura mais que as outras. Ela possui um tempo de cura maior, e por isso é bem mais seca que as outras. O seu teor de umidade gira em torno de 45%. O uso do sal vai impedir o desenvolvimento de muitos micro-organismos, pois a água favorece o crescimento dessas bactérias. Com isso, o item tornou-se bastante apropriado para suportar as longas viagens, tendo na conserva seu especial fator de preferência entre os mascates, vaqueiros e demais viajantes.

 

Após a forte desidratação, o resultado é uma carne de sabor único, e que pode durar até quatro meses em temperatura ambiente. Para o consumo, basta manter de molho durante um bom período para dessalgar e reidratar. No processo de produção da carne seca industrializada, a carne é batida numa máquina para que o sal penetre mais facilmente e que ela fique curada de maneira mais rápida. Após isso, é levada a um choque térmico (em água), para mantê-la mais compactada.

 

Obs: Existem diferenças entre a carne de sol, o charque, e a carne seca, mesmo que elas sejam pequenas. Curar uma carne é conservar as mesmas por adição de sal, açúcar ou condimentos, modificando suas características como a textura, o sabor e a cor.

 

Fonte: petigastro.com.br (Adapatação Equipe do CRPBZ)

 

Veja, a seguir, uma deliciosa receita que você pode fazer em casa com a Carne Seca e outros itens:

 

Escondidinho de Carne Seca


Escondidinho de Carne Seca, uma opção rápida e fácil de fazer. Fonte: culinaria.culturamix.com, 2016.

Ingredientes

 

- 500 gr de carne seca
- 1 kg de mandioca
- 1/2 unidade de cebola ralada
- Um maço de cheiro-verde
- 1 copo de requeijão
- Uma xícara de azeite
- 1 copo americano de leite
- Sal e pimenta do reino a gosto
- Uma colher de chá de margarina

 

Como fazer

 

1) De véspera, coloque a carne seca de molho e vá trocando a água para tirar o excesso de sal.

Dica: Se não tiver tempo, basta ferventar bem em água pura para que ela fique no ponto certo.

2) Cozinhe a carne e depois de cozida, retire a gordura e desfie em pedaços pequenos (quanto menor, melhor). Reserve.

3) Cozinhe a mandioca até que fique bem macia. Retire dela as fibras para não atrapalhar a aparência. Amasse-a com um garfo e faça um purê com pouco leite (para ressaltar o gosto da mandioca), margarina e sal.

4) Em uma panela, refogue a cebola no azeite até ficar douradinha. Adicione a carne seca, a salsa e a cebolinha, deixando apurar um pouco.

5) Em um pirex coloque o purê de aipim (ou mandioca) por cima, a carne seca e cubra com um copo de requeijão (light ou normal).

6) Leve ao forno quente rapidamente (cerca de 10 minutos) para derreter o requeijão. Se quiser acrescentar uma fatia de queijo muçarela por cima, fica muito bom também.

7) Sirva logo em seguida, acompanhada de um vinho de mesa ou outra bebida de seu gosto.

 

Fonte: Cybercook (Acessado em 28/06/16)

 


CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU

Fone: +55 (34) 3319-3900

Pça Vicentino R. Cunha 110

Parque Fernando Costa

CEP: 38022-330

Uberaba - MG


©2015-2025 - Associação Brasileira dos Criadores de Zebu - Todos os direitos reservados