A importância dos equinos na lida com o gado
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Publicado em 04/07/2016 às 14:05:14
- atualizado em 04/07/2016 às 15:35:29
Ainda que a mecanização nas propriedades rurais tenha se intensificado tanto, o uso de animais de tração como no caso dos equinos ainda é necessária. A presença do cavalo na lida com a boiada é imprescindível e insubstituível. São várias áreas geograficamente difíceis de acesso que vai fazer com que o uso desses animais seja de grande importância.
Ainda que a mecanização nas propriedades rurais tenha se intensificado tanto, o uso de animais de tração como no caso dos equinos ainda é necessária. A presença do cavalo na lida com a boiada é imprescindível e insubstituível. São várias áreas geograficamente difíceis de acesso que vai fazer com que o uso desses animais seja de grande importância. No caso do Brasil, grande parte dos pecuaristas que sobrevivem em pequenas propriedades não possuem condições financeiras para aquisição de tratores, caminhões ou outros implementos agrícola sendo assim, o cavalo se torna ferramenta de sobrevivência dessas famílias.
Para as pequenas e médias propriedades não é diferente, pois na lida do dia a dia, o manejo com o gado traz a necessidade de trabalhadores e animais bem treinados para que a boiada entre e saia dos currais ou manejadas de um pasto para o outro. É nesse contexto que trazemos o vídeo a seguir para que se possa conhecer a importância do uso da doma racional no campo, facilitando o manejo com o gado e prevenindo acidentes tanto com os animais quanto com aqueles que irão montá-lo.
Veja o vídeo:
DOMA RACIONAL PELO MÉTODO MAURO LEITE - CTML - NO CURSO PARA FORMAÇÃO DE TREINADOR DE CAVALOS NO HOTEL FAZENDA CISNE BRANCO EM GUARAPUAVA - PR
O Brasil possui o maior rebanho de equinos na América Latina e o terceiro mundial. Somados aos muares (mulas) e asininos (asnos) são 8 milhões de cabeças, movimentando R$ 7,3 bilhões, somente com a produção de cavalos.
O rebanho envolve mais de 30 segmentos, distribuídos entre insumos, criação e destinação final e compõe a base do chamado Complexo do Agronegócio Cavalo, responsável pela geração de 3,2 milhões de empregos diretos e indiretos.
Quando o assunto é exportação de cavalos vivos, os números são significativos: a expansão alcançou 524% entre 1997 e 2009, passando de US$ 702,8 mil para US$ 4,4 milhões. O Brasil é o oitavo maior exportador de carne equina. Bélgica, Holanda, Itália, Japão e França são os principais importadores da carne de cavalo brasileira, também consumida nos Estados Unidos.
A maior população brasileira de equinos encontra-se na região Sudeste, logo em seguida aparecem as regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Norte. Destaque para o Nordeste, que além de equinos, concentra maior registro de asininos e muares.
(MAPA)

Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Pantaneiro
O mercado de cavalos no Brasil vem crescendo ao longo dos anos com criatórios mais selecionados e visando cruzamentos mais direcionados com melhor conformação, altura e beleza dos animais além de adaptabilidade, velocidade e resistência. Assim o melhoramento genético de equinos vem evoluindo e possibilitando escolhas de éguas e garanhões de excelentes linhagens.
Podemos empregar o cavalo, também, para obter os muares, isto é, os produtos obtidos pelo acasalamento do jumento com a égua ou do cavalo com a jumenta. Esses produtos são, conseqüentemente, híbridos, pois são o resultado da reprodução entre espécies diferentes, entre eqüinos e asininos.
Os machos obtidos desses cruzamentos são conhecidos por burros, que são absolutamente estéreis, as passo que as fêmeas, as mulas, embora seja muito raro, podem dar cria. Os burros nacionais, em geral, são pequenos e leves. Quanto aos muares, têm maior resistência física, um maior período de vida, são menos exigentes quanto à alimentação e são mais cuidadosos, evitando melhor os perigos encontrados nos terrenos por onde andam.
A equinocultura é uma paixão nacional brasileira. Foto: Luciano Justiniano.
Um pouco da história
Descendente de uma linha evolutiva com cerca de sessenta milhões de anos, numa linhagem que parece ter-se iniciado com o Hyracohterium, um animal com cerca de 40 cm de altura. Os antecessores do cavalo, são originários do norte da América mas extinguiram-se aí por volta do Pleistoceno, há cerca de cento e vinte mil anos. Os cavalos selvagens originais eram de constituição mais robusta do que as raças de membros esguios que existem na actualidade.
Há cinquenta milhões de anos atrás, uma pequena criatura semelhante a uma lebre, possuindo quatro dedos nas patas dianteiras e três em cada pata traseira, corria através de densas e úmidas vegetações rasteiras, alimentando-se de suculentas plantas e pastagens. Pelo fato de poder fugir e esconder-se de seus destruidores, o pequeno mamífero conseguiu prosperar. Esse animal era o Eohippus, o antecessor do cavalo moderno.
Poucos animais possuem um registro tão antigo e completo como o cavalo. Através do estudo de sua história, toma-se conhecimento dos efeitos causados pela crescente mudança do meio-ambiente na batalha do animal pela sobrevivência, e das adaptações que foram sendo necessárias durante o processo de sua evolução. Com a mudança gradual do clima, a terra se tornou mais seca, e os pântanos foram cedendo lugar a extensas planícies gramadas.
De Eohippus, no espaço de vinte milhões de anos aproximadamente, evoluiu Mesohippus, maior e mais musculoso, possuindo três dedos e patas mais longas. Seus dentes, ligeiramente modificados, eram mais adequados para puxar a grama do que para pastar nos arbustos e musgos dos pântanos.
Outros vinte milhões de anos se transcorreram, e apareceu Merychippus, no qual apenas o dedo do meio, bem maior, tocava o solo quando o animal corria, sendo que os dedos laterais, assaz reduzidos em tamanho, eram usados somente em terreno molhado e pantanoso.
Esse cavalo tinha o porte de um cão, com dentes notavelmente diferentes: mais adequados para triturar a mastigar. A cabeça possuía maior flexibilidade em sua base, sendo proporcionalmente mais longa do que a de seus antecessores, e assim o animal pastava com mais facilidade.
Pliohippus, o primeiro cavalo de um dedo só, apareceu na época pliocênica. Era um animal adaptado para desenvolver maior velocidade em descampados e pradarias, para evitar a captura.
Estava-se, então a um passo do surgimento do Equus, o cavalo moderno, cuja estrutura de pata é formada pelos ossos do dedo central e cuja unha alargou-se enormemente, formando o casco. Equus, pequeno, mais robusto e fértil, capaz de suportar os mais rudes climas, prosperou e espalhou-se pelo mundo.

Hyracohterium. Foto: www.mundodosanimais.pt, 2016.
A evolução do cavalo.
Cavalos, asnos e zebras pertencem à família equídea e caracterizam-se por um dedo funcional em cada pata, o que os situa entre os monodáctilos. As outras duas falanges formam a quartela e o osso metatársico, os quais são ligados pelo machinho, junta que possui grande flexibilidade, e à qual se deve a facilidade que apresenta o animal para amortecer o choque com o solo após saltar grandes obstáculos.
O machinho é responsável também pela capacidade do animal de desenvolver grande velocidade sobre terrenos ondulados e, ainda, por sua habilidade em esquivar-se agilmente de obstáculos, voltar-se sobre si mesmo e correr em sentido oposto, em verdadeiras manobras de fuga.
O nascimento dos dentes acontece de maneira a permitir que os mesmos possam ser usados, sem que apresentem qualquer problema, desde o nascimento do animal até que este complete oito anos, aproximadamente.
Os cavalos, de maneira geral, são muito semelhantes em sua forma física, possuindo corpos bem proporcionados, ancas possantes e musculosas e pescoços longos que sustentam as cabeças de acentuada forma triangular. As orelhas são pontudas e móveis, alertas ante qualquer som, e a audição é aguçada.
Os olhos, situados na parte mais alta da cabeça e bem separados um do outro, permitem uma visão quase circular e as narinas farejam imediatamente qualquer sinal de perigo. O pelo forma uma crina ao longo do pescoço, possivelmente para proteção. A maioria dos inimigos do animal, membros da família dos felinos, por exemplo, costuma saltar sobre o dorso do cavalo e mordê-lo no pescoço.
Cavalos selvagens foram difundidos na Ásia e Europa em épocas pré-históricas, mas as vastas manadas foram se esgotando através das caçadas e capturas para domesticação. O Tarpan (cavalo selvagem da Tartária) sobreviveu até 1850 na Ucrânia, Polônia e Hungria, países de onde se originou.
Acredita-se que seja o antecessor do Cavalo Árabe e de outros puros-sangues. Pequeno, tímido e veloz, o Tarpan possuía uma pelagem longa e de tonalidade cinzento-pálida, com uma faixa negra sobre o dorso. A crina era ereta e a cauda coberta por pelos longos e ásperos.
Evoluiu durante a época glacial, quando os cavalos que viviam em florestas foram forçados a se deslocar para o sul, onde, então, cruzaram-se com os animais locais, que viviam em planícies. Desde 1932, esforços têm sido desenvolvidos no sentido de recriar o Tarpan, e vários parques zoológicos já possuem grupos de Tarpans. Os pequenos cavalos representados nas pinturas de cavernas em Lascaux, França, são, quase certamente, Tarpans.
O cavalo-de-przewalski é a última espécie sobrevivente de cavalo selvagem.
O Przewalski teve seu nome derivado do explorador russo que descobriu uma imensa tropa dessa raça em 1881. Também conhecido como cavalo-selvagem-da-mongólia, foi quase completamente extinto no fim do século, e os sobreviventes são cuidadosamente conservados cativos e em estado selvagem. O cavalo-de-przewalski é um animal baixo e compacto, de coloração clara como a areia, possuindo uma listra negra sobre o dorso e uma crina negra e ereta.
A cauda é negra e coberta por pelos. Possui também protuberâncias, conhecidas como calosidades, na face interna das pernas. Sendo um animal fértil e de rápido amadurecimento, não deveria ser difícil manter um núcleo saudável de reprodutores para que fossem novamente supridas as áreas nas quais viviam originalmente.
Por volta do ano 2000 a.C., o homem começou a usar o cavalo para propósitos outros além daquele da alimentação, e, devido à sua intervenção no esquema natural das coisas, o processo evolutivo foi acelerado por seleção artificial, dando origem assim à grande diversidade de raças, tamanhos, formas e pelagens, que pode ser apreciada nos tempos atuais.
Raças Norte-americanas. Fonte: North American Horses Poster, 2016.
Introdução no Brasil
Em três momentos o cavalo foi introduzido inicialmente no Brasil: a primeira leva veio em 1534, na Vila de São Vicente; a segunda, em Pernambuco, em 1535; a terceira, na Bahia, trazidos por Tomé de Sousa.
Um velho ditado inglês diz a "good horse is never a bad colour", o que significa, aproximadamente, que se o cavalo é bom, sua pelagem será necessariamente boa. Mesmo assim, existem muitas superstições associadas à pelagem do cavalo: os cavalos zainos são populares e tidos como constantes e dignos de confiança, enquanto que os negros são considerados bastante nervosos e pouco seguros.
Os tordilhos têm a reputação de temperamentais e os alazões, de serem teimosos e excitáveis. Na realidade, há muito pouco de verdade em tudo isso, e existem cavalos nas mais diversas tonalidades, o suficiente para satisfazer a todos os gostos.
Algumas das principais pelagens:
1) Zaino - é uma tonalidade rica e brilhante de castanho, aproximando-se da cor do mogno polido. Os cavalos zainos podem ter uma única tonalidade em todo o corpo ou podem ter crina, cauda e patas negras, quando são, então, propriamente descritos como zainos com pontos negros. Os cavalos dessa pelagem são tidos como muito espertos e são geralmente fortes e bem dispostos.
2) Zaino negro - varia de tonalidade desde o zaino até quase o negro e, se houver alguma dúvida quanto à sua pelagem, a melhor maneira de desfazê-la é através do exame de pelos curtos e finos encontrados no focinho. O zaino negro é tido como o cavalo ideal para shows, passeios e caçadas.
3) Negro - Apesar de ser atraente, muitas pessoas sentem-se predispostas contra ele por causa de sua fama de ser indigno de confiança. Outro motivo para a prevenção, possivelmente, reside no fato de os cavalos negros terem sido sempre usados nos funerais, antes do aparecimento do carro funerário motorizado.
4) Alazão - pode variar sua tonalidade entre uma extensa gama de tons castanho-avermelhados. O mais escuro possui um tom quase arroxeado, enquanto que o mais claro é brilhante, possuindo um profundo tom ouro-avermelhado. Os alazões normalmente possuem marcas de tonalidades diversas. Podem apresentar crina, cauda e pintas castanhas ou negras, ou ainda, ter crina e cauda cor de palha dourada.
5) Lobuno - esta é a tonalidade dos cavalos e asnos pré-históricos. Várias raças mantêm essa pelagem hoje em dia e ela pode ser muito atraente, especialmente se houver pontos negros. O lobuno-dourado possui um tom levemente puxado para o tom de areia, enquanto a pelagem do lobuno-azulado é uma espécie de preto lavado, empalidecido, lhe dando reflexos azulados. A maioria dos cavalos lobunos possui uma listra sobre o dorso.
6) Tordilho - pode possuir círculos de pelo negro pelo corpo, especialmente na parte traseira, dando-lhe o aspecto de um antigo cavalinho de balanço. Os tordilhos negros têm grande quantidade de pelo negro espalhado pelo corpo, geralmente escurecendo sua pelagem. Há tordilhos claros, nos quais o pelo branco predomina sobre o negro, produzindo um efeito quase totalmente branco.
7) Baio - o cavalo baio não é muito comum. Um bom baio deve apresentar cauda e crina pretas. Embora sejam atraentes, os baios, como acontece com animais de tonalidade pouco vibrante, não são muito indicados para a equitação em geral.
8) Rosilho - é o termo usado para denominar os animais com duas ou mais pelagens misturadas, que podem possuir diversas tonalidades dependendo da proporção dos vários pelos que as compõem. O rosilho avermelhado é constituído por pelo vermelho, amarelo e branco; o rosilho-azulado, por pêlo negro, amarelo e branco; o rosilho-alazão, por pelo castanho, amarelo e branco.
9) Overo - os cavalos oveiros podem ser do tipo piebald quando possuem pelo branco coberto por manchas negras grandes e irregulares; skewbald, se as manchas forem castanhas, escuras ou avermelhadas, sobre um fundo também branco; e add-coloured, caso as manchas de duas ou mais tonalidades estão presentes sobre o fundo branco. Os animais oveiros são muito procurados pelos circos.
10) Branco - os cavalos brancos podem ser tordilhos muito velhos, cuja pelagem tende a embranquecer com a idade, ou albinos, caso em que possuem olhos rosados e pele sem pigmentação. Os cavalos conhecidos como brancos são, de fato, tordilhos na maioria dos casos.
11) Palomino ou baio branco - os palominos têm uma coloração dourado-clara, não apresentam marcas em seu pelo e suas crinas e caudas são abundantes e soltas, quase brancas. A tonalidade varia de acordo com as estações do ano. A pelagem se torna mais clara, quase branca, durante o inverno, voltando a aparecer o tom dourado com o renascimento da pelagem de verão.
12) Pintado - os cavalos pintados spotted podem possuir manchas de qualquer tonalidade e dispostas da maneira mais variada possível. Como são raros, seu preço é muito alto. Leopardo-pintado é o termo dado ao animal que apresenta manchas negras e bem definidas, uniformemente espalhadas sobre um fundo branco.
Principais raças no Brasil
Campolina:
O nome Campolina vem do sobrenome do responsável pela formação da raça, Cassiano Antônio da Silva Campolina, que começou a desenvolvê-la em 1870, na Fazenda do Tanque, em Entre Rios de Minas. A origem deu-se a partir do cruzamento de uma égua preta nacional de nome Medéia, com um puro reprodutor Andaluz, tordilho, trazido da Europa por D. Pedro II.
O resultado foi o nascimento de um potro tordilho, que recebeu o nome de Monarca em homenagem a D. Pedro II. Impressionado com a beleza e qualidades especiais do animal, e percebendo a existência de um mercado interno para animais de grande porte, em virtude da demanda para disputas, para montaria da milícia real e para as parelhas de cavalos destinados à tração de troléis na cidade do Rio de Janeiro, Cassiano Campolina resolveu torná-lo reprodutor da Fazenda do Tanque. Monarca cobriu, durante 25 anos, as fêmeas do plantel da Fazenda.
Com a morte de Monarca, marco inicial da raça Campolina, em 1898, tiveram início os trabalhos de seleção e aprimoramento genético, a partir dos seu melhores produtos. Assim, esses animais foram cruzados entre si, e ainda com o reprodutor Menelick, da raça Anglo-Normando, de grande porte e linhas gerais leves e harmônicas. O tipo de animal formado preenchia os requisitos de porte, robusticidade e vivacidade fundamentais para disputas e transportes de carruagens.
Mesmo com a morte de Cassiano Campolina em 1904, seu trabalho de seleção noa foi comprometido. Em testamento, passou para seu particular amigo Joaquim Pacheco de Resende a Fazenda do Tanque e todo seu plantel, que por sua vez continuou a seleção da raça. Resende introduziu o sangue marchador e também o Inglês, porém suas experiências não duraram muito tempo, já que Joaquim Pacheco de Resende faleceu em 1911, ficando para seu filho mais velho a responsabilidade de prosseguir o trabalho.
Por volta de 1920, decorridos 50 anos, a seleção vinha sendo feita à base de sangue Andaluz, com choque de Anglo-Normando, P.S.I. e Marchador. Duas conclusões foram então tiradas: o plantel não tinha comportamento uniforme quanto ao andar. Constatava-se a presença de animais machadores, outros com andadura e uma parte com trote.
A segunda conclusão consistia em que uma parcela apresentava defeitos de exterior, especialmente exagero na convexidade da cabeça, inclinação da garupa e arreamento de quartelas. Baseado nessas observações, passou a orientar as coberturas de acordo com o andamento.
Após 70 anos de dedicação à seleção da raça, tornava-se necessário disciplinar e definir um padrão para que todos os criadores convergissem os esforços para um objetivo comum - a raça. A organização do serviço de registro genealógico ficou a cargo do Consórcio profissional cooperativo dos criadores do cavalo Campolina, com sede em Barbacena.
Em 1951, foi fundada a Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campolina, com sede em Belo Horizonte, um vez que a essa altura o Consórcio já não satisfazia a necessidade dos criadores. A Associação reformulou os padrões estabelecidos pelo Consórcio, mas manteve o livro de registro aberto.
Nos últimos 50 anos não houve qualquer alteração genética nos plantéis e a raça é motivo de admiração, destacando-se pela beleza, versatilidade e comodidade da marcha.

Raça Campolina. Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campolina, 2016.
Mangalarga:
A história do Mangalarga tem início quando garanhões da raça Alter, vindos como D. João VI na época da invasão de Portugal por Napoleão, chegaram às mãos do Junqueira no Sul de Minas Gerais. Acasalados com éguas existentes deram origem ao Mangalarga. Adeptos da cinegética (caça com cães). Os Junqueira escolhiam para reprodução animais que mais se destacavam, quanto à comodidade e resistência nas viagens, lida de gado e principalmente nas estafantes caçadas ao veado.
No começo, parecem ter predominado animais marchadores, mas, com a transferencia de parte da família Junqueira para o estado de São Paulo, deu-se preferencia por animais galopadores e de marcha trotada que alia a comodidade da marcha com o equilíbrio e agilidade do trote. Fizeram-se também cruzamentos com raças exóticas, porém logo abandonados e absorvidos em favor da comodidade de andamentos. Deste caldeamento resultou um animal de maior porte e melhor conformação.

Raça Mangalarga. Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Mangalarga, 2016.
Andaluz:
O cavalo Andaluz é típico da parte Sul da Península Ibérica, hoje denominado como Puro Sangue Lusitano quando criado em Portugal e como Pura Raça Espanhola ao ser criado na Espanha. A criação e a origem desse cavalo é a mesma. Essa divisão dos nomes surgiu a partir da Guerra Civil Espanhola, quando os espanhóis resolveram registrar os animais nascidos em seu território, de Lusitanos.
O Andaluz é o mais antigo cavalo de sela conhecido da civilização ocidental. Considerada pai de muitas raças, trata-se, segundo autores, da raça da qual derivam quase todas as outras formadas no Continente Americano. Seus descendentes mais próximos e famosos são o cavalo Alter de Portugal e os cavalos Lipizzanos da Áustria, considerados a mais seleta estirpe de cavalos em todo mundo.
Os cavalos brasileiros Mangalarga, Mangalarga Marchador, Campolina, Campeiro e Crioulo contam com a participação indireta do sangue Andaluz através dos cavalos Alter.
Porte médio, garbo, coragem e equilíbrio de formas são as principais características da raça. Seus movimentos são elevados e energéticos, mas de reações suaves para o cavaleiro. O seu trote curto, extremamente cadenciado, oferece bom cômodo para quem está montando. Um conjunto harmonioso, imponente, agradável de se ver e de se cavalgar.

Raça Andaluz. Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Andaluzia Brasileiro, 2016.
Crioulo:
A raça crioula é talvez a mais rústica criada no Brasil. Foram 400 anos de seleção natural, soltos a campo pelos Pampas do Rio Grande, do Uruguai e da Argentina, que fizeram do cavalo Crioulo um animal saudável e extremamente resistente a adversidades de clima e mesmo à falta de alimentação adequada.
O que acha com mais facilidade nas manadas de crioulos, a maioria das vezes sem suplemento nenhum, são animais roliços e éguas que parecem estar sempre prenhes, denotando também uma fertilidade impressionante. Foi de cem anos para cá que, primeiro na Argentina e depois no Uruguai, Paraguai, Chile e Brasil, que alguns criadores, geralmente pecuaristas, começaram o processo de seleção da raça Crioula, especialmente para o trabalho com o gado.
O primeiro responsável foi Don Emílio Solanet, um argentino que, impressionado com a agilidade e resistência dos cavalos dos índios tehuelches, comprou manadas de éguas dos moradores das cercanias dos Andes. Eram os descendentes diretos dos cavalos que os espanhóis trouxeram para o Continente Americano, já que por aqui não havia cavalos. Sendo assim, o cavalo Crioulo nada mais é que um Andaluz reduzido pelas exigências de seu habitat.
O biotipo da raça do Sul do Brasil é mesmo muito similar ao dos lusitanos, inserindo-se apenas num perfil retangular, ao invés do quadrado dos animais da Península Ibérica. A raça Crioula tem "registro fechado", ou seja, só aceita registro de produtos de filhos de pai e mãe já registrados - é terceira raça no Brasil, em volume de animais puros de pedigree, atrás apenas do Mangalarga e do Mangalarga Marchador.
O Cavalo Crioulo é um animal de porte médio, como altura entre 1,40m e 1,50m para os machos e 1,38m e 1,48m para as fêmeas, bem musculado.

Raça de Cavalos Crioulo. Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulo, 2016.
Percheron:
Originário da região do nordeste da França, em Le Perche (províncias de Sarthe, Eure-et-Loir, L'Orne), o Percheron em sua formação recebeu misturas das raças Shire, Belga e Arahe.
A elegância do Percheron, surpreendentemente numa raça tão pesada, fê-lo parecer mais um Árabe exageradamente crescido, e certamente alguns de seus ancestrais eram Árabes. Ele deriva de cavalos orientais e normandos, misturados há muitos séculos e posteriormente cruzados novamente com poucos Árabes.
No século XVII, cavalos produzidos em Le Perche conseguiram difundir notoriedade e tinham grande demanda em dinheiro em diversas utilizações na França. O Percheron nesse tempo era provavelmente muito ativo. Por volta do século XIX, o governo francês estabeleceu uma criação em Le Pin para o desenvolvimento de exército montado. Em 1823, um cavalo com o nome de Jean Le Blanc nasceu em Le Perche e a partir daí toda linhagem Percheron foi direcionada por esse cavalo.
Aprimorada e definida em padrão através dos tempos, a raça se espalhou pelo mundo, principalmente para o continente americano, onde é amplamente utilizada, geralmente em áreas de relevo acidentado. Animal de porte vigoroso e bom tamanho, é ao mesmo tempo dócil, manso e fácil de domar. Na França, atualmente, existem cinco tipos de Percheron: Auge, Berry, Loire, Maine e Nivernais. Eles são incluídos no Stud Book do Percheron e possuem seus próprios em separados.
Na Grã-Bretanha, o Percheron tem sido criado visando à exclusão de toda a pelagem de suas patas e é muito usado para o cruzamento com o Puro Sangue Inglês para produzir o tipo perfeito de cavalo de caça de peso pesado.

Raça Percheron. Fonte: Percheron Horse Association, 2016.
Árabe:
A Raça Árabe tem sua origem nos reprodutores selvagens dos desertos da arábia descritos na Bíblia a mais de 2200 anos. Naquele tempo os impérios militares Caldeus, Persas, Hititas e Assírios, em permanente tentativa de expansão entravam em lutas frequentes com os beduínos. Com a decadência desses impérios militares seus cavalos eram capturados pelos beduínos que já percebiam seu potencial, estes vinham de campos férteis da Ásia Central, aonde os pastos naturais eram de alfafa.
Assim os cavalos de guerra da raça Andaluz se missigenaram com os selvagens árabes através dos séculos formando as manadas dos beduínos que migravam constantemente em busca de alimento. Estes séculos de migração e muita liberdade causaram a transformação pela necessidade de adaptação às privações e clima desértico. Foi a forja das características básicas do puro sangue árabe. O aperfeiçoamento da raça ocorreu em um fértil planalto da península arábica quando ali se fixaram por bom tempo, área esta que se transformou em deserto no decorrer dos anos.
As Jornadas ainda antes da era cristã, cavalos eram levados da Arábia para o Egito aonde eram muito apreciados por suas qualidades de força, rapidez e resistência. Desta forma a criação seguiu restrita por um longo período, ao oriente.
A partir do século XIII os sultões turcos que dominaram o Egito e grande parte de áreas cruciais de comércio entre ocidente e oriente como Constantinopla, tendo contato com estas montarias formidáveis, incentivaram enormemente sua importação para estabelecerem seus haras. Assim através destas rotas de comércio os cavalos árabes foram se espalhando pelo mundo.
Dentre as criações da raça que se ramificaram são significativas, a egípcia, a polonesa, a inglesa, a russa e a americana. Na Polonia a mais antiga criação de que se tem registro é a polonesa iniciada em 1502 pelos príncipes Sangusco que formaram o "Haras Slawuta" de puros sangue trazidos direto das tribos beduínas.
Essa dedicação estendeu-se até o século XX quando em 1914 havia na Polônia um plantel de mais de 450 produtos entre matrizes e reprodutores. Todo esse esforço bem como todas as outras riquezas da aristocracia polonesa se perdeu por ocasião da 1ª Guerra Mundial (1914 - 1918).
Desde 1200, os cavalos orientais eram levados para a Inglaterra apenas para cruzamentos sobre éguas britânicas aonde durante 3 séculos desses cruzamentos foi formada e estabelecida a raça puro sangue inglês. Por volta de 1610, antepassados do casal Blunt já traziam éguas e garanhões dos desertos, e em 1700 eles formaram o primeiro Stud de sangue oriental.
No mais recente levantamento, seu plantel contava com mais de 650 matrizes de excepcional qualidade sendo a criação do sangue árabe motivo de orgulho nacional. Na Inglaterra os maiores responsáveis pelo reconhecimento mundial da altíssima qualidade do plantel britânico até nossos dias, é o casal Wilfrid e Lady Anne Blunt e sua filha Judith Wentworth.
Na segunda metade do século XVII, Sir Wilfrid e Lady Anne viajaram para a Arábia em busca de novos produtos que aperfeiçoassem seu plantel de ingleses mas com a longa permanência e convívio junto aos beduínos, assimilaram seus costumes e amor por seus animais, e assim em 1876 decidiram criar o cavalo sem mistura de espécies, o Puro Sangue Árabe. Em 1881 fundaram seu primeiro Stud, o de SHEIKH OBEYD, no Cairo. Os Blunt acabaram movendo todo o plantel de SHEIKH OBEYD para as propriedades da família em Sussex, por dificuldades de alimentação e bons tratadores, onde fundaram o "CRABBET PARK".
Atualmente, a produção do Cavalo Árabe no Brasil é reconhecida internacionalmente.
Cavalo da raça Árabe. Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Árabe, 2016.
Quarto De Milha
Selecionada nos Estados Unidos da América, a partir dos cavalos selvagens "Mustangs" de origem berbere e árabe, introduzidos na América pelos colonizadores espanhóis. A partir de 1611, com a chegada de algumas éguas vindas da Inglaterra, cruzadas com os garanhões "Mustangs", deu como resultado animais compactos, extremamente dóceis, muito musculosos e capazes de percorrerem pequenas distâncias com mais rapidez que quaisquer outras raças.
Sua seleção foi direcionada para produzir animais de trabalho e lida com o gado, tornando-o imbatível para a condução do gado e captura de reses desgarradas, graças à sua velocidade em curtas distâncias. Atualmente cruzados com o Puro Sangue Inglês dão excelentes animais de corrida, imbatíveis nas curtas distâncias. O Quarto de Milha foi introduzido no Brasil em 1954, por iniciativa da empresa King Ranch, na região de Presidente Prudente.
Características: Cavalos muito versáteis, dóceis, rústicos e inteligentes com altura média de 1.52m, cabeça pequena, fronte ampla, perfil reto, olhos grandes e bem afastados. Pescoço piramidal com linha superior reta, dorso e lombo curtos, garupa levemente inclinada, peito profundo, membros fortes e providos de excelente musculatura.
Aptidões: Considerado um dos cavalos mais versáteis do mundo, pode ser utilizado nas corridas planas, salto, provas de rédeas, tambores, balisas, hipismo rural e lida com o gado.

Quarto de Milha. Fonte: Associação Brasileira de Criadores de Quarto de Milha, 2016.
Appaloosa
Não por acaso que a imagem mundialmente se perpetuou da Raça Appaloosa é a do cavalo de indíos. Nas ancas, dorso e cernelha o pincel da criação salpicou cores diferentes, distribuiu pintas escuras sobre a pelagem básica, algumas vezes carregou mais o pincel nas ancas em formato de mantas... As pelagens negra, alazã, castanha, zaina, baia, palomina, tordilha e rosilha ganharam composições como em nenhuma outra raça da espécie eqüina.
Formada a partir dos cavalos introduzidos pelos colonizadores europeus na América, estes animais de plástica inigualável corriam soltos pela bacia do rio Colúmbia e seus afluentes onde foram capturados e domesticados pelos Nez Perce, índios guerreiros que habitavam o vale do rio Palouse, uma região dominada pelos colonizadores franceses. Os Nez Perce domavam os cavalos pintados, usando-os como meio de transporte, montaria de caça e como instrumento de guerra nas constantes batalhas com os brancos.
Ágeis, rústicos, velozes e resistentes, os cavalos pintados dos Nez Perce atraíam a atenção dos colonizadores, atribuindo-se aos franceses o nome que estes animais receberam, La Palouse, numa referência ao rio de mesmo nome, situado, hoje, no Estado do Oregon.
Excepcionais para cavalgadas de longas distâncias e na travessia de regiões íngremes e áridas, o cavalo dos Nez Perce foram submetidos a uma rigorosa seleção baseada na resistência, coragem e pelagem pintada. Os indivíduos que não acentuavam estas características eram castrados - para não serem utilizados na reprodução - e utilizados apenas como animal de montaria.
A técnica de seleção, adotada há mais de 100 anos, acabou garantindo a preservação das principais características destes animais, em especial sua variada e exótica pelagem. Apesar de a autoria da primeira seleção da raça na América ser atribuída aos Nez Perce, historiadores acreditam que a origem de cavalos com a pelagem típica do moderno Appaloosa é ainda mais antiga.
Pinturas rupestres encontradas na Espanha e nas famosas cavernas de Lascaux, na França, desenhadas 18 mil anos antes de Cristo, revelam figuras de cavalos com características semelhantes as do Appaloosa. Outros registros de cavalos pintados foram encontrados em pinturas chinesas datadas de 5.000 anos a.C. e em cavalos selecionados na antiga Pérsia há 1.600 anos.

Cavalos Appaloosa. Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Appaloosa, 2016.
O início da formação do cavalo que conhecemos hoje como pantaneiro e que vem despertando muito interesse ultimamente deste setor, se deu há mais de dois séculos, na região do Pantanal mato-grossense, nos municípios de Poconé, Cáceres, entre outros.
Um animal rústico, porém domável e excelente para a lida do gado é o destaque da História da Raça desta semana.
Inicialmente, a raça era chamada de ponconeano. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) associa a origem do pantaneiro a cavalos Ibéricos trazidos ao Brasil na época da colonização.
Segundo estudos do professor Domingues, os cavalos se formaram de maneira natural, pela segregação, sendo originário de cavalos de Goiás levados para o norte de Mato Grosso, cujo tipo era o Béltico-Lusitano, uma mistura de cavalos Árabe e Barbo. Há também evidências da participação de cavalos dos indígenas, procedentes do Paraguai, na formação deste tipo de animal.
Dados da ABCCP (Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Pantaneiro) mostram que em 1972 aconteceram os primeiros registros da raça pantaneira.
O primeiro Garanhão registrado foi o animal com o nome de "Rei do Paiol" de propriedade do Sr. Joaquim da Cunha Fontes e o segundo Garanhão registrado foi o animal com nome de "Pirilampo do São Rafael" de propriedade do Sr. Luiz Carlos e Fernando C.R.A. Já as primeiras fêmeas registradas foram Mulata da Ponce de Arruda, Gaúcha da Ponce de Arruda e Marreca da Ponce de Arruda. Atualmente, a seleção genética dos criadores toma em consideração duas bases: função do animal e resistência.
Referências Bibliográficas:
Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Appaloosa
Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Árabe
Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos
Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Quarto de Milha
Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Mangalarga
Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Andaluzia
Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Pantaneiro
Percheron Horse Association
Origem e evolução do cavalo no mundo Revista nº6 do Mundo dos Animais, em Abril de 2008, com o título "Origem e evolução do cavalo".
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ( MAPA)
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU