Zebu, uma riqueza sustentável para a Índia, o Brasil e o mundo Voltar

Você está em: Zebuinocultura » Destaques Publicado em 05/07/2016 às 15:19:29 - atualizado em 06/07/2016 às 18:07:09
Fonte: Enciclopédia Kamadhenu, 2016.

O Brasil e a Índia apesar de tão distintos, possuem alguns aspectos incomuns e o principal deles representa uma riqueza para todos os povos, o Zebu. A espécie Bos Indicus, cuja característica principal é a presença da giba ou cupim, similar aos dromedários, é uma reserva de energia para épocas intermpéries e de pouca comida. Animais rústicos e altamente adpatados ao clima úmido, temperado, subtropical e seco. Para a população mundial se traduz em segurança alimentar com produção de leite e carne em tempos de incertezas climáticas.

UMA RIQUEZA MILENAR

 

As raças Zebu (conhecidas como: Bos primigenius indicus, Bos indicus ou Bos taurus indicus), é originária da Índia, entendida por determinados autores como espécie ou mesmo uma subespécie de bovino. Um animal que nas suas melhores qualidadades raciais é corpulento, apresenta uma grande corcova, cuja fisiologia funciona como um repositório para armazenar energias e nutrientes. Esta corcova é também chamada giba ou cupim no Brasil, país onde a subespécie demonstrou grande potencial de adaptação.

 

As raças puras de zebu indianas criadas no Brasil são: Sindi, Nelore, Gir, Cangaian e Guzerá. As raças neozebuínas são Indubrasil, Tabapuã e Brahman. A principal virtude do Zebu se traduz em economia e sustentabilidade para pecuária, apresentando resistência ao clima quente em animais alimentados em maioria a pasto, demonstrando produtividade, tanto para carne e leite, bem como na formação de mestiços. Seu habitat, então, está dentro da faixa intertropical.

 

É importante salientar que na Índia existem em média 40 raças de Zebu. Contudo, o Zebu brasileiro hoje é um referencial internacional de qualidade racial, tanto que, os próprios indianos inciaram um processo de inserir em alta escala a genética brasileira para recuperar e aprimorar seus rebanhos.

 

A subespécie foi introduzida em sua maioria no Brasil no último quartel do século XIX até as primeiras décadas de século XX, por meio de criadores flumineses e mineiros. A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu - ABCZ com sede em Uberaba - MG é a entidade que representa os criadores de Zebu, com chancela do Ministério da Agricultura e Pecuária para realização do Registro Genealógico e de Provas Zootécnicas das raças zebuínas.

 

A Índia hoje é o maior exportador de carne bovina do mundo. Ainda que 80% dos 1,3 bilhão de indianos considerem a vaca sagrada por serem hinduístas e restrições de abate em alguns estados, a Índia é o maior exportador de carne bovina do mundo.

 

Isto é devido a carne de búfalo considerada bovina. O comércio de carne de búfalo tem crescido rapidamente e já rende mais à Índia do que a exportação de arroz basmati.

 

A carne de búfalo - uma alternativa mais dura e barata do que a de boi - geralmente vai parar em pratos da Ásia e do Oriente Médio, onde o aumento da renda elevou a demanda por proteína animal.

 

Mas o papel da Índia no comércio mundial de carne é diferente do cenário doméstico. Os bovinos são, naturalmente, um grande recurso para a humanidade na Índia. Eles se alimentam de vegetais e resíduos desses e geram mais energia do que todas as usinas geradoras naquele país. Além da geração de fertilizantes de muita qualidade.

 

A Índia funciona com energia boi. Cerca de 15 milhões carros de boi movimentam cerca de 15 bilhões de toneladas de mercadorias em todo o país. Estudos mais recentes em energética têm mostrado que os bois fazem dois terços do trabalho nas fazendas.

 

Eletricidade e combustíveis fósseis são responsáveis por apenas 10%. Bois não só puxam cargas pesadas, mas também moem a cana e viram as prensas de óleo de linhaça. A mudança de bois para tratores orçaria $ 30 bilhões de dólares americanos, mais custos de manutenção e constantes substituições.


Esterco, a contribuição maior de energia por vacas e touros. O gado da Índia produz 800 milhões de toneladas de esterco por ano. Segundo os Vedas, esterco de vacas é diferente de todas as outras formas de excrementos.

 

A cultura indiana insiste em que se entra em contato com as fezes de qualquer outro animal, eles devem tomar imediatamente um banho. O esterco de vaca, longe de ser contaminante, possui qualidades antissépticas. Isto tem sido confirmado pela ciência moderna. Não só é livre de bactérias, mas faz um bom trabalho também em matá-las.


A maioria do esterco é utilizado como fertilizante sem nenhum custo para o agricultor ou uso reservas de combustíveis fósseis do mundo. O restante é utilizado para o combustível. É inodoro, queima lentamente e produz o mesmo calor.

 

Assim como a Índia o Brasil desponta na produção de carne mundial. O maior rebanho comercial está aqui e 80% possui traços de raças zebuinas oriundas na Índia.

 

Fonte: Enciclopédia Kamadhenu

Veja também:

Zebu Sustentável: Animal saudável e resistente

Zebu Sustentável: Nutrição e reprodução

Zebu Sustentável: Carne

Zebu Sustentável: Leite

O Papel do Zebu na Pecuária de Corte Brasileira

 

*Autores: Antônio do Nascimento Ferreira Rosa e Gilberto Romeiro de Oliveira Menezes, pesquisadores da Embrapa Gado de Corte

 

Saindo de uma condição de carência de alimento e dependência externa, na década de 70 do século passado, o país vem mantendo, desde 2004, a posição de maior exportador mundial de carne bovina, mesmo tendo que alocar 80% de sua produção para o abastecimento do respeitável mercado interno de cerca de 200 milhões de habitantes.

 

Com um efetivo total de 208 milhões de cabeças e com abate de 42 milhões de animais, foram produzidas, em 2014, 10,07 milhões de toneladas equivalente carcaça, com exportação de 2,09 milhões de toneladas pelo valor de 7,1 bilhões de dólares, enquanto o consumo médio anual per capita foi de 39 kg.

 

Chegar a este ponto, no entanto, em espaço de tempo relativamente curto para a história de um país, não foi tão simples. Desde a colonização portuguesa e mesmo com a maior parte do território situado na região tropical do planeta, a indústria pecuária brasileira foi iniciada com animais da espécie Bos taurus taurus, provenientes da península ibérica, trazidos pelos colonizadores no início do século XVI.

 

Após adaptação ao novo ambiente, estes animais vieram a formar os biótipos regionais denominados"crioulos", dentre os quais Caracu, no Sudeste; Curraleiro, no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste; Lageano, nos planaltos do Centro Sul brasileiro e Pantaneiro, no Pantanal dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

 

Somente depois de cerca de 300 anos, com uma pecuária até então calcada exclusivamente neste gado de origem europeia, é que foram introduzidos no país os primeiros animais zebuínos da espécie Bos taurus indicus provenientes, em sua maioria, da Índia, representados principalmente pelas raças básicas Gir (Gyr), Guzerá (Kankrej) e Nelore (Ongole).

 

Sendo o Brasil um país predominantemente tropical, com clima semelhante ao da região de origem destes animais, além de se encontrar por aqui boas condições de criação, em termos de pastagens e manejo, de um modo geral, o zebu foi, aos poucos, absorvendo a população crioula original.

 

Atualmente, de um rebanho de corte de 166,4 milhões de cabeças, 80% do efetivo total de 208 milhões, mesmo excluindo-se todo o rebanho da região Sul do país, onde predomina o gado de origem europeia, estima-se que 148 milhões de animais sejam de origem zebuína, descendentes de cerca de apenas 8 mil reses importadas da Índia até o ano de 1962.

 

Destes, 133 milhões, cerca de 64% de todo o rebanho nacional e 80% do rebanho destinado a produção de carne, são da raça Nelore ou dela apresentam grande influência em sua composição genética.

 

Outro dado que demonstra a expressão econômica da raça Nelore é que, mesmo predominando no país o sistema de reprodução natural, com o uso de touros em monta a campo, com demanda anual de cerca de 340 mil touros Nelore na pecuária zebuína, esta raça ocupa a primeira posição no mercado de sêmen no Brasil, tendo sido produzidas em 2014, 3,4 milhões de doses, 58% de um total de 5,9 milhões de doses para as raças de corte.

 

Merece destaque ainda, as raças zebuínas Brahman, Guzerá e Tabapuã com produção conjunta de, aproximadamente, meio milhão de doses de sêmen, representando 7,5% do mercado nacional para as raças de corte. Estes valores indicam que cerca de dois terços de todo sêmen bovino para corte produzido no Brasil são de origem zebuína.

 

Não há dúvidas de que a adaptação do zebu às condições de criação brasileiras foi ponto chave para o protagonismo que este tem no país. No entanto, é necessário reconhecer o excelente trabalho de seleção genética que vem sendo conduzido há décadas por criadores e técnicos brasileiros, o qual tem promovido significativo progresso genético dos rebanhos, tornando-os cada vez mais eficientes e produtivos.

 

Cabe aqui destaque para o pioneirismo da Embrapa e da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) que, a partir de cooperação técnica iniciada em 1979, apresentaram à cadeia produtiva, já no início da década de 80, as primeiras avaliações genéticas no país, com lançamento dos sumários nacionais de touros, hoje tecnologia consagrada junto à cadeia produtiva.

 

Esta tecnologia abriu caminho para diversas outras ações subsequentes, tais como o Programa de Avaliação de Touros Jovens (ATJ), criado pioneiramente pela Embrapa em 1991, e o Programa de Melhoramento Genético Geneplus - Embrapa, lançado em 1996, iniciativas que, junta mente com várias outras semelhantes, de outras instituições, fazem, atualmente, do Brasil o principal fornecedor de genética zebuína do mundo.

 

Por um privilégio de nossa natureza, com abundância de luz solar, terra, água e contando com um setor produtivo que evolui, a cada ano, na aplicação de técnicas desenvolvidas pela pesquisa nas áreas de solos, pastagens, genética, nutrição, saúde, manejo e gestão, de um modo geral, o Brasil ainda pode se orgulhar de apresentar custos de produção competitivos, mundialmente, e elevada qualidade de produto final.

 

Ao longo do ano de 2015, o consumo interno e a atividade da indústria vêm sofrendo algumas retrações, como reflexos da atual conjuntura econômica. No entanto, em médio e longo prazo, as expectativas são positivas, tendo em vista o cenário de aumento de demanda de carne no mercado externo, como comprovam os recentes acordos de exportação para China, Estados Unidos e, mais recentemente, para a Arábia Saudita.

 

Atender as metas de demandas de carne para o mercado interno e para o mundo não será uma tarefa simples. Por outro lado, a utilização dos recursos genéticos zebuínos, sem dúvida, continuará sendo cada vez mais imprescindível nesse processo, seja como raça pura ou em cruzamentos com raças taurinas.

Fonte: www.embrapa.br

 

Quer saber mais? Acesse:

Artigo: Gado de Corte

 


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