Boi não é só bife. É também doces & travessuras!
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Publicado em 12/07/2016 às 11:30:28
- atualizado em 29/11/2016 às 17:43:45

Na natureza, nada se perde, tudo se transforma. E isso vale também para o boi. Engana-se quem pensa que dele não se aproveita muita coisa. O som emitido pelo berro do bovino é utilizado em gravações musicais para filmes, novelas e para animar festas de peão Brasil afora. Segundo a Embrapa, são 49 segmentos industriais que dependem dos subprodutos bovinos. Essas ofertas advindas do gado são classificadas em não comestíveis e comestíveis. Determinados produtos, dependendo da preparação, podem ser enquadrados em ambas as categorias.
Dentre os subprodutos comestíveis, o fígado é o mais consumido. Outros órgãos também são apreciados e fazem parte da culinária, como língua, miolo, rabo, bucho ecoração. Os não comestíveis, aqueles que não podem ser consumidos, são desmembrados em diferentes subprodutos. A bílis tratada é usada em produtos farmacêuticos para problemas digestivos e cálculo biliar. Fora todos esses produtos, o zebu pode também alegrar a festa da criançada com doces e travessuras. E isso não é novidade (para poucos!).

A Geometria do Zebu: fonte inesgotável de subprodutos para vários tipos de gêneros que podem ser aproveitados para o consumo humano. Fonte: Livro Zri-Bhu (Rinaldo Santos, 2016).
Então, a Gelatina vem do Boi?
Para quem não sabe, a gelatina é uma mistura de proteínas e polipeptídeos feita a partir do colágeno hidrolisado. O colágeno está presente exclusivamente em tecidos animais, como o do boi, principalmente nos tecidos conectivos e musculares, compondo tendões, cartilagens e outros ligantes da pele, ossos e chifres. Pode ser usado também na farmacologia, na fabricação de confeitos e na indústria de cosméticos.
A gelatina é obtida comercialmente através da fervura em água (ou solução ácida diluída) desses tecidos, que faz com que o colágeno seja quebrado e solubilizado. Depois, a mistura é clarificada e seca. Para formar a gelatina em pó, o produto é moído e peneirado. A principal fonte de matéria-prima do alimento vem do colágeno bovino e suíno, porém existem outras fontes, como caprinos, equinos e peixes.

Gelatina: uma mistura de proteínas e polipeptídeos feita a partir do colágeno hidrolisado. Fonte: alimentogourmet.com, 2016.
Além da aplicação doméstica, ela é muito utilizada na indústria de alimentos, principalmente em sobremesas e doces como pudins, mousses, flans, bolos, sorvetes, iogurtes, balas e a deliciosa jujuba, que atualmente é febre entre a garotada pelos formatos em que são produzidas, além do sabor inigualável. Também é utilizada como espessantes e/ou estabilizantes em diversos produtos, incluindo laticínios (margarinas, queijos, cremes) e molhos.
Em alguns países e, antigamente no Brasil, o item era utilizado em vários produtos lights que tinham redução de gordura, a fim de criar uma textura cremosa para compensar a falta dos lipídeos. Fora as aplicações em alimentos, também se utiliza a gelatina nas seguintes indústrias: farmacêutica, cosméticos, produtos de higiene pessoal, produtos de limpeza doméstica, fotografia, produção de colas e tintas e diversos outros segmentos.

Jujuba: é feita a partir da gelatina. Fonte: www.reddit.com, 2016.
Aqueles que não consomem proteína animal, como a culinária vegana pede, tem alternativas similares. Alguns alimentos vêm substituindo o uso do colágeno por outros aditivos, incluindo gomas de origem vegetal ou bacteriana, como guar, xantana, arábica, gelana e carragena. Para substituir o uso doméstico, o mais comum é o ágar-ágar, extraído de algas. Essas também são opçõs para certas religiões (judaísmo, islamismo, hinduísmo) que proíbem o consumo de alguns animais ou requerem abates especiais, que são mais difíceis de rastrear.
Nesse contexto, o alimento nada mais é do que um subproduto da indústria de carnes e de couro. Ou seja, os animais não são abatidos especificamente pelo colágeno, mas esses tecidos podem ser aproveitados por diversas indústrias e de diversas formas. A questão cultural pertinente é saber aproveitar tudo aquilo que os animais têm a oferecer para o consumo, seja a alimentação responsável, saudável e rica em vitaminas e proteínas, seja para outros tipos de produtos.
Sendo assim, é importante esclarecer que a matéria-prima para a produção da gelatina e seus derivados vem frequentemente de animais saudáveis e que são liberados para tais finalidades. Portanto, não há nenhum problema de segurança ou higiene associado ao item. Muito pelo contrário, a ingestão de colágeno é tida como essencial à saúde porque age no fortalecimento dos ossos, na beleza da pele, unhas e cabelos. Como aditivo, a gelatina é liberada e considerada uma fonte segura de nutrientes pelas legislações nacionais e internacionais.
A equipe do CRPBZ apenas sugere que o consumo de doces seja feito sem exageros. Tudo em excesso pode ser prejudicial à saude. Para aqueles que desenvolveram a diabetes, ou que estão no grupo de risco, não é recomendável o consumo de balas, doces e gelatinas que não estejam livres do açúcar. Consulte regularmente o médico e o nutricionista e tenha boas travessuras com essas e outras delícias.
Fonte:
alimentandoadiscussao.com, Embrapa, Revista Superinteressante, CRPBZ.
Receita: Jujuba ou Bala de Goma

Jujubas em formato de coração. Fonte: www.papeldeparede.etc.br, 2016.
Ingredientes
1) 6 envelopes de gelatina em pó sem sabor
2) Gotas de corante a gosto (Cores variadas)
3) 3 xícaras (de chá) de água
4) 9 xícaras (de chá) de açúcar refinado
5) 2 xícaras (de chá) para cristalizar
6) 1 colher (de chá) de essência a gosto
7) Óleo de cozinha para untar
Modo de Preparo
- Em uma panela, hidrate a gelatina na água e reserve;
- Em seguida, leve-a ao fogo e mexa até dissolver (não deixe ferver);
- Adicione o açúcar e mexa até começar a ferver;
- Retire do fogo e acrescente o corante e a essência;
- Unte uma forma com óleo e despeje o conteúdo ainda quente;
- Deixe descansar por cerca de 12 horas fora da geladeira;
- Corte tudo em quadradinhos, ou da forma que preferir;
- Cubra os pedacinhos com o açúcar e, se preferir, guarde em um recipiente de vidro com tampa;
- Siva-se, à vontade!
Obs: Para diversificar a produção, você pode fazer a mesma receita para cada tipo de corante que escolher. Tente seguir a cor natural dos sabores imitando as frutas, por exemplo: o verde para o limão, o vermelho para o morango, o amarelo para o abacaxi e o roxo para a uva. Essas soluções são encontradas em lojas especializadas em confeitaria.
Rendimento: 220 unidades (aproximadamente)
Nível de Dificuldade: Fácil
Categoria: Doces
Custo: Baixo
Fonte: comdinhasdochefe.com (Adaptação da Equipe do CRPBZ)
Autor(a): Mimi Barros (Historiadora do Museu do Zebu e colaboradora do CRPBZ)
*Para saber mais, acesse Subprodutos: Zebu, matéria-prima que traciona 50 segmentos industriais (CRPBZ)
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU