Sindi: uma raça que desponta no cenário da pecuária nacional Voltar

Você está em: Zebuinocultura » Destaques Publicado em 02/08/2016 às 10:35:27 - atualizado em 02/08/2016 às 20:06:03
Zebuínos da raça Sindi. Crédito: Jadir Bison.

De acordo com Alberto Alves Santiago (1984), a raça Sindi é originária da região de Kohistan, parte da província de Sindh no Paquistão, onde é conhecida como Red Sindhi. A variedade Las Belas do Sindi, considerada a mais pura da raça, ainda é encontrada nesta região até as divisas com a região do Baluchistão. Sua feição assemelha-se ao gado vermelho afegão do qual acredita ser um dos troncos do Sindi moderno.

Santiago reforça que sua origem mais remota, provavelmente se relaciona aos deslocamentos de culturas milenares de povos semi-nômades que já haviam experimentando algum processo de domesticação bovina, entre as quais se relacionavam ao Gir do oeste da Índia, o Sahiwal do Pundjab e ao já dito gado vermelho do Afeganistão.

 

Em 1930 Ravísio Lemos e Manoel de Oliveira Prata trouxeram alguns exemplares da raça Sindi da Índia para o Brasil, contudo muitos desses animais acabaram desaparecendo em possíveis cruzamentos com o Gir, restando apenas alguns poucos preservadores da raça.

 

Para conhecer mais sobre a histórias e as qualidades da raça no Brasil - Clique aqui!

Cerca de 20 anos sem importações de zebuínos da Índia, entre os finais de 1940 e início da década de 1950, Felisberto de Camargo - agrônomo e diretor do Instituto Agronômico do Norte, localizado à época no estado do Pará, resolveu trabalhar para a quebra das barreiras sanitárias impostas pelo Ministério da Agricultura - MA que impediam a importação de animais de outros países para ao Brasil.

 

Em 2015 um grupo de 46 bovinos da raça Sindi, descendentes diretos dessas importações de Felisberto de Camargo, realizada em 1952 pertencente ao rebanho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foi registrado como Puro de Origem (PO) pela Associação Brasileira de Criadores de Zebuínos (ABCZ).

 

Este fato trouxe um refrescamento de sangue dos rebanhos, já que a população de Sindi no país ainda é pequena mas vem crescendo nos último anos.

 

Veja os dados estatísticos dos últimos 20 anos em número de Registro Genealógico definitivo de acordo com dados estatísticos da ABCZ.


Fonte: Banco de dados ABCZ

No ano de 1974, os pedidos de registro desta raça praticamente cessaram ABCZ. Frente à quase extinção dos criatórios de Sindi no Brasil, o paulista José Cezário de Castilho era único criador que insistia no registro do rebanho. Numa parceria com a Universidade Federal da Paraíba - UFPB em 1980, Castilho disponibilizou animais que seriam avaliados no semi-árido nordestino, especificamente na região de Patos.

 

Ao que se seguiu, a Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba - EMEPA levou os melhores exemplares de 12 fêmeas e 2 machos de Colina para o sertão paraibano. A EMEPA ainda recebeu, em 1988, mais quatro reprodutores, 30 matrizes e quatro crias, descendentes diretos da importação de 1952, que pertenciam ao Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido - CPATU, da Embrapa, no Pará.

 

De ambos os núcleos, o gado Sindi foi partindo para outros estados como Pernambuco e Alagoas. Sendo assim, a década de 1990 passou marcada pela ascensão de criatórios de Sindi no País. Consequentemente, houve pedidos para a necessidade de retomar a execução dos serviços de registro genealógico da raça efetivamente pela ABCZ.

 

Durante dez anos, criadores, a ABCZ e o Ministério da Agricultura e Pecuária - MAPA, discutiram, avaliaram e reavaliaram os documentos pertencentes aos centros oficiais de pesquisa, que alegavam ser a raça totalmente apropriada para a produção de leite no semi-árido nordestino.

 

Além disso, esse período foi reservado para a apresentação de uma nova reivindicação dos criadores de Sindi: o reconhecimento de uma variedade mocha da raça. Nesse sentido, um documento de autoria do zootecnista e professor Alberto Alves Santiago foi encaminhado em 1999 para a ABCZ alegando as vantagens da raça.

Com o advento na década de 1990 da discussão mundial sobre desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas e ainda o reconhecimento do Brasil como grande fornecedor de alimento mundial, as raças zebuínas foram se destacando ainda mais.

 

No caso da raça Sindi , raça oriunda de regiões desérticas, explica a expansão desses animais no semi-árido brasileiro que se estende por todos os estados da região Nordeste, parte de Minas Gerais e do Espírito Santo em uma área total que abrange cerca de 974.752 Km2.

 

A temperatura média do ar situa-se em geral acima dos 20ºC, e a temperatura máxima apresenta-se acima de 30ºC na maior parte do ano, chegando a 38ºC na estação mais quente.

 

Pesquisas sobre o Parâmetros fisiológicos e índice de tolerância ao calor de bovinos da raça sindi no semi-árido paraibano comprovaram que a raça apresentam alto índice de tolerância ao calor, o que possibilita sua criação em regiões Semi-áridas.

 

Outra importante pesquisa para foi a descrição da estrutura genética da raça Sindi no Brasil, utilizando dados do registro genealógico de animais nascidos entre 1955 e 1998. O banco de dados foi separado nos seguintes períodos: 1979-1983, 1984-1988, 1989-1993 e 1994-1998.

 

A raça está se despontando a cada ano e com a intensificação do uso de programas de melhoramento genético no país como ferramenta para a seleção, os criatórios e número de animais vem crescendo.

 

O gráfico abaixo representa a redução do Intervalo Entre Partos, indicador importante no manejo genético, pois possibilita o aumento da produtividade para o pecuarista.


Fonte: Banco de dados ABCZ

No gráfio a seguir, a média de Idade ao Primeiro Parto por ano da raça, apresenta quedas significativas ano a ano. Tais parâmetros são baseados nos dados obtidos em criatórios que utilizam ferramentas do melhoramento genético no rebanho.


Fonte: Banco de dados ABCZ

Tendo em vista as características e o potencial do gado Sindi para o Nordeste, além da criação em outras regiões do Brasil, a Embrapa Semiárido está elaborando novos projetos de pesquisa visando estudar aspectos como o melhoramento genético, reprodução e qualidade do leite, carcaça e carne desses animais.

 

Conclui-se que as potencialidades da raça começam a despontar para novos rumos e necessita de mais pesquisas. Com mais dados e acompanhamentos de indicadores, estes sim, nortearão avanços cada vez mais significativos. O Sindi é altamente rústico, adaptável a tipos de clima que estão cada vez mais comum, tornando a raça imprescindível à pecuária nacional.

 

Para acessar mais pesquisas sobre a raça (Sindi), clique a seguir em:

 

scielo.org

www.embrapa.br

www.abcz.org.br

 

Referências bibliográficas:

 

Alberto Alves Santiago

Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ)

Sindi: Centro de Referência da Pecuária Brasileira - Zebu (CRPBZ)


CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU

Fone: +55 (34) 3319-3900

Pça Vicentino R. Cunha 110

Parque Fernando Costa

CEP: 38022-330

Uberaba - MG


©2015-2025 - Associação Brasileira dos Criadores de Zebu - Todos os direitos reservados