Agrofloresta: projeto da EMBRAPA integra proteção ambiental e renda
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Sustentabilidade » Manejo Sustentável no Brasil » Agroecologia
Publicado em 10/08/2016 às 15:06:30
- atualizado em 10/08/2016 às 16:45:36

A iniciativa da EMBRAPA contribui para o entendimento que conservação ambiental e desenvolvimento econômico podem caminhar juntos na Agricultura Os Sistemas agroflorestais são formas de uso ou manejo da terra, nos quais se combinam espécies arbóreas (frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou criação de animais, de forma simultânea ou em seqüência temporal e que promovem benefícios econômicos e ecológicos. Os sistemas agroflorestais ou agroflorestas apresentam como principais vantagens, frente a agricultura convencional, a fácil recuperação da fertilidade dos solos, o fornecimento de adubos verdes, o controle de ervas daninhas, entre outras coisas.
A integração da floresta com as culturas agrícolas e com a pecuária oferece uma alternativa para enfrentar os problemas crônicos de degradação ambiental generalizada e ainda reduz o risco de perda de produção. Outro ponto vantajoso dos sistemas agroflorestais é que, na maioria das vezes, as árvores podem servir como fonte de renda, uma vez que a madeira e, por vezes, os frutos das mesmas podem ser explorados e vendidos. A combinação desses fatores encaixa as agroflorestas no modelo de agricultura sustentável.
Há quatro tipos de sistemas agroflorestais:
1. Sistemas agrossilviculturais - combinam árvores com cultivos agrícolas anuais;
2. Sistemas agrossilvipastoris - combinam árvores com cultivos agrícolas e animais;
3. Sistemas silvipastoris - combinam árvores e pastagens (animais);
4. Sistemas de enriquecimento de capoeiras com espécies de importância econômica.
Nos sistemas agroflorestais, associa-se a agricultura e a pecuária com árvores, combinando produção e conservação dos recursos naturais. Além de buscar atender às várias necessidades dos produtores rurais, como a obtenção de alimento, extração de madeira, cultivo de plantas medicinais, os SAF's diversifica a produção proporcionando uma oferta mais estável de produtos ao longo do ano. Os sistemas agroflorestais podem auxiliar na conservação dos solos, das microbacias e áreas florestais.
A modelagem de um sistemaagroflorestal exige grande conhecimento interdisciplinar de botânica, de solos agrícolas, de microfauna e microflora de solos, de função ecofisiológica dos organismos que constituem os vários extratos, de sucessão ecológica e de fitossanidade. Evidentemente que tudo isso deve vir acompanhado de um prévio conhecimento em agronomia e silvicultura, já que é nesses dois ramos que se baseia a agrossilvicultura.
Da mesma forma que um sistema agroflorestal pode trazer mais lucros que um sistema agrícola convencional, ele também pode trazer mais custos, já que existem pelo menos dois grupos principais de componentes que precisam ser profissionalmente manejados e mantidos dentro de um sistema agroflorestal: o componente agrícola, que engloba as plantas herbáceas ou arbustivas e o componente florestal, que pode ser representado pelas árvores, palmeiras ou outras plantas lenhosas perenes e de origem florestal.

Ilustração (Sistemas Agroflorestais). Embrapa, 2016.
Os sistemas trazem uma série de vantagens econômicas e ambientais, tais como:
1. Custos de implantação e manutenção reduzidos;
2. Diversificação na produção aumentando a renda familiar, assim como a melhoria na alimentação;
3. Melhoria na estrutura e fertilidade do solo devido à presença de árvores que atuam na ciclagem de nutrientes;
4. Redução da erosão laminar e em sulcos;
5. Aumento da diversidade de espécies;
6. Recuperação de áreas degradadas.
Veja, a seguir, ao vídeo (2016) produzido pela Revista Superinteressante sobre como funciona a agrofloresta, a forma de agricultura que pode mudar o mundo:
Embrapa
Conservar a biodiversidade brasileira e, ao mesmo tempo, gerar renda e assegurar os modos de vivência das comunidades tradicionais e dos agricultores familiares. Esse é o principal objetivo do projeto lançado nesta segunda-feira (28), em Brasília, pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Vários órgãos e instituições se uniram em torno do projeto, entre eles o Ministério do Meio Ambiente, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Serviço Florestal Brasileiro (SFB).
Além deles, integram o projeto, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), os ministérios do Desenvolvimento Social (MDS), Desenvolvimento Agrário (MDA) e Agricultura (Mapa), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e organismos da sociedade civil. Os recursos são do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).
Políticas públicas
Ao longo da execução do projeto "Integração da conservação da biodiversidade e uso sustentável nas práticas de produção de produtos florestais não madeireiros e sistemas agroflorestais em paisagens florestais de usos múltiplos de alto valor para a conservação" serão geradas também informações para subsidiar o aprimoramento de políticas públicas de uso sustentável e conservação da biodiversidade.
O projeto será executado em três biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga e Cerrado. Nestes, foram selecionadas áreas de comprovada importância para a biodiversidade global e que estão sob ameaça pelo aumento da pressão do uso da terra, com práticas agrícolas e pecuárias que degradam o ambiente, como, por exemplo, o desmatamento, o mau uso do fogo e a monocultura. A proposta do projeto é facilitar a troca destas práticas agrícolas não sustentáveis por novas abordagens, que conservem a biodiversidade das paisagens e, ao mesmo tempo, assegurem renda e ocupação às famílias.
Atuação
Foram escolhidos seis Territórios da Cidadania (TC) para atuação do projeto: no bioma Cerrado, Alto Rio Pardo (MG) e Médio Mearim (MA). Na Caatinga, Sertão São Francisco (BA) e Sobral (CE). Na Amazônia, Alto Acre e Capixaba (AC) e Marajó (PA). No total, 76 municípios localizados nessas áreas serão beneficiados pelo projeto. Nesses locais, estão concentrados grupos de quilombolas, indígenas e outras populações tradicionais que têm a agricultura familiar tradicional e o agroextrativismo como principais atividades de subsistência.
Extrativismo
A iniciativa prevê a promoção de técnicas de manejo para extração de produtos florestais como frutas, sementes, castanhas, amêndoas, borracha e fibras, entre muitos outros. Os moradores das regiões selecionadas serão formados tanto para o extrativismo como para sistemas que integram agricultura e floresta, de forma que a proteção dos biomas se torne uma alternativa mais interessante que o uso não sustentável da terra, como a prática da monocultura e o desmatamento.
Para saber mais:
Baixe, em PDF, a Cartilha (SIF's) da Infoteca da Embrapa (Clique aqui)
Fonte: MMA, Embrapa, Revista Superinteressante e CIFlorestas (Adaptação Equipe do CRPBZ)
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