Estudo revela que vacas Gir produzem leite com mais gordura e proteína
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Publicado em 12/08/2016 às 10:13:51
- atualizado em 12/08/2016 às 21:15:40
Beta caseína A2 está relacionada à produção e composição do leite de vacas Gir Leiteiro Um estudo realizado com a raça Gir Leiteiro concluiu que matrizes jovens com genótipo A2A2 (relacionado a maior conteúdo de proteína, rendimento do leite e benigno para a saúde humana) tendem a produzir leite com maiores teores de gordura e proteína, sólidos diretamente relacionados com o rendimento industrial.
O experimento foi conduzido na fazenda escola das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU), durante o 3º Concurso Leiteiro Natural, realizado em agosto de 2015. Foram avaliadas 17 vacas zebuínas Puras de Origem (PO), com lactação entre 30 e 120 dias. Na categoria vaca jovem ficaram compreendidos os animais com idades entre 36 e 48 meses, e na categoria vaca adulta aqueles com mais de 48 meses de idade.
O período total do experimento foi de 20 dias sendo 15 dias de adaptação e 5 dias de concurso efetivo. As matrizes foram mantidas em piquetes com fornecimento de silagem de milho e feno de tifton, como volumoso suplementar. Durante o experimento, elas receberam concentrado comercial, específico para vacas em lactação, na razão de um quilo de concentrado para cada três quilos de leite produzido.
As vacas foram ordenhadas duas vezes ao dia, às 6h e 18h, e foram realizadas pesagens de 10 ordenhas manuais. O leite passou por análise de células somáticas, gordura, proteína, SNG (sólidos não gordurosos), lactose e sais. Também foi realizada a genotipagem dos animais para a determinação dos alelos A1 e A2.
A colheita de amostras para análise do polimorfismo foi feita no primeiro dia do experimento por meio da retirada dos pelos da vassoura da cauda do animal, que foram colocados em envelopes, identificados e armazenados em temperatura ambiente até o envio para o laboratório responsável, para a extração do DNA.
Dos 17 animais avaliados, 7 apresentaram heterozigose (A1A2) enquanto que a maioria (10 animais) apresentou homozigose para o alelo A2. Dentro do grupo dos animais com genótipo A1A2, 3 animais pertenciam à categoria vaca adultae 4 animais pertenciam à categoria vaca jovem.
No grupo dos animais homozigotos, com genótipo A2A2, foram 6 e 4 animais, respectivamente. Olensky et al (2010) afirmam que antes da eliminação do alelo A1 em um rebanho, realizada pela seleção de animais, pesquisas deverão ser desenvolvidas para determinar as influências sobre as características de desempenho e qualidade do leite. A frequência do alelo A1 pode variar em diferentes raças, sendo que algumas delas têm uma predisposição menor para este alelo, predominando assim o alelo A2.
Foi observada interação significativa entre categoria e genótipo para todas as características avaliadas. No grupo das vacas jovens, não foi observada diferença estatística quanto à produção de leite (P>0,05) entre os animais A1A2 e A2A2, porém, os mesmos animais apresentaram maior percentual de gordura (P=0,0129), de proteína (P=0,0642), de lactose (P=0,0945) e de sais (P=0,0738), resultando em percentual de SNG (P= 0,0791).
O efeito do alelo A2 foi economicamente avaliado por Kearney et al. (2005), usando touros com o genótipo A2A2, por meio da inseminação artificial. Os autores encontraram bons resultados sobre a produção e qualidade do leite, levando a um valor agregado de £ 160 (libras) a mais de uma vaca A2A2 comparada com uma não A2A2.
No grupo das vacas adultas, foi observada diferença significativa para as variáveis de produção de leite (P=0,0234) e tempo de ordenha (P=0,051) onde os animais A1A2 produziram mais leite (P=0,0234) que os animais A2A2, resultando em maior tempo de ordenha. Tais resultados divergiram dos encontrados por Ikonen et al. (2001) onde observaram maior produção de leite para o genótipo A2A2.
Foi observada correlação significativa (P<0,05), positiva e de alta magnitude (0,67311) entre gordura e proteína, concordando com os resultados observados por Peres (2001), que afirmou que o percentual de proteína do leite está positivamente correlacionado com o percentual de gordura. Alves Filho (2005) relatou que alterações no teor de gordura podem informar sobre a fermentação no rúmen, as condições de saúde da vaca e o funcionamento do manejo alimentar, por exemplo, e, por consequência, o teor de proteína também é afetado, porém, em menor grau, enquanto que o teor de lactose é o menos influenciado.
Conclusão
Os animais jovens A2A2 apresentaram tendência em produzir leite com maiores teores de gordura e proteína, sólidos, diretamente relacionados com o rendimento industrial. Novos estudos sobre o polimorfismo A1/A2 deverão ser realizados com o objetivo de avaliar o seu efeito sobre parâmetros produtivos, antes de efetivá-lo como marcador em programas de seleção genética.
*Projeto financiado pela ABCZ e realizado durante o 3º Concurso Leiteiro Natural em parceria com a FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba.
REFERÊNCIAS
ALVES FILHO, D. C., Manipulação da composição da gordura no leite, Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005.
IKONEN, T., BOVENHIUS, H., OJALA, M., ROUTTINEN, O., GEORGES, M., 2001. Associations
between casein haplotypes and first lactation milk production trits in Finnish Ayshire. J. Dairy Sci. 84, 507-514 KEARNEY, J. F., AMER, P. R., VILLANUEVA, B., 2005. Cumulative discounted expressions os sire genotypes for the Complex Vertebral Malformation and -casein loci in commercial dairy herds. J. Dairy Sci. 88, 4426-4433.
NILSEN,H.,OLSEN,H.G.,HAYES,B.,SEHESTED,E.,SVENDSON,M.,NOME,T.,MEUWISSEN, T., LIEN, S., 2009. Casein haplotypes and their associations with milk production traits in Norwegian Red cattle. Genet. Sel. Evol. 41 (24), 1-12.
OLENSKI, K., KAMINSKI, S., SZYDA, J., et al. Plymorphism of the betacasein gene and its association with breeding value for production traits of Holstein-Frisian bulls. Livestock Science 131,137-140, 2010 PERES, J.R. O leite como ferramenta do monitoramento nutricional. In: FÉLIX, H.D. (Ed.). Uso do leite para monitorar a nutrição e o metabolismo de vacas leiteiras. Porto Alegre: Gráfica da UFRGS, 2001. p.30-45.
RIBEIRO, B, A.; Produção e composição do leite de vacas gir e guzerá nas diferentes ordens de parto Revista Caatinga, vol. 22, núm. 3, Universidade Federal Rural do Semi-Árido Mossoró, Brasil, set/2009, pp. 46-51.
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Título: Beta caseina A2 e sua relação com a produção e composição do leite de vacas gir leiteiro (ARTIGO - QUALIDADE DO LEITE)
Autores: Maurício Beirigo Silva; Juliana Jorge Paschoal; Bruna Hortolani.
Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Zebu - ABCZ
Ano: 2015
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU