Genética indiana conquista mercado Voltar

Você está em: A Força do Agronegócio » Destaques Publicado em 09/09/2016 às 15:43:33 - atualizado em 09/09/2016 às 16:02:20
Fonte: Revista ABCZ Ed. 93. Divulgação

Nascido em 2003, por iniciativa de um grupo de selecionadores que tinha como objetivo buscar na Índia novas linhagens de Nelore para refrescar o sangue do rebanho bovino brasileiro e, assim, contribuir para a contínua evolução genética da pecuária nacional, o projeto Nelore JOP conquista criadores e se torna uma opção real para a pecuária brasileira.

O início da história do Nelore JOP envolveu diversas viagens ao país de origem da raça, no início da década de 2000, para visitar propriedades e prospectar oportunidades genéticas. Após percorrer milhares de quilômetros e centenas de propriedades, os participantes do Nelore JOP garimparam exemplares com as características exigidas pela moderna pecuária. Esse trabalho resultou na seleção e aquisição de quatro touros e 35 fêmeas, que foram levados para estações de coleta e deram início à fase seguinte do empreendimento: a produção de embriões. Em três etapas, já foram importados 2.300 embriões de Nelore da Índia. Essa genética está na base do Nelore JOP.

 

"O que era uma promessa, hoje é uma realidade. Sabemos, pelo depoimento de nossos clientes, que as novas linhagens da raça introduzidas na pecuária nacional pelo Nelore JOP são um sucesso", avalia o coordenador geral do programa, Thiago Trevisi. A afirmação do coordenador pode ser comprovada pelo sucesso do primeiro leilão realizado pelo grupo, em setembro de 2015, quando os 25 reprodutores ofertados obtiveram valorização inédita na raça, com média de R$58.355,15 por touro. "Os criadores e o mercado entenderam a proposta do grupo e valorizaram a genética colocada à venda, demonstrando que confiam em nossa proposta e acreditam em nosso trabalho. As progênies estão se destacando e demonstraram, desde o início, que representam uma excelente opção para os projetos pecuários de todo o país", avalia Trevisi.

 

Trevisi ressalta que a genética indiana JOP é uma excelente oportunidade para os criadores adquirirem animais que se adaptam perfeitamente aos objetivos econômicos da pecuária atual. "Produtividade e eficiência reprodutiva são atributos dos cerca de 30 animais que serão colocados à venda no 2º Leilão Nelore JOP, em 21 de setembro, durante a Expoinel, um remate exclusivo e diferenciado.", complementa. Durante o pregão, serão colocados à venda reprodutores 100% indianos (LEI), nascidos no Brasil a partir de embriões importados pelo Nelore JOP, que incorporam os conceitos da genética indiana do programa.

 

Confira no vídeo, um pouco da trajetória do Grupo Jop:

Genética confiável

 

"Muito mais do que uma excelente opção de refrescamento de sangue, o JOP foi criado para dar sua contribuição para o progresso da pecuária brasileira. Carcaça e fertilidade são atributos básicos da seleção. Os bezerros que estão nascendo já expressam essas características", avalia o geneticista e professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA/USP Pirassununga), dr. José Bento Sterman Ferraz, que juntamente com o geneticista e diretor da Melhore Animal Consultoria, dr. Márcio Ribeiro Silva, é responsável pela análise de dados genéticos do programa.

 

O especialista da USP explica, ainda, que a mensuração dos dados já teve início. O primeiro passo é a organização das informações disponíveis. Essa etapa é fundamental para a definição clara do tipo de animal do Nelore JOP. "Fêmeas com boa produção de leite e bezerros que nascem pequenos e crescem rápido, machos férteis e precoces. Essa é a base de tudo", aponta Ferraz, ressaltando que cerca de 2.000 animais oriundos da genética JOP já foram avaliados.

 

Já Silva explica que, em busca da ratificação de novas linhagens como opção de genética avaliada para agregar desempenho e funcionalidade à raça, o projeto emprega modernas tecnologias e ferramentas do melhoramento genético em sua seleção. "A avaliação genética teve início com o trabalho de base para garantir boa qualidade das análises e confiabilidade na utilização das DEPs (Diferenças Esperadas nas Progênies) no processo de seleção. Assim, foram implantados procedimentos de padronização das rotinas, como a formação correta dos grupos ou lotes de manejo nas fases do nascimento à desmama e da desmama ao sobreano, assegurando a todos os animais as mesmas oportunidades e condições ambientais. Concomitantemente, foram uniformizados os registros das informações fenotípicas e genealógicas, matéria-prima do banco de dados confeccionado para as análises genéticas", revela.

 

Silva destaca que, após avaliar a consistência das informações enviadas, as análises genéticas são processadas empregando-se softwares e aplicativos específicos com os atuais procedimentos estatísticos para a obtenção do mérito genético dos animais. "Além dos produtos fechados nas linhagens indianas, visando o aumento da robustez das avaliações, serão incorporadas às análises informações de desempenho de progênies de touros e matrizes indianas nascidas nos rebanhos externos", completa.

 

Os especialistas revelam que os próximos passos serão o conhecimento e a exploração da potencialidade das novas linhagens indianas para características econômicas, como precocidade sexual, habilidade maternal e qualidade de carne. Para isso, estão sendo propostos estudos junto a importantes instituições de pesquisas.

 

"Novos horizontes estão sendo vislumbrados com a utilização das DEPs associadas à ampla experiência de avaliação morfológica e racial do Nelore. JOP, tanto na seleção efetiva dos animais que serão futuras matrizes e touros quanto nas orientações dos acasalamentos dirigidos.", finaliza o coordenado técnico.

 

O projeto Nelore JOP é composto pelos pecuaristas Pedro Augusto Ribeiro Novis, da Fazenda Guadalupe; José Carlos Prata Cunha, da Fazenda Fortaleza; Ângelo Mário de Souza Prata Tibery, da Fazenda São João, Espólio de Orestes Prata Tibery Júnior; Carlos Mestriner, da Agropecuária Ônix; Gilson Katayama, da Katayama Pecuária; e José Roberto Colli, da Nelore Zeus.

 

Texto: Patrícia Peixoto Bayão

Fonte: Revista ABCZ, Ed. 93. Ago. 2016.

 

Para saber mais sobre as importações e histórias da formação do Grupo Jop, confira as pesquisas biográficas desenvolvidas pela equipe do Museu do Zebu/ CRPBZ, acessando a Sala Virtual em: "Os Pioneiros"


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