NELORE: Uma raça em constante evolução apresenta produtividade e qualidade da carne
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Publicado em 15/09/2016 às 20:18:15
Nos últimos anos, selecionadores passaram a trabalhar a produtividade e qualidade da carne Com uma seleção voltada para a produtividade e caracterização racial, a Nelore Grendene começou seu trabalho de seleção na Fazenda Guanabara, em Andradina (SP), com 50 matrizes adquiridas de Torres Homem Rodrigues da Cunha e 50 de José Carlos Prata Cunha. Atualmente, a marca, que completa 30 anos de seleção, tem um plantel composto de 4.500 matrizes PO e é criado, desde 2011, na Fazenda Ressaca, em Cárceres (MT).
Damos ênfase em produzir um Nelore produtivo, um animal que possa levar o melhoramento ao pecuarista. Então, damos muita importância à fertilidade, ao ganho de peso e à habilidade materna. Não abrimos mão, também, de um animal com as características da raça", explica o diretor de pecuária da Fazenda Ressaca/Nelore Grendene, Ilson Corrêa.
Para Corrêa, a seleção do Nelore nos últimos anos, passou a ser voltada para a produtividade e qualidade da carne. "É uma exigência da pecuária. A seleção do Nelore ou do Zebu era feita de uma forma diferente do que é hoje, avaliando- se muito mais os aspectos ligados ao fenótipo do que ao genótipo. Agora, somos cobrados e questionados sobre quantas arrobas nosso animal produz por hectare, quantos quilos ganha por mês, quantas arrobas por ano. Acabou aquela história de soltar o boi no pasto e só voltar para buscar o bezerro. Atualmente, o bezerro precisa ser analisado, pesado, medido e comparado. Um pecuarista só chega nisso se trabalhar com touros selecionados, produtivos".
O diretor lembra ainda que, para o produtor alcançar os resultados deseja dos ao comprar um touro melhorador, precisa acompanhar o desenvolvimento de seu rebanho. "É preciso prestar atenção nas fêmeas que esses melhoradores estão deixando dentro da propriedade. O macho fica um ano e meio, no máximo dois anos, dentro da propriedade. O grande pulo do gato do nosso serviço, do nosso touro melhorador, aparece nas fêmeas que ficam no plantel para fazer a reposição, quando as vacas improdutivas são descartadas e novilhas produtivas são colocadas em seu lugar. Esse ponto é muito trabalhado com nossos clientes".
Para Corrêa, não há como um pecuarista se manter na atividade se ele não selecionar. "Ele vai ter que aprender a pesar, a medir, a descartar sem dó. Não pode conhecer suas vacas pelo nome e sim pelos seus números, pela sua produção", ressalta.
Com a finalidade de aprimoramento na produção de touros melhoradores, a Ressaca/Nelore Grendene aderiu, há dois anos, ao PMGZ. De acordo com o diretor de pecuária da marca, o programa é uma ferramenta fortíssima, que auxilia, enriquece e chancela o trabalho de seleção da marca. "É uma ferramenta que tem credibilidade devido à grandeza, ao tamanho do Programa. Percebemos uma seriedade muito grande nos técnicos, no trabalho da ABCZ nesse sentido, principalmente nos últimos três anos. Estamos felizes com o PMGZ. Tanto é que estamos indo para a ExpoGenética muito confiantes e felizes este ano", finaliza.
Mercado
De acordo com o diretor, a turbulência econômica e política pela qual passa o país reflete diretamente na atividade, mas o setor está conseguindo se manter. "É um dos poucos setores da nossa economia que está conseguindo se segurar. Pode ser que o pecuarista perceba uma pequena queda em sua comercialização de, no máximo, 10% nos preços daqui para a frente. Estamos numa queda de braço muito forte com os frigoríficos em relação ao boi gordo. Não acho que com o touro seja diferente, ele acompanha a mesma tendência. Estamos trabalhando com uma perspectiva de uma queda, em relação ao ano passado, de cerca de 10%, principalmente no nosso leilão que acontecerá dia 4 de setembro", revela.
Para os próximos anos, Corrêa tem grandes perspectivas. "Acreditamos muito na pecuária, na carne. Temos um mercado crescente pela frente. O que precisamos é de estabilidade política para trabalhar, de um governo com credibilidade. O pecuarista vem se preparando, vem se modernizando para atender a essa demanda crescente, mas precisamos de tranquilidade e de um governo forte, que possa dar respaldo para que possamos conquistar mercados, como estamos conquistando aos poucos a Ásia, que é um mercado muito promissor, e a Europa, com cortes nobres. Precisamos da estabilização econômica de nosso país. Nosso mercado interno é bom, mas para comer carne é preciso ter dinheiro. Acreditamos muito em uma volta ao que vivíamos há dois, três anos".
Fonte: Revista ABCZ
Integração Lavoura - Pecuária
Para o fortalecimento da nutrição do solo, foi implantada na Fazenda Ressaca a Integração Lavoura Pecuária. A propriedade, que tem a pecuária como principal atividade, visualiza nos grãos uma oportunidade de diversificar a matriz econômica e diminuir os custos na criação de gado. "Destinamos uma pequena área para a produção de milho, que serve de silagem para os animais. E a pastagem, que se desenvolve na área em que a soja foi cultivada, triplica a capacidade de lotação, impactando diretamente no volume e qualidade da proteína vermelha", enfatiza Corrêa. O ano de 2015 foi marcado pela primeira colheita da soja, com produtividade que resultou em 59 sacas por hectare.
Fonte: Revista ABCZ, Ed. 96. Agosto/Setembro, 2016
Patrícia Bayão
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU