Touros melhoradores em monta natural: genética eleva potencial do retorno econômico para o criador Voltar

Você está em: Pesquisa » Divulgação de Estudos e Pesquisas Publicado em 10/10/2016 às 15:39:13 - atualizado em 10/10/2016 às 17:23:25
Reprodutores registrados e melhoradores em volume. Fonte: ABCZ

*Por Antônio Ferreira Rosa, Roberto Torres Jr. e Fernando Costa (Embrapa)

Considerando-se um único acasalamento, reprodutor e matriz têm o mesmo valor, uma vez que cada um contribui com a metade do seu genoma para a formação de um novo indivíduo. No entanto, ao longo da vida reprodutiva, enquanto a vaca pode deixar até oito-dez filhos, o touro pode ser pai de dezenas. Além disso, por demandar menor número de animais para reposição, a pressão de seleção de touros é muito maior do que a de fêmeas.

Por essas razões pode-se demonstrar que o touro proporciona de 84% a 88% do ganho genético de todo o rebanho, para relações touro: vaca de 1:20 e 1:40, respectivamente, e características de 20% de herdabilidade. Desta forma, a escolha dos reprodutores é decisiva para o sucesso do sistema de produção. O retorno econômico de um touro pode ser avaliado de maneira simplificada pela análise do peso a desmama de bezerros que além de apresentar parâmetros genéticos acurados dispõe de valor comercial bem estabelecido pelo mercado.

 

A partir avaliação genética da raça Nelore lançada pelo Programa Embrapa-Geneplus em novembro de 2015, estimou-se em 4,26 kg a DEP - Diferença Esperada na Progênie para o peso a desmama, envolvendo machos superiores possivelmente ativos e com produtos desmamados em 2015. Por outro lado, a comercialização de mais de 80 mil animais realizada de janeiro a dezembro deste mesmo ano apontou em R$6,16 o valor médio do kg de bezerro desmamado. Assim, com base na definição de DEP, o retorno econômico de cada filho de um touro superior pode ser estimado em R$26,24, quando comparado aos filhos dos demais touros no âmbito do referido Programa.

 

Outra consulta a mesma avaliação genética acima referida permitiu observar que a média do peso a desmama ajustada para a idade de oito meses nos plantéis de seleção, ao longo do ano de 2015, foi de 217 kg, entre machos e fêmeas. Nos rebanhos comerciais, por outro lado, observou-se, na categoria de 8 a 10 meses de idade, a média de 173 kg, considerando ambos os sexos. Embora esta categoria envolva animais de até 10 meses, a maioria deles apresenta idade próxima de oito meses, semelhante à idade padrão adotada nos rebanhos puros. Admitindo-se esta aproximação, mesmo assim, verifica-se uma "defasagem" da ordem de 44 kg entre os dois rebanhos.

 

Dessa diferença total parte é ambiental, ou de manejo, e parte é devida à própria "defasagem genética" dos rebanhos comerciais em relação aos plantéis puros. Na falta de uma avaliação mais precisa do quanto desta defasagem é devida aos fatores genética e ambiente, pode-se supor que cada um deles seja responsável por metade dessa diferença. Assim sendo, a "DEP realizada" de um touro superior, quando utilizado em um rebanho comercial, seria igual ao valor da DEP no rebanho de seleção + ½(defasagem genética), ou seja: 4,26 + 1/2(22) = 15,26 kg. Desta forma, o valor de um único produto de um touro superior seria, nestas condições, R$94,00 acima da média dos bezerros comerciais.

 

Em rebanhos comerciais, com relação touro : vaca de 1 : 40 e taxa de desmama de 75%, pode-se verificar que a renda extra devida a este pequeno incremento de peso à desmama produz receita suficiente para a reposição de touros no valor de até R$8.272,00 - compatível com preços de mercado (57 arrobas de boi gordo, média da @ em 2015: R$145,42), mesmo após a reserva de fêmeas para a reposição de 20% das matrizes. Somando-se o valor dos bezerros comercializados ao dos tourunos descartados (média de R$2.595,39 / animal), a receita total seria suficiente para cobrir os custos de reposição de touros, com a aquisição de reprodutores ao valor médio de até R$10.860,00 (75 arrobas de boi gordo).

 

Para o alcance destes resultados, é necessário que se estabeleça uma estratégia de desembolso de modo que, em um ciclo máximo de cinco anos, se tenha em atividade reprodutiva apenas touros geneticamente superiores. Obviamente, o retorno econômico baseado apenas no peso a desmama está muito longe de representar o real impacto de um touro melhorador no rebanho. Uma avaliação mais precisa deveria incluir os reflexos até o abate (machos e fêmeas descartadas) e sobre o rebanho de cria, considerando-se os ganhos relativos a peso corporal, qualidade das carcaças e das fêmeas de reposição.


Considera-se, portanto, que o investimento em touros geneticamente superiores apresenta elevado potencial de retorno econômico, podendo contribuir decisivamente para a melhoria da produtividade e da renda das fazendas de pecuária de corte.

 

*Pesquisadores da Embrapa Gado de Corte - Campo Grande/MS


Fonte: Embrapa Gado de Corte


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