Tabapuã: uma raça legitimamente brasileira
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Publicado em 20/10/2016 às 08:34:23
De acordo com dados estatísticos da ABCZ a raça Tabapuã vem crescendo seus números de Registro ao longo dos últimos 20 anos. Raça legitimamente brasileira que surgiu da base de cruzamentos do gado Mocho nacional, foi aprimorada com a introdução de genes da raça Nelore. Possui características produtivas de alta performance garantindo excelentes resultados tanto como raça pura como para cruzamentos.
Histórico da raça
Os primeiros zebuínos mochos do Brasil surgiram na região de Leopoldo de Bulhões, no estado de Goiás por volta do ano de 1907. Os irmãos Saliviano e Gabriel Guimarães, de Planaltina, adquiriram três touros importados da Índia pelo Sr. José Gomes Louza que foram utilizados em cruzamentos com o gado mocho do próprio rebanho. Destes cruzamentos nasceram os primeiros zebuínos mochos no Brasil.
Já na década de 30, Lourival Louza, neto de José Gomes, se dedicou ao cruzamento desses animais com o Nelore e deu origem ao gado anelorado mocho ou baio mocho, como ficou conhecido. O sangue do Guzerá e do Gir foram introduzidos mais tarde e também fazem parte da formação do Tabapuã
Na década de 1940 o gado mocho espalha-se por outras regiões brasileiras. Alguns desses animais são levados para São Paulo por Júlio do Valle, proprietário da Fazenda São José dos Dourados, que presenteou o amigo Alberto Ortenblad, da Fazenda Água Milagrosa com um garrote zebuíno mocho.
Com foco em selecionar animais de melhor qualidade, a família Ortenblad seleciona 100 matrizes Nelore para cruzamentos com o touro T-0, nome dado ao garrote mocho mestiço. Todos os andamentos dos acasalamentos foram registrados e foi desses cruzamentos que a pelagem branco-acinzentada do Nelore predominou nas progênies, que acabou por fixarem a característica mocha neste plantel.
Os resultados significativos desta seleção trouxeram notoriedade comercial nos anos seguintes. Em 1970 o Ministério da Agricultura recomendou a inclusão do "tipo" Tabapuã encarregando assim a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) de desenvolver as pesquisas necessárias para que a raça fosse reconhecida no futuro.
Entre 1970 e 1980, o Tabapuã ganhou 80% das pesagens de que participou e em 1981 foi definitivamente reconhecido como raça. O terceiro neozebuíno a ser formado no mundo, depois do Brahman e do Indubrasil. Por ser o primeiro entre esses a surgir a partir de um planejamento específico, o Tabapuã é considerado a maior conquista da zootecnia brasileira dos últimos cem anos, segundo os especialistas da raça.
A característica mocha veio do cruzamentos do Mocho Nacional que depois ganhou traços de raças como o Nelore fixando a pelagem e as raças Guzerá e Gir.
Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã (ABCT)
A ABCT foi fundada em 1969 e, desde então, percorreu um longo caminho na busca de atrair a atenção de pecuaristas de diversas regiões para as vantagens que o Tabapuã oferece.
As recompensas pelo trabalho foram conquistadas em campo e nas pistas de julgamento, transformando o Tabapuã em uma raça de grande sucesso e credibilidade.
As vantagens do Tabapuã para reprodução se destacam entre os zebuínos. Com pouca idade no primeiro parto, as matrizes apresentam alto índice de fertilidade e a habilidade materna da raça garante bom desenvolvimento para os bezerros.
Entre os 14 e 16 meses, as fêmeas atingem em média 25% de fertilidade. Entre os 16 e 18 meses, 50% e entre 18 e 20 meses, mais de 60%. Algumas fazendas já registram 95% de sucessos em inseminação artificial. As matrizes Tabapuã também apresentam boa produção de leite. Essa característica faz com que os bezerros da raça tenham desempenho superior a outros zebuínos da mesma idade. Aos 120 dias, por exemplo, eles chegam a 118 Kg em média e na desmama já estão com 200 Kg.
A idade do primeiro parto e o intervalo entre os partos seguintes são a base do índice de natalidade. Bons resultados nesse campo significam maior lucro para o produtor. Nesse quesito, o Tabapuã comprova seu valor todos os anos nas feiras e exposições de que participa.
Outra característica notável, é a docilidade, uma das características mais prezadas pelos criadores. Sem chifres, a raça é mansa e por isso não se estressa ou perde peso durante vacinações, pesagens e transporte.
O Tabapuã também não se envolve em brigas e lida melhor com alimentação no cocho. Por isso, aceita com facilidade o confinamento. Todas essas características se unem à rusticidade e resistência da raça e formam o gado ideal.
Os animais são campeões de peso já aos 205 dias e mantêm essa vantagem ao longo do seu desenvolvimento.
Essa é uma característica própria da raça. Seja no pasto ou em confinamento, os animais têm bom ganho de peso e demonstram acabamento de carcaça exemplar. A precocidade do gado é um fator valioso e o Tabapuã mostra suas vantagens na balança.
Fonte da galeria de fotos: portal Beefpoint, ABCT e ABCZ
Em resumo, o Tabapuã soma algumas características interessantes para um gado de corte como:
· Ótimo ganho de peso (o segundo rebanho mais avaliado em provas de ganho de peso da ABCZ)
· Caráter mocho (em cruzamentos com outras raças tanto zebu como europeia, produzem índices de mais de 90% de animais mochos com grau altíssimo de heterose)
· Docilidade (esta característica está relacionada diretamente pela ausência de chifre, gerando assim animais mansos por natureza)
· Habilidade materna (indica a importância que a matriz dá para cuidar de suas crias desmamando-as mais pesadas)
· Menor idade ao primeiro parto (indica grande potencial em produzir animais precoces)
· Excelente potencial de criar o bezerro com uma ótima conformação de úbere e caracterização racial

Rendimento de carcaça do Tabapuã chega a 54%
Principais cruzamentos
Com uma base consistente como o zebu, o criador pode diversificar, produzindo animais com aptidão tanto para corte como para leite. O Tabapuã proporciona essas duas características e é utilizado para se constituir tanto rebanhos leiteiros, como de corte.
Nos diversos cruzamentos com o Tabapuã, destaca-se o Tabanel, cruzamento de vaca Nelore com touro Tabapuã, mais utilizado no território brasileiro e o cruzamento com Gir para base consistente e mocha para produção de leite, com relação às raças europeias, as mais utilizadas são Aberdeen Angus, Holandesa, Blonde, Limousin, Senepol e outras, sendo assim cruzamentos que geram resistência, rusticidade aliado a produção.
Texto adaptado pela equipe CRPBZ.
Bibliografia:
Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ)
Associação Brasileira de Criadores de Tabapuã (ABCT)
Beefpoint
Veja o vídeo abaixo da Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã:
O próximo vídeo mostra um caso de sucesso da raça. Veja o depoimento do Sr. Marcelo Artico:
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU