O futuro da genética: entrevista com Raysildo Lôbo (ANCP), com destaque para a Expogenética 2016 Voltar

Você está em: Zebuinocultura » Destaques Publicado em 24/10/2016 às 15:12:21 - atualizado em 24/10/2016 às 15:15:46
Raysildo Lôbo é doutor em Genética Animal e presidente da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) desde sua fundação, em 1996. Revista Pecuária Brasil, 2016.

Durante a ExpoGenética 2016, em Uberaba (MG), foi nítida a evolução do mercado genético animal. O volume financeiro levantado nos remates, por exemplo, foi 8,47% maior em relação à edição anterior. Quem entende, garante: o futuro da genética é agora! Leia entrevista na íntegra publicada pela Revista Pecuária Brasil.

* Raysildo Barbosa Lôbo é doutor em Genética Animal e presidente da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) desde sua fundação, em 1996. São 20 anos frente à entidade e 45 anos de profissão. Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Ceará, em 1971, hoje é um dos mais reconhecidos professores da Universidade de São Paulo (USP), além de ser responsável por quase uma centena de mestres e doutores formados no Brasil. Já publicou mais de mil artigos científicos e técnicos, além de livros em diferentes áreas da genética e melhoramento animal.

Pecuária Brasil: Na sua opinião, o que a ExpoGenética 2016 refletiu?
Raysildo Lobo: A realidade da aplicação genética na nossa pecuária. A feira vem crescendo a cada edição, tanto pelo número de inscritos quanto pelo interesse do público. A edição desse ano foi excelente, o público muito interessado, muitos criadores e técnicos presentes e participativos.

 

PB: Como vão os trabalhos na ANCP?
RL: A missão da ANCP é aumentar a produtividade da pecuária de corte por meio do melhoramento genético das raças, sempre buscando a satisfação de todos os envolvidos na cadeia produtiva da carne, desde o criador até o consumidor final. Queremos atender, com eficiência e eficácia, ao requisito do cliente em obter informações que possibilitem o melhoramento genético dos rebanhos, aprimorando continuamente os processos internos de pesquisa, desenvolvimento de análise de dados. Através de pesquisas, disponibilizamos tecnologia de ponta para os associados. Neste ano, a ANCP lançou para a raça nelore o índice bioeconômico, que tem como objetivo identificar os exemplares mais rentáveis. Já estamos trabalhando, também, em novas tecnologias, como os trabalhos com as características ligadas a eficiência alimentar e maciez da carne, ambas ainda sem data para o lançamento.

 

PB: Quando os selecionadores serão capazes de escolher, exatamente, as características desejadas no seu rebanho, através da genômica?
RL: Isso já é uma realidade, ao menos para muitas características. Atualmente, os selecionadores tem acesso a esta tecnologia através dos marcadores moleculares e das Diferenças Esperada nas Progênies (DEPs genômicas). A ANCP disponibiliza para seus associados 22 DEPs genômicas para características de importância econômica, ligadas precocidade sexual, fertilidade, crescimento, carcaça, morfologia e frame. Além disso, a evolução é constante, e as pesquisas vão avançar cada dia mais. Em 1996, tínhamos apenas cinco índices no sumário de touros. Hoje, são 27. E muitos outros mais virão.

 

PB: Em comparação com o estudo da genética humana, como está o avanço das pesquisas em genética bovina? E onde estaremos em 10 anos?
RL: Em comparação ao desenvolvimento de técnicas aplicadas ao estudo do genoma humano, por exemplo, os avanços nas pesquisas em genética bovina são substanciais, visto as mudanças ocorridas nas avaliações genéticas com a incorporação das informações genômicas. Nos próximos cinco ou dez anos tem-se uma perspectiva muito promissora para a seleção de gado de corte. A incorporação de informações genômicas é um fato consumado e os avanços nesta área contribuirão para a redução de intervalos de geração, aumento da acurácias das DEPs, redução da consanguinidade, avaliação genética de características de difícil mensuração, o que contribuí diretamente para uma maior produtividade e lucratividade da pecuária de corte brasileira.

 

PB: O que define se uma linhagem genética é boa ou não?
RL: A definição da qualidade ou potencial genético de uma linhagem ou indivíduo se baseia em inúmeros fatores como, por exemplo, os objetivos e critérios de seleção estabelecidos pelo selecionador, o nível tecnológico da propriedade, entres outros. É importante destacar que esta linhagem ou animal deve contribuir para a evolução genética da população onde foi ou será utilizada.

 

PB: O melhoramento genético já é acessível para a pecuária brasileira como um todo?
RL: O melhoramento genético é acessível a toda a pecuária brasileira e se tornou uma ferramenta muito importante na tomada de decisão do pecuarista no momento da aquisição de sêmen ou mesmo do reprodutor, a ser utilizado nos acasalamentos de sua propriedade. Atualmente, verifica-se uma tendência no mercado de reprodutores, que aquele que apresentam maior potencial genético são mais valorizados, tanto em leilões com nas centrais de inseminação artificial.

 

PB: Qual o caminho para a pecuária brasileira continuar crescendo, através da genética?
RL: O caminho para a pecuária brasileira continuar crescendo certamente passa através do melhoramento genético, mas também passa por outras tecnologias. Nada adianta termos alta qualidade genética, se não há nutrição, sanidade, reprodução e manejo para dar condições destes animais expressarem todo seu potencial.

 

Fonte: Revista Pecuária Brasil (Edção 15, Ano III - Outubro/Novembro de 2016)


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