Vale a pena investir em cerca elétrica?
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Sustentabilidade » Código de Ética e Conduta da ABCZ
Publicado em 31/10/2016 às 17:42:17
- atualizado em 01/11/2016 às 11:03:04
Investimento em modelo eletrificado pode ser até cinco vezes menor se comparado ao da cerca convencional, mas é preciso instalar de forma correta e fazer manutenção para obter sucesso. Se em outros países a cerca elétrica é indispensável e muita usada, aqui no Brasil ainda é alvo de críticas, sinônimo de dor de cabeça e vista com maus olhos por quem utilizou e não teve sucesso. Os profissionais do setor agropecuário (agrônomos, zootecnistas e veterinários) no Brasil conhecem e desenvolvem amplamente as técnicas de correção do solo das pastagens, dietas específicas para a finalidade dos animais, mas ainda existe muita dificuldade para corrigir a cerca elétrica, como por exemplo, quantos joules são necessários para um bom "choque" na cerca que mantém os animais nas pastagens.
Joule é a unidade de potência que se usa para eletrificadores, que em uma boa analogia deve ser comparara ao HP(CV) de uma bomba d'água, onde quanto mais Joule mais força o eletrificador possui, assim como quanto mais HP mais forte é a bomba d'água. Mas, existe ainda a diferença entre o Joule armazenado, que é o que ele armazena, e o Joule liberado que é o que realmente importa, e se refere a quanto de potência ele despeja na cerca.
Os animais respeitam a cerca elétrica se ela possuir mais que 4.000 volts; menos que isto você não tem cerca. E quanto maior a voltagem na cerca melhor será. Não podendo ultrapassar 12.000 volts, que pode trazer risco aos animais. A amperagem nestes equipamentos não pode ultrapassar 0,025A, é o que determina a OMS (Organização Mundial de Saúde).
Custos para a cerca elétrica. Foto: Revista ABCZ, 2016.
A cerca elétrica é um instrumento que viabiliza o manejo das pastagens na fazenda. A subdivisão de pastagens é a primeira ferramenta a ser utilizada em uma fazenda quando se pensa em aumentar sua produtividade, mas o custo de construção de uma cerca convencional, com 5 fios e lascas a cada 5m, custa em torno de R$ 8.000,00 por km, somando custo de mão de obra, madeira e arame. Varia para mais ou para menos, de acordo com o custo da madeira e mão de obra. Este alto custo faz com que poucos proprietários subdividam suas fazendas para poder otimizar o pasto.
O que poderia aumentar em muito a lotação da fazenda e logicamente sua produtividade. O conceito correto da cerca elétrica é que o choque contém o animal e não a robustez da cerca. Mas com deficiências no choque é necessário reforçar a cerca, tornando a tecnologia cara. O custo de construção de uma boa cerca elétrica não ultrapassa a 1/3 do custo de uma convencional, e o que se gasta com materiais de cerca elétrica fica no máximo 15% do total gasto na cerca.
A madeira na cerca elétrica tem a função de segurar o fio de choque na altura correta da categoria animal que estamos querendo conter, se usa mais ou menos madeira de acordo com o relevo da fazenda e, se conseguir manter o choque alto por todo o tempo, poderá aumentar cada vez mais a distância entre as lascas.
O número de fios a serem usados também depende do tipo de animal que desejamos conter, se temos animais adultos e jovens é necessário usar duas alturas de fios. Se a propriedade fica em regiões que ocorrem secas é necessário passar um fio ligado ao aterramento na cerca, para que o fio aterrado faça o papel do solo, que, sem umidade ou muito arenoso, não tem condutividade.
Procedimentos corretos para colocar a cerca elétrica. Foto: Revista ABCZ (Divulgação), 2016.
Aterramento
Outro ponto importante é a falta de normatização do setor, onde o consumidor fica refém dos vendedores que não entregam o que prometem. Devemos usar bons sistemas Para-Raios para desviar os raios que caem sobre a cerca e usar estabilizadores para proteger o eletrificador de oscilações de voltagens na rede elétrica. Fazendo isto seu aparelho estará protegido e dificilmente quebrará e não deixará sua cerca vulnerável.
Animais mais reativos, como os da Raça Nelore, são mais facilmente contidos, já os mais dóceis e mansos são os que dão mais trabalho, pois estão sempre alerta procurando por oportunidades de fuga. Mas, se o choque for eficiente, tanto animais reativos e mansos serão contidos. Se os animais não estão respeitando a cerca elétrica é porque o choque está baixo.
Cuidados com a cerca elétrica e o gado. Infográfico: Revista ABCZ, 2016.
Tenha sempre um voltímetro na mão e anote diariamente a voltagem no ponto final de sua cerca. Assim verá que o dia que teve fuga é porque o choque estava abaixo de 4.000 volts. Na Nova Zelândia, por exemplo, quando o eletrificador deles já não está mais dando conta de manter o choque alto na cerca, costuma-se trocar por um mais potente, pois isso fica mais barato do que contratar alguém para reformar a cerca toda.
Só que, por lá, eles monitoram a cerca diariamente, pois praticamente todos os eletrificadores possuem visores digitais, que mostram como está a voltagem média da cerca, bastando olhar para o eletrificador e verificar com quantos volts médios a cerca está. Se não monitoramos a voltagem da cerca, saberemos sobre a ocorrência de um problema somente depois que ele aconteceu.
Autor: Wagner dos Santos | Foto: divulgação
Fonte: Revista ABCZ (Edição nº 94 - Setembro/Outubro de 2016)
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