A busca do Nelore leiteiro no Brasil: leia entrevista com o indiano Narendranath Voltar

Você está em: Zebuinocultura » Destaques Publicado em 08/11/2016 às 08:50:08 - atualizado em 08/11/2016 às 08:53:25
Narendranath em visita ao presidente Arnaldo M. Machado Borges (ABCZ) em outubro. Foto: Cristiano Bizzinotto (ABCZ), 2016.

Projeto privado indiano pesquisa animais da raça Nelore para recuperar a capacidade leiteira

Criador da raça Ongole e presidente da Associação dos Criadores de Ongole (Ongole Cattle Breeders Association), em Andhra Pradesh, Mullapudi Narendranath, visitou o Brasil em outubro. O representante do grupo de seis criadores veio observar criatórios da raça Nelore com aptidão leiteira.

Revista Nelore - Desde quando é criador?

 

Narendranath - Desde que nasci (risos), sempre trabalhamos com gado, tenho 67 anos de idade. Mas veja, nós não temos Nelore, temos Ongole. A diferença é que o Ongole é 100% puro (POI), enquanto o Nelore é resultado do cruzamento entre europeu e Ongole. PO é Nelore, POI é Ongole.

 

RN - Nos fale sobre o projeto.

 

Narendranath - Nosso projeto não é governamental ou acadêmico, mas é um projeto próprio de 1998. Decidimos agrupar seis criadores com objetivos iguais para compartilhar documentos e começar a selecionar para leite. Uma vez que este programa for iniciado, buscaremos as contribuições possíveis do rebanho brasileiro.

 

RN - O que aconteceu com o Ongole (leiteiro) na Índia?

 

Narendranath - Voltemos a 1800, quando os animais produziam 18kg de leite / dia, sem contar o leite do bezerro. No sul da Índia, as vacas Ongole eram as únicas com habilidade leiteira, as melhores produtoras foram levadas para Madras e vendidas por altos preços. Uma vez que secavam, eram enviadas aos matadouros. O resultado foi uma seleção negativa. Tudo o que se faz, depende da seleção.

 

RN - Por qual motivo escolheu o Brasil?

 

Narendranath - Vim para ver como os criadores que trabalham com o Nelore leiteiro estão selecionando para essa aptidão. Estou aqui para observar os criadores brasileiros, ver o que estão fazendo que seja melhor que nós. Quero aprender como cuidam, como combinam a seleção e como alimentam. Vejo que aqui a produção é extensiva, devido à grande área disponível. Na Índia o tratamento é confinado.

 

RN - Quais criatórios foram visitados?

 

Narendranath - Fazenda Mundo Novo, Minas gerais, Nelore do Golias, de São Paulo e também estive com Paulo Lemgruber, na Fazenda São José do Carmo, no Rio de Janeiro. Eles trabalham com o Nelore leiteiro e eu quero ver como estão fazendo, assim, talvez, poderemos planejar melhor o nosso projeto. O Lemgruber é uma linhagem de Ongole muito antiga, como a que existia na Índia no século XIX. Eu admiro muito esses criadores e suas famílias por preservarem essa linhagem. Esse é o tipo de gado que nós precisamos e eu tenho esperança de poder levar essa linhagem de volta para a Índia e reconstruir o tipo antigo de Ongole. Se tivermos terras apropriadas, dedicação e oportunidade poderemos trazer de volta o Ongole leiteiro e e também trazer prosperidade aos nossos produtores.

 

RN - Qual será a próxima etapa do projeto?

 

Narendranath - Voltarei à Índia pra discutir com o grupo e estabelecer os próximos passos. Em maio de 2017, durante a Expozebu, retornarei ao Brasil com os seis criadores do programa. Visitaremos juntos os criatórios e planejaremos melhor. Temos animais leiteiros na Índia ainda, então reuniremos todos.

 

Autor: Fany Michel, colaborador da Revista Nelore

Fonte: Revista Nelore (Edição Nº 245, Ano XXVI - Novembro de 2016)


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