Os enlatados podem ser saudáveis? Conheça alguns mitos e verdades sobre eles Voltar

Você está em: Vitrine do Zebu » Destaques Publicado em 24/11/2016 às 09:10:05
Andy Warhol, Campbell's Soup I 1968: Frac Bourgogne © 2014 The Andy Warhol Foundation for the Visual Arts, Inc. / Artists Rights Society (ARS), New York and DACS, London

Vegetais, frutas, legumes, carnes e peixes enlatados são usados, entre outros meios, como alternativa para driblar as dificuldades do cotidiano. E, ao contrário do que muitos pensam, atualmente pode-se dizer que estão livres de conservantes e aditivos químicos. Conheça as origens, os mitos e as verdades sobre esse tipo de alimento.

Comer bem é uma questão de escolha. E é claro que muita gente, para não dizer a "maioria", prefere alimentos frescos. Mas, algo tem mudado bastante no mercado industrializado, que parece querer entender melhor a parte que lhe cabe entre a opinião daqueles mais exigentes e o que o futuro lhes reserva mais adiante.

Antes abominada pelos nutricionistas, a comida processada (aqui, no caso, vamos falar dos enlatados) começou a ganhar espaço entre os adeptos dos hábitos saudáveis recentemente. Isso se deve, em parte, à nova roupagem adquirida pelos fabricantes, agora envolvidos com a sustentabilidade e a inadiável adequação ao perfil dos consumidores, que estão cada vez mais informados e decididos a contribuir com o meio ambiente e prolongar a expectativa de vida o quanto puderem.

 

A Revolução Industrial, dividida entre o progresso e suas contradições, contribuiu para que o alimento industrializado se tornasse popular em todo o planeta. Salvou milhões nos campos de batalha, ao sobreviver a duas grandes guerras. Criados em Londres, no século XIX, com a intenção de alimentar soldados, os processados (enlatados, industrializados, defumados, frios, entre outros) ganharam adeptos rapidamente na Europa e nos Estados Unidos, em especial. Em nome da modernidade inevitável do porvir, o alimento teve que se adaptar, e nem por isso, perder de todo suas propriedades.

 

Embora tenha surgido há tanto tempo, a comida industrializada quase sempre foi vista como uma opção perigosa para a saúde. Exceções à parte, isso depende do quanto a medicina e a ciência relacionada à saúde e à dieta alimentar evoluíram culturalmente entre os cidadãos do orbe. Estudos indicam que, apesar de muita resistência e falta de informação, essa realidade agora é outra. Padrões rígidos de qualidade são determinados por órgãos competentes distribuídos pelo planeta, o que contribui muito para que o produto chegue apto e seguro à mesa dos consumidores.


Gustavus Franklin Swift foi fundador do frigorífico especializado em alimentos processados mais conhecido do mundo: a Swift, gigante atuante no mercado até hoje. Fonte: Swift & Co., 1917.

Recentemente a Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço) divulgou uma lista com 10 itens esclarecendo verdades e mitos sobre os enlatados. Dentre as novidades, estão aquelas que dizem que o milho enlatado tem menos calorias que o cozido, a feijoada é 30% mais leve e que alimentos armazenados nesse tipo de recipiente não contêm conservantes. Mas será que é isso mesmo? Dá para acreditar assim tão fácil? Veja, logo mais a seguir, a lista completa desse estudo e tire suas próprias conclusões.

 

Segundo a revista Isto É Gente (Edição nº 260, agosto de 2014), o que o consumidor ainda não sabe - e as indústrias esquecem de avisar - é que na lata de aço o alimento não tem conservantes químicos, o que vai diretamente ao encontro das novas tendências de consumo. Hoje as latas são fabricadas dentro de altíssimos padrões de tecnologia e qualidade, atendendo a todas as necessidades dos mais exigentes consumidores. A Tecnologia de Alimentos é um ramo novo, bastante atual e eficiente no meio.

 

A verdade é que estudos confiáveis veem vantagens no uso dessas latas. Pesquisa divulgada recentemente pela Universidade de Cornell, dos Estados Unidos, comprovou que os alimentos em embalagem do tipo conservam mais propriedades nutritivas. O aço também é barreira contra a luz e o oxigênio, que destroem ou comprometem a integridade de diversos nutrientes. Existem, claro, certos cuidados que a indústria precisa tomar com relação ao armazenamento e o descarte do item, além do custo, que em muitos casos, pode ser mais caro do que outras embalagens comuns.

 

Para Maristela Simeão de Paschoa, nutricionista e professora de dietoterapia do Instituto Paula Souza, do Estado de São Paulo, exigir saúde, sabor e segurança, mais do que garantidos pela lata de aço, é uma tendência mundial, da qual o nosso país vem tomando consciência. Na Europa e EUA, como no Brasil, os consumidores dão preferência a produtos embalados de forma saudável, natural e ambientalmente sustentável. Não é por coincidência que por lá o consumo de embalagens de aço é de 10 Kg/ano por habitante, contra 4 Kg/ano no Brasil. O que é necessário agora é que os brasileiros tomem consciência de como escolher o alimento embalado da melhor forma, para a saúde e a segurança de sua família.


Propaganda da Swift & Co., empresa americana especializada em enlatados. Fonte: Swift & Co, 1946.

A especialista e engenheira de alimentos Thaís Fagury, da ABEAÇO, informa que o item tem o poder de preservar naturalmente o sabor, as vitaminas, os nutrientes e as proteínas, sem necessidade de conservantes ou aditivos químicos. "O que está fora não entra e o que está dentro, não sai. A embalagem tem resistência, é fechada hermeticamente e não há nenhum perigo de contaminação. A lata recebeu o nome de "conserva" por conservar melhor os alimentos por mais tempo. E confirma: "Hoje não existem conservantes químicos. Água e sal são o máximo que ela pode conter", diz.

 

Recomenda-se estar atento aos rótulos, pois eles são obrigados a informar o consumidor sobre todas as substâncias presentes. Salvo alguma restrição médica específica ou prazos de validade vencidos, o produto é benéfico para a saúde. Comparados aos alimentos crus, os conservados em lata sofrem perda de alguns nutrientes e, no caso das frutas, de fibras. No entanto, a forma de processamento dispensa o uso de conservantes, ao contrário do que pensam muitos consumidores. Mas, ainda assim, costumam conter aditivos (sempre citados no rótulo) para realçar o sabor e dar textura aos alimentos.

 

ABEAÇO e os 10 itens: verdades e mitos sobre os enlatados

 

1. Alimentos enlatados são opções saudáveis

 

Depende. É claro que, como regra geral, podemos afirmar que alimentos frescos são bem mais saudáveis que os enlatados. Mas, recentemente foi desenvolvida a lata de aço, que dispensa o uso de conservantes nos alimentos, deixando-os, portanto, mais saudáveis. Até então, os fabricantes usavam inúmeros aditivos químicos para dar um aspecto mais atraente, além de maior durabilidade praticidade. Os mais comuns eram os aromatizantes, corantes, antioxidantes, estabilizantes, conservantes e acidulantes. Um dos exemplos são os nitritos e/ou nitratos (substâncias usadas para conservação de alimentos), que são transformados em nitrosaminas em nosso estômago, uma composição altamente cancerígena, principalmente se consumida de forma contínua.

 

Dica: Marcas mais consolidadas no mercado costumam respeitar as normas de fabricação, armazenamento e quantidade segura de inserção de conservantes. Para saber se o enlatado é de boa qualidade, devemos ficar atentos aos rótulos.

 

2. Estudo realizado pela Unicamp comprova que embalagem de aço é a melhor opção para o envase de azeite

 

Mito. A embalagem que oferece melhor proteção a esses quatro fatores é a garrafa de vidro escuro, seguida da lata de aço. A vantagem do vidro escuro sobre a lata é devido ao fato de o vidro ser um isolante térmico melhor que o metal, além de mais eficiente na proteção contra a luz, o oxigênio e a umidade. Após aberta para o uso, a lata também apresenta maior risco de sofrer a ação do oxigênio e da umidade, já que nem todas as embalagens apresentam sistema adequado de fechamento.


Enlatados podem ser uma boa alternativa para uma alimentação de baixa caloria. Foto: naturalum.wordpress.com, 2016.

4. Lata amassada compromete a qualidade dos alimentos

 

Mentira. Como dito acima, novas tecnologias permitiram que a deformação da embalagem não interfira no armazenamento do conteúdo. Latas perfuradas ou estufadas, no entanto, não devem ser consumidas, já que indicam reações químicas inadequadas para o consumo.

 

5. Latas enferrujadas podem causar tétano

 

Depende. A ferrugem faz parte do processo natural de degradação do aço, que, sozinho, não faz mal à saúde e, sim, contribui para um meio ambiente saudável. Já o tétano é uma doença causada por um micro-organismo, o Clostridium Tetani, que pode estar em muitas superfícies, principalmente o solo. Ou seja, qualquer material, desde que esteja contaminado, pode causar o tétano.

 

6. Alimentos enlatados não causam botulismo

 

Depende. A contaminação da doença se dá em qualquer alimento infectado pela bactéria Clostridium Botulinum, seja ele fresco ou enlatado. Assim, qualquer material - contanto que esteja infectado pela bactéria - pode causar o botulismo. Por isso é importante manter os alimentos, as embalagens e quaisquer superfícies que tenhamos contato bem higienizados e conservados.

 

7. Tomate em lata tem mais licopeno que o tomate in natura

 

Verdade em partes. Na verdade, o licopeno - uma substância antioxidante que pode diminuir a probabilidade do indivíduo ter câncer de próstata e pulmão -, aumenta a sua biodisponibilidade após o cozimento. Biodisponibilidade é o processo que representa a medida quantitativa da utilização de um nutriente, influenciando sua absorção e distribuição para os tecidos do nosso organismo. Assim, para o tomate liberar essa substância não é necessário que ele seja enlatado. Podemos comprar o tomate fresco, fazer o molho caseiro, por exemplo, e obter o mesmo benefício.

 

8. Milho enlatado é 40% menos calórico que o cozido em casa

 

Verdade em partes. Ele pode até ser menos calórico, mas é mais rico em sódio, que faz muito mal à saúde. Os alimentos em conserva merecem mais atenção na hora do consumo exatamente por isso. Para os hipertensos, a escolha destes produtos não é indicada. A melhor opção são os enlatados a vapor.

9. Alimentos enlatados são mais econômicos

 

Verdade. Os alimentos enlatados oferecem melhor custo-benefício, permanecem preservados por mais tempo, evitando desperdícios. Além disso, não é preciso gastar energia para conservá-los, pois eles não precisam de refrigeração.

 

10. Feijoada enlatada é 30% mais leve que a feijoada tradicional

 

Verdade. Mais tradicional prato brasileiro, a feijoada, além de muito saborosa, é normalmente sinônimo de calorias e gordura. Para apreciadores da iguaria preocupados com a saúde, eis uma ótima notícia: a feijoada enlatada tem quase 30% menos calorias que a preparada em casa. Enquanto 100 gramas da feijoada caseira possui 152 calorias, a mesma medida da enlatada tem apenas 108. E os benefícios não param por aí. A quantidade da vilã gordura saturada é 58% menor na lata (cerca de 2,5g/100g de feijoada na versão enlatada, contra 6g na versão caseira). Os índices de colesterol também são mais baixos, sendo 17mg/100g na versão enlatada e 30mg/100g na versão tradicional, uma redução de 43%. Isso acontece porque os ingredientes são colocados crus na lata e o processo de cozimento acontece como em uma panela de pressão. Assim, nutrientes e vitaminas são preservados e não há adição de óleo.

 

Fonte: Revista Isto é "Gente" (Edição nº 260, agosto de 2014) e Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço).

Autor(a): Mimi Barros (Historiadora do Museu do Zebu e colaboradora do CRPBZ)


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