Conservação e multiplicação do Zebu na Índia
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Publicado em 25/11/2016 às 14:56:28
Não se sabe ao certo há quantos milênios apareceu o zebu na Índia, mas nos leva hoje a pensar que naquele longínquo tempo passado, por orientação de Deus, fez com que aquele gado chegasse lá. E a natureza sábia, pacienciosa, persistente, fez com que os animais ali chegados, fossem se agrupando nas regiões ecologicamente adaptáveis a rebanho que por ali permaneceram e se foram transformando em raças adaptadas àquela região onde se estabeleceram.
Por *Dr. Fausto Pereira Lima
No Brasil isso não aconteceu; o gado vindo com os colonizadores foi trazido da Península Ibérica ou de outros países da Europa. Porém, poucos animais se adaptaram no Brasil. A partir do século dezenove, iniciou-se a importação de gado da Índia, e no século vinte também veio gado importado, toda importação feita em pequena escala, com muita dificuldade de ordem de logística, monetária, etc.
Porém, o gado importado da Índia se naturalizou brasileiro e a criação se expandiu depressa. Não podemos fazer uma comparação entre Brasil e Índia no que se diz respeito à criação de gado. Ambos os países, segundo as estatísticas, têm o mesmo número de cabeças, em torno de duzentos milhões de bovinos, mas a grande diferença é a respeito da população humana: 200 milhões de habitantes no Brasil e mais de 1,25 bilhão de habitantes na Índia.
O Brasil possui regiões de clima mais ameno, por altitude ou por latitude, onde se pode criar bovinos de corte ou de leite, das raças europeias. Mas a maioria do território brasileiro é de clima tropical, onde para se criar bovinos de raças europeias precisa-se criar ambiente artificial para dar conforto térmico ao gado. Sendo assim, aparecem com frequência enfermidades que põem em risco a saúde animal e a humana, quando se utilizam de alimentos provenientes de animais doentes. Já com o zebu criado no Brasil não existe o menor perigo de humanos contraírem enfermidades por ingerir alimentos produzidos por zebuínos.
O homem intervém com novas ideias, trazendo gado de um ambiente para outro completamente adverso, o que não é certo e a natureza sempre impõe um castigo severo. O certo é selecionar o gado adaptado na região, fazendo com que cada raça manifeste seus genes de produção através de rearranjo dos genes contidos na bagagem hereditária de cada indivíduo.
A Índia pode acelerar o processo de melhoramento do seu gado existente utilizando material genético já em adiantado estágio de seleção de gado de outros países, porém, originário da própria Índia. Esse material genético, aqui no Brasil (sêmen ou embriões), não sofreu nenhuma influência de outras raças, mas sim o rearranjo dos genes de produção através de seleção técnica em cada indivíduo e assim estão melhorando a capacidade de produzir num sistema cadenciado, se revelando aos poucos, através dos anos.
Autor: Dr. Fausto Pereira Lima é Doutor em Agronomia e Melhoramento Animal e Pesquisador Científico
Fonte: Revista ABCZ (Edição nº 94 - Setembro/Outubro de 2016)
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