Gir Leiteiro Voltar

Você está em: Zebuinocultura » Conheça as raças zebuínas » Gir Publicado em 29/11/2016 às 14:09:09 - atualizado em 29/11/2016 às 17:49:17
Exemplares de Gir Leiteiro. Foto: Maurício Farias, 2016.

O Gir Leiteiro é reconhecidamente o zebuíno de maior produtividade leiteira em clima tropical. A raça vive um momento de destaque por apresentar características adequadas, oportunas e peculiares para alcançar acentuados níveis de progresso na pecuária leiteira mundial. Todo o mérito é resultante de um trabalho sério e profissional feito a partir da seleção urdida cuidadosamente por entidades governamentais e particulares, que acreditaram e investiram desde o princípio na melhor aptidão do animal - o leite, alimento essencial para a saúde do homem.

Atualmente, muito dos rebanhos dedicados à criação do tipo são conduzidos por herdeiros daqueles que tiveram protagonismo fundamental no processo que permitiu a excelente adaptação da raça no Brasil. A preservação e o aprimoramento das qualidades e características originais do animal foram essenciais para o desenvolvimento e o melhoramento da boa aptidão leiteira, que é reconhecida mundialmente no meio pelo caráter genuíno que lhe é conferido desde então. O fruto dessa procedência encontra-se entre os mais conceituados criatórios, cujos descendentes ajudaram a formar rebanhos com tradição e identidade própria.

 

História

 

Por ser uma raça originária da Índia, um país tropical e com muitas semelhanças em relação às condições edafoclimáticas brasileiras, o Gir Leiteiro encontrou no Brasil ambiente propício para expressar seu potencial na produção de leite. Segundo pesquisas, é provável que seja proveniente das regiões de Gir, na Península de Kathiawar, e Rayputana e Baroda, ao norte da Índia. Juntamente com as raças do tipo Misore, ao sul, e as raças das regiões montanhosas, ao norte, o Gir é considerado o Zebu mais antigo em sua terra nativa.


O Gir Leiteiro é também a única raça com pelagem chitada, completando com tais detalhes o padrão racial. Foto: Jadir Bison, 2016.

Os primeiros exemplares foram introduzidos no Brasil provavelmente por volta de 1906, nas importações realizadas pelo criador do Triângulo Mineiro Teófilo Godoy, o primeiro brasileiro a buscar pessoalmente o Zebu na Índia para fins de criação e adaptação à pecuária vigente. Na década seguinte outros importadores deram continuidade ao processo, época em que o Herd Book Zebu foi implantado no Brasil (1919), em Uberaba (MG).

 

Desde então, os registros genealógicos - hoje realizados pela ABCZ (Associação dos Criadores Brasileiros de Zebu) - demonstraram que a raça destacou-se rapidamente entre as zebuínas, mantendo essa posição de liderança até 1967. Seguiram-se mais quatro importações ocorridas em 1930, 1955, 1960 e 1962, respectivamente. Todas elas foram de extrema importância para a formação do Gir brasileiro.

 

Seleção Leiteira

 

O leite produzido é de ampla qualidade nutricional. Ao apresentar grande porcentagem de gordura e proteína, tornou-se um produto bastante apreciado pela indústria de laticínios atualmente. Outra vantagem é a produção do Leite A2, que diminui a incidência de alergias a uma determinada proteína do leite que está presente em outras raças leiteiras. Pesquisas recentes comprovaram a eficácia do Gir Leiteiro nesse e outros aspectos.

 

Uma característica peculiar do animal diz respeito ao sistema termorregulador, o qual permite que a vaca tolere altas temperaturas sem entrar em estresse térmico. Isso faz com que o Gir Leiteiro tenha grande capacidade de converter pastagens em leite, tornando o custo de produção da atividade mais baixo do que os animais que são criados em confinamento, por exemplo. Por apresentar maior rusticidade e resistência, a raça dispensa a utilização exagerada de medicamentos e carrapaticidas, que podem deixar resíduos no leite.

Características principais, segundo a ABCGIL (Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro)

 

Aparência Geral

 

1- Racial: A cabeça deve apresentar perfil ultra convexo, ser média, fina e seca, com a fronte larga e marrafa jogada pra trás, não podendo apresentar nimbure; chanfro reto, estreito e delicado; focinho preto e largo, úmido, com narinas dilatadas; lábios grossos e firmes, boca grande e olhos de formato elíptico, brilhantes e de pigmentação escura, protegidos por rugas das pálpebras superiores e cílios pretos. As orelhas de comprimento médio devem ser pendentes, começando em forma de tubo enrolada sobre si mesma, abrindo em seguida para fora, curvando para dentro na ponta e voltada para a face ("gavião"). Os chifres devem ser escuros, simétricos, grossos na base, saindo para baixo e para trás, de seção elíptica se dirigindo para cima e curvando para dentro, de preferência.

 

2 - Pele e Pigmentação: Os pelos devem ser finos, curtos e sedosos. A pele deve ser preta ou escura, o que lhe proporciona tolerância à incidência solar, devendo ser ainda solta, fina e flexível, macia e oleosa, sendo que no úbere e região inguinal deve apresentar cor rósea.

 

3 - Feminilidade: A vaca Gir Leiteiro deve apresentar ossatura forte e limpa. Quanto a angulosidade o animal deve ter formato triangular, visto de lado, de frente e por cima, com grande capacidade respiratória, cardíaca e digestiva, com garupa ampla. O Pescoço deve ser médio, leve, oblíquo, alto e bem inserido à cabeça e harmoniosamente implantado ao tronco, com musculatura pouco evidente, descarnado, no entanto, no bordo superior, a musculatura apresenta-se mais desenvolvida. A barbela deve ser média, enrugada, solta e flexível, começando bífida debaixo da ganacha.

 

4 - Dorso-Lombo: Deve apresentar a região dorso-lombo longilínea, tendendo a retilínea, ampla e forte. A linha dorso-lombar deve ser proporcional ao conjunto do animal, equilibrada quanto à horizontalidade e largura, comprida no dorso (correspondente às vértebras torácicas e sustentação do costado, abrigando pulmões e coração), larga no lombo (correspondente às vértebras lombares, abrigando o aparelho digestivo e útero gestante), seguindo com a bacia comprida e ancas largas e aparentes.

 

5 - Garupa: A garupa vem reunir vários aspectos: largura, comprimento e nivelamento, que irão refletir numa melhor ou pior conformação de pernas, pés e do úbere, bem como à facilidade de parto. Os íleos e ísqueos devem ser largos e espaçados, guardando as devidas proporções. Deve possuir um bom nivelamento de garupa, com inclinação entre íleos e ísquios (ângulo da garupa) de 200 a 300. O osso sacro não deve ser saliente.

 

Características funcionais

 

Capacidade Corporal - Cardio/Respiratório/Digestivo:


1 - Tórax: Deve ser amplo e profundo, devendo apresentar costelas largas e longas, oblíquas e chatas, bem arqueadas, afastadas entre si, sem acúmulo de gordura, indicando grande capacidade cardiorrespiratória.

2 - Capacidade Digestiva: O abdômen deve ser longo, largo, limpo e alto. Deve ser volumoso permitindo visualizar a forma de "barril", indicando grande capacidade digestiva.

3 - Estrutura Corporal: Uma boa vaca produtora de leite deve ter altura e comprimento compatível com sua idade. O ideal são animais de tamanho mediano, pois são os mais eficientes em um sistema de produção a pasto.

4 - Flanco: Os flancos (vazio) devem ter pele fina e evidente e apresentar ligeira concavidade.

Sistema Mamário

 

1 - Úbere: Deve ser amplo, comprido, largo e profundo, apresentando grande capacidade de armazenagem de leite, volume compatível com a idade e estádio da lactação, fazendo pregas quando vazio. A consistência deve ser macia e elástica (glanduloso) e não fibroso (carnudo). Seu piso deve ser nivelado e não ultrapassar a linha do jarrete. Deve apresentar ainda proporcionalidade entre a parte anterior e posterior. Os quartos anteriores devem se apresentar avançados para frente e aderidos ao ventre e os quartos posteriores bem projetados para trás e para cima.

 

2 - Ligamento Central: Possui grande importância em vacas produtoras de leite. Deve ser forte e bem evidente, pois irá garantir a sustentação e integridade do úbere que deve estar bem aderido à região inguinal. Quando visto por trás, evidencia-se o sulco do ligamento suspensor central. Está diretamente ligado a longevidade do úbere e permanência do animal no rebanho.

 

3 - Quarto Posterior: Responsável por 60% da produção de leite. Deve ser amplo e volumo, com ligamentos fortes e bem aderidos na região inguinal.

 

4 - Quarto Anterior: Deve ser amplo e volumoso, com inserção suave no abdômen, possuindo ligamentos fortes e bem aderidos.

 

5 - Tetas: Devem se apresentar íntegras e simétricas, ter comprimento de 5 a 7 cm, diâmetro de ± 3,3 cm, espassadas entre si, centradas no quarto, verticais e paralelas, perpendiculares ao solo.

 

6 - Vascularização: Deve ser bem conformada e com bastante drenagem através de diversas veias aparentes, tortuosas, de preferência ramificadas e penetrando por dois ou mais orifícios, além de possuir, no abdome, veia mamária de grosso calibre.

 

Sistema Locomotor

 

1 - Membros Anteriores: Os membros anteriores devem ser de tamanho médio com ossatura forte; espáduas compridas e oblíquas, inserindo harmoniosamente ao tórax, o braço e antebraço com musculatura pouco evidente, com joelhos e mãos bem posicionados. O ângulo dos pés deve ser de aproximadamente 45°.

 

2 - Membros Posteriores: As pernas devem ser limpas, mas com boa cobertura muscular, não devendo apresentar culote pronunciado, com tendões e ligamentos evidentes. Vistos por trás, os membros posteriores devem ser bem afastados um do outro para dar lugar a um úbere volumoso. Deve possuir aprumos íntegros, com articulações fortes, angulação correta e jarretes bem posicionados. O ângulo das quartelas nos cascos deve ser de aproximadamente 45°.

 

Fonte: ABCGIL, ACGZ, ABCZ e CRPBZ

Adaptação: Equipe do CRPBZ


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