Cuidados com a saúde: E agora? Carne Vermelha ou Branca?
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Publicado em 07/12/2016 às 16:19:27
- atualizado em 08/12/2016 às 10:31:02

Fonte de proteínas, as carnes são alimentos que devem estar presentes numa alimentação saudável. Mas qual o melhor tipo para a saúde: a carne branca ou a vermelha? O CRPBZ pesquisou em diferentes fontes e divulga aqui alguns trabalhos interessantes que podem servir de guia para sanar dúvidas e desmistificar o tema. A importância das pesquisas de longo prazo devem ser muito bem consideradas quanto à recomendação dietética. É de interesse da população e do setor público governamental a prevenção de doenças e orientações de dietas saudáveis. Assim surge uma grande oportunidade para demonstrar o uso efetivo da carne bovina magra.
Entretanto, a maioria dos profissionais de saúde e consumidores não estão familiarizados com a paridade da carne bovina magra com outras fontes de proteínas da dieta. A palavra paridade diz respeito à qualidade ou condição de ser igual ou equivalente. Recentes estudos de longo prazo, compararam diretamente os efeitos da carne bovina magra com o de outras proteínas, como de frango ou peixe como vocês verão a seguir.
As idas e vindas de informações que são pulverizadas nas redes sociais ou blogs devem ser muito bem investigadas, pois muitas delas são baseadas em pesquisas ultrapassadas ou até em interesses comercias. O correto é uma boa consulta médica ou o acompanhamento com um nutricionista. E se você gosta de investigar, busque universidades de renome internacional e bons pesquisadores e os relacione com várias outras pesquisas e tente tirar suas conclusões antes de seguir modismos ou mitos da internet.
Quer acompanhar um pouco do que descobrimos pesquisando por aqui? Veja a seguir o que achamos para você:
Foto: Dulla, artigo publicado pela revista Alfa, A guerra dos churrascos onde compara carnes das raças Nelore (1), Angus (2) e Wagyu. A carne mais magra sendo a da raça zebuína Nelore.
Segunda a Organização Mundial de Saúde (OMS) o consumo de carnes vermelhas não deve ultrapassar as 300g por semana dando prioridade às carnes mais magras, retirando ainda a gordura aparente.As diferenças mais notórias surgem no tipo de gorduras existentes nos dois tipos de carnes e nos nutrientes existentes.
A carne vermelha tem esse nome porque carrega hemoglobina, célula que dá cor ao sangue e transporta o ferro, por isso, a carne do bovino é mais rica que a do frango.
Em relação à gordura, tem carne branca que é mais gordurosa que a carne vermelha e vice-versa, isso não é uma regra, vai dependendo do corte.
Outra informação de grande valia é que a carne bovina criada a pasto também tende a ser mais magra e ter níveis mais altos de vitaminas e sais minerais, como o cálcio, o magnésio e o potássio. Também tem uma proporção mais saudável de gorduras ômega-6 para ômega-3 assim afirma Dr. Rondo, médico brasileiro, cirurgião vascular, graduado pela Faculdade de Santo Amaro em 1983 e membro diplomado pelo American College of Advancement in Medicine.
Uma característica interessante da carne vermelha é que para cada 1 grama de gordura saturada, ela tem 1 grama de gordura monoinsaturada (a mesma do azeite de oliva), ou seja, metade da gordura da carne pode trazer doenças e a outra metade, ajuda a neutralizar.
Até aqui estamos conseguindo responder bem esta questão e também tirar a condição da carne bovina do aspecto de vilã do cardápio. Você concorda? Agora vamos aprofundar mais.
O que as pesquisas mundiais mostram
A intenção é buscar saúde e para isso fomos buscar nos centros de pesquisas que trabalham por décadas com pesquisas de longo prazo, este é o caso do World Cancer Research Fund International, que é a principal autoridade mundial em pesquisa de prevenção de câncer relacionada à dieta, peso e atividade física.
Esta é uma organização sem fins lucrativos que lidera e unifica uma rede de instituições de caridade de prevenção do câncer com um alcance global. Essas instituições têm sede nos EUA, Reino Unido, Holanda e Hong Kong.
Desde que começou em 1982, a rede do fundo de pesquisa do cancro no mundo foi uma pioneira na pesquisa e na informação da saúde que faz a ligação entre o alimento, a nutrição, a atividade física e a prevenção do câncer. Um dos projetos incluem a de atualização contínua (CUP).
O que é o Projeto de Atualização Contínua (CUP)
O Projeto de Atualização Contínua é um programa contínuo para analisar pesquisas globais sobre como a dieta, nutrição, atividade física e peso afetam o risco de câncer e a sobrevivência. Entre os especialistas em todo o mundo é um recurso científico confiável e autoritário, que sustenta diretrizes e políticas atuais para a prevenção do câncer.
Os resultados do Projeto são utilizados para atualizar as Recomendações de Prevenção do Câncer , assegurando que todos, desde os interventores políticos até os membros do público, tenham acesso às informações mais atualizadas sobre como minimizar o risco de desenvolver a doença .
Como parte do Projeto de Atualização Contínua, a investigação científica de todo o mundo é recolhida e adicionada a uma base de dados numa base contínua e sistematicamente analisada por uma equipa no Imperial College de Londres.
Um painel independente de especialistas mundialmente conhecidos avalia e interpreta as evidências para tirar conclusões com base no corpo de provas científicas. As suas conclusões constituem a base para a revisão e, se necessário, nossas recomendações sobre como prevenir o câncer.
As análise de pesquisa global mostram que cerca de um terço dos cânceres mais comuns são evitáveis através de uma dieta nutritiva, mantendo um peso saudável e atividade física regular.
As recomendações são:
· Manter o peso saudável
· Atividade Física
· Evitar bebidas e alimentos que aumentem o peso corporal
· Consumir vegetais e frutas diariamente
· Consumir proteína animal com moderação
· Evitar bebidas alcoólicas
Por outro lado, 22 especialistas da Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC) avaliaram mais de 800 trabalhos publicados e foram ouvidos pela OMS que concluiu que o consumo de carnes processadas - salsicha, linguiça, bacon, salame, presunto, mortadela - está associado a um pequeno aumento no risco de câncer de cólon e reto. E, em menor grau ainda, ao risco de câncer de próstata e de pâncreas.
Como consequência, no ano de 2015, a carne processada foi colocada no Grupo 1, categoria que reúne fatores em relação aos quais há "evidências suficientes" de que podem causar câncer. Pertencem a esse grupo tabaco, asbesto, álcool, radiações solares e poluição.
O Dr. Dráuzio Varella médico cancerologista, brasileiro, formado pela Universidade do Estado de São Paulo (USP), pesquisador e formador de opinião recomenda: "Se quiser reduzir o risco de câncer e de outras doenças, não fume de jeito nenhum, beba pouco, faça exercícios, não engorde, coma quatro ou cinco porções de frutas e vegetais todos dias e não fuja dos prazeres da carne, sem exageros."
Para se ter conclusões absolutas sobre diferentes tipos de dietas é necessário pesquisas de longo prazo que envolva diferentes idades, nacionalidades e alto número de amostras para que se possa efetivamente afirmar que um determinado alimento, neste caso a carne bovina, seja o grande vilão da vida contemporânea.

Foto: Divulgação. aguadoce.com, 2016.
Um pouco mais de investigação
O site da BeefPoint apresentou no ano de 2004 um artigo baseado em revisão da Associação Nacional dos Produtores de Carne Bovina dos EUA (National Cattlemen's Beef Association - NCBA) onde eles afirmam que pesquisas recentes, incluindo estudos de longo prazo, compararam diretamente os efeitos da carne bovina magra com o de outras proteínas, como de frango ou peixe.
A seguir resumimos as partes mais relevantes deste estudo. Autores que fizeram parte deste artigo estão listados no final deste artigo, para quem quiser conferir e aproveitar como fonte de pesquisa.
O que chamou atenção no estudo é que a carne bovina magra pode ser efetivamente incorporada em planos de dieta com baixo teor de gordura, designados a reduzir os níveis de colesterol do sangue. Isso pôde ser demonstrado em estudos de curto prazo, com dietas bem controladas , bem como em estudos de longo prazo (até nove meses), com pessoas comendo com maior liberdade, aconselhadas a selecionar dietas que incluíssem carne bovina magra.
Além disso, estes estudos demonstraram que a carne bovina magra tem paridade com as carnes brancas magras se forem seguidas as diretrizes do Programa Nacional de Educação Sobre Colesterol. Estratégias recomendadas para redução da ingestão total de gordura de carnes (vermelhas ou brancas) incluem a seleção de cortes magros, redução da gordura visível dos cortes no varejo, escolha de métodos de preparo com baixa gordura e ingestão de porções moderadas (aproximadamente 170 gramas por dia).
Além disso, para se adequar a todas as diretrizes dietéticas, as recomendações incluem a ingestão de uma dieta balanceada, com escolhas de alimentos com baixo teor de gordura, além da ingestão de frutas, vegetais e grãos diariamente.
Esta revisão, feita pela equipe da Beefpoint, manteve seu foco na paridade das carnes magras brancas (principalmente frango/peixe) e da carne bovina magra em dietas com baixo teor de gordura designadas a reduzir os níveis de colesterol sanguíneo. Entretanto, há potencialmente muitos outros planos de dietas onde a carne bovina magra é totalmente equivalente a outras fontes de proteínas.
Exemplos podem incluir: dietas de controle de calorias ou para perda de peso, dietas para treinamento muscular/esportivo, dietas para controlar/reduzir a diabetes tipo II, dietas para reduzir a formação de pedras no rim, entre outras. Frequentemente, o principal critério está focado na adequação às recomendações dietéticas de gordura, gordura saturada, proteínas e carboidratos.
A carne bovina magra, como um alimento do grupo de carnes vermelhas/fonte de proteína, pode geralmente ser incluída em níveis recomendados. Com a disponibilidade de carne bovina mais magra, os consumidores devem saber que suas escolhas alimentares podem e devem incluir este produto.
Depois de tantas leituras, gráficos e alguns vídeos para compor este quadro acima apresentado, podemos afirmar que sem pesquisas de longo prazo e com quantidades significativas de participantes de diferentes idades e países torna-se frágil afirmar que um ou outro alimento isoladamente é prejudicial à nossa saúde.
Importante para o consumidor cobrar cada vez mais informações do que acontece do pasto ao prato, assim, todos poderão fazer suas escolhas de forma saudável, clara e segura. Com a saúde não se brinca!
Fontes:
Referências bibliográficas citadas pelo artigo da Beefpoint e checadas pela equipe CRPBZ.
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2.) The Expert Panel. Second Report of the Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults. (Adult Treatment Panel II). Washington, D.C.: U.S. Dept. of Health and Human Services; 1993. U.S. Dept. of Health and Human Services publication NIH 93-3095.
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Sites pesquisados:
Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC)
Organização Mundial de Saúde (OMS)
World Cancer Research Fund International ( textos traduzidos e adpatados)
Pesquisa e redação: Aryanna Sangiovani Ferreira (Zootecnista formada pela FAZU - Uberaba e Mestra em Planejamento e Desenvolvimento Rural Sustentável pela Unicamp).
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU