Mito ou verdade: o chiclete é feito da "baba e do couro do boi"?
Voltar
Você está em:
Vitrine do Zebu » Destaques
Publicado em 15/12/2016 às 09:00:48
- atualizado em 15/12/2016 às 09:11:39

Qual criança nunca mascou chiclete pelo menos uma vez na vida? E quanta história já se ouviu por aí sobre esse confeito? Na escola, sempre foi o vilão da vez. No cinema, pior ainda! Os dentistas que o digam, mas tudo em exagero acaba sim fazendo mal à saúde. Ninguém duvida disso. Mas, a pergunta que vamos fazer aqui é: o chiclete é mesmo feito a partir da "baba ou do couro do boi"? Leia e descobrirá a resposta. Você deve ter ouvido dizer que o chiclete é um tipo de doce que faz mal à saúde porque, além de outros fatores, é prejudicial aos dentes, principalmente. E pode ser que, para evitar que as crianças exagerassem na dose, era muito frequente alguém alertar sobre outros perigos que o doce poderia causar. Na década de 1950, os bons modos não conviviam bem com os adolescentes que adoravam frequentar as lanchonetes para paquerar e ouvir Rock'n'Roll. Ali, a goma tornou-se ícone cultural da "juventude transviada". Hoje, os tempos são outros.
Para evitar o consumo, muitos apelavam para as famosas "lendas urbanas", ou seja, aquela "estorinha" que é contada nas ruas, entre os amigos, quando chegam da escola e reúnem-se para brincar de pique-esconde ou outras brincadeiras do tipo. Tem também a professora na escola, que acha o costume não tão apropriado à "boa educação e a disciplina". Isso sem falar do dentista - o maior e mais interessado no assunto, e que, por sinal, tem lá suas razões. Dizia-se, antigamente, que o chiclete era feito da baba e do couro do boi. Crianças não gostavam de saber disso, claro! Mas, será que é verdade?
Na realidade, a receita do grude é simples, segundo diz a Revista Mundo Estranho (31 de julho de 2008). A goma-base, a "borracha" que dá a consistência ao doce, é o principal ingrediente. Antes, a substância vinha da seiva de uma árvore. Hoje, é sintética, feita de vários derivados do petróleo, como resina e parafinas. Além dela, há porções menores de açúcar ou adoçante, xarope de glicose, corantes e aromatizantes. Parece assustador? Até pode ser. Mas, por esse e outros motivos, a delícia não foi feita para ser ingerida. Ufa!

Propaganda da primeira marca de chicletes reconhecida no mundo todo: a Adams (década de 1920). Fonte: Pinterest, 2016.
Portanto, a lenda que relaciona o chiclete ao boi é exagerada. É possível que a confusão tenha vindo do fato de que a bala de goma, que é feita do colágeno bovino e está presente também na gelatina e outros doces, é um tipo de confeito antigo e ainda muito apreciado pelas crianças atualmente. O mocotó, sim, vem do boi. E, conforme você poderá saber através de outra matéria publicada aqui, não é prejudicial à saúde. Muito pelo contrário: faz bem e é essencial - além de ser muito gostoso!
É provável que o chiclete tenha surgido antes, mas uma versão historicamente reconhecida afirma que foi em 1872 que o inventor americano Thomas Adams fabricou o primeiro lote da guloseima em formato de bola e aromatizando as resinas naturais com extrato de alcaçuz. Nas décadas seguintes, ele abriu várias fábricas para atender a demanda crescente dos consumidores americanos pelo novo produto.
Ainda segundo a revista, em meados do século 20, especialmente após a Segunda Guerra Mundial (1941 - 1945), as resinas naturais foram substituídas por substâncias sintetizadas a partir do refino do petróleo. "O motivo para essa troca foi o custo de fabricação, já que a resina natural é muito mais cara que a borracha sintética", diz o engenheiro químico Múcio Almeida, gerente de desenvolvimento de produtos da Adams do Brasil.
Veja, a seguir, algumas curiosidades sobre o chiclete:
Curiosidades sobre o chiclete. CRPBZ, 2016.
Agora que você sabe o segredo, é importante ter alguns cuidados ao deliciar-se com ele. Com ou sem açúcar, é bom evitar os excessos. Os dentistas comprovam que os chicletes podem ser prejudiciais à saúde bucal, como muitos outros doces e similares também são. Crianças pequenas que engolem a goma com frequência correm o risco de ter as vias aéreas bloqueadas ou ter o fluxo intestinal interrompido. Outro alerta: mascar com a barriga vazia pode causar problemas estomacais, pois há um estímulo desnecessário à produção de enzimas gástricas.
Para saber mais, acesse no CRPBZ:
Boi não é só bife. É também doces & travessuras!
Autor(a): Mimi Barros é professora, educadora, historiadora do Museu do Zebu e colaboradora do CRPBZ.
Fontes: Revista Mundo Estranho, Chiclets Adams e mundodoce.com
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU