As quatro letras da sustentabilidade: ILPF
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Publicado em 20/03/2017 às 11:52:42
- atualizado em 20/03/2017 às 11:54:34
Integração Lavoura - Pecuária - Floresta é a resposta para quem quer reformar os pastos, diversificar a produção, melhorar o faturamento e cuidar do meio ambiente, dizem especialistas Sob a sombra de uma enorme Sibipiruna, um belo exemplar de Nelore descansa. Há poucos metros dali dezenas de espigas começam a se formar em uma pequena lavoura de milho. Caminhando um pouco mais já é possível avistar eucaliptos distribuídos em renques de linhas simples, que mais parecem um exército em formação. Conseguiu imaginar a cena? Pronto! Já deu o primeiro passo na criação de uma área que cultive a Integração Lavoura - Pecuária - Floresta (ILPF).
O conceito ILPF já foi amplamente debatido em encontros técnicos sobre o futuro da pecuária no Brasil, mas sempre que o assunto surge em uma roda de conversa à beira da cerca ainda é motivo de desconfiança para muitos produtores rurais.
A boa notícia é que aos poucos o 'bicho-papão' da incerteza está dando lugar à vontade de experimentar. Enquanto imaginava-se que o país tinha algo em torno de 3,5 milhões de hectares cultivados com a integração, e que os criadores de gado eram os mais resistentes a esse conceito, um estudo divulgado no fi m do ano passado revelou que o Brasil já tem 11,5 milhões de hectares cultivados com o ILPF. A pesquisa da consultoria Kleffmann Group apontou ainda que os pecuaristas foram os que mais investiram no conceito.
Para o pesquisador da Embrapa Cerrado, Luiz Adriano Cordeiro, o que tem acontecido é um melhor entendimento das vantagens que essa integração bem feita oferece. "A principal delas, claro, é um aumento no faturamento. Se eu produzo mais, se eu tenho mais diversificação, eu tenho mais fontes de renda. E não é só isso! Para cada tipo de cultura que eu integro, diferentes tipos de vantagens surgem", explica.
No caso da pecuária integrada com a lavoura, por exemplo, uma das possibilidades é a recuperação mais efetiva da pastagem. "Temos o exemplo de um criador tradicional, no interior de São Paulo que há uns quatro anos começou a investir na agricultura. Hoje, o maior benefício que ele encontra, além da renda e da diversificação, é a recuperação de pastos a custo praticamente zero, porque a agricultura paga. E estamos falando de um pasto de muita qualidade. Um pasto verdinho, em plena época de seca", diz Cordeiro.
Fonte: Revista ABCZ Ed. 96. 2017
O pesquisador da Embrapa revela que essa qualidade do pasto está associada justamente aos resíduos deixados pela agricultura no solo. É que a premissa principal da ILPF, como o próprio nome já diz, é integrar. É usar a mesma área para pasto e plantio, por meio da rotação.
E ainda de acordo com ele, essa 'herança' da lavoura na terra oferece melhor resultado que a adubação convencional. "Depois disso vêm desdobramentos que também são vantajosos. Com o pasto mais prolongado durante a seca, você tem, por exemplo, uma economia de silagem. Você acaba mudando todo o calendário da sua fazenda, porque está tendo oferta de forrageira de qualidade e um pasto que absorveu potássio, fósforo, nitrogênio... numa condição muito diferente do que o normal. Então o animal que está usando aquela forragem está tendo uma condição fisiológica e produtiva totalmente diferente", garante.
Mas, antes de implantar a ILPF, é preciso pesquisar, pois não existe uma receita pronta que vale para todas as propriedades. Mudar o perfil da fazenda vai exigir investimento financeiro, tanto em relação a maquinários e sementes, como também na qualificação profissional dos funcionários.
Por isso, a dica de ouro é descobrir as potencialidades da propriedade e as necessidades de mercado. "Você não pode, por exemplo, investir numa cultura se não tiver certeza de que vai conseguir escola. Outra dica importantíssima é conhecer bem as características do solo da sua propriedade, para não perder os investimentos", explica a pesquisadora da Embrapa Cerrado, Giovana Maciel.
E para você que chegou até esse ponto da leitura ainda mais disposto a implantar a Integração Lavoura - Pecuária - Floresta a última dica da pesquisadora é: ter paciência e perseverança! "Às vezes esse retorno financeiro demora. No primeiro ano talvez a produção da lavoura fique aquém do ideal, depois já produz um pouco mais. E assim vai melhorando gradativamente e o retorno financeiro vem", finaliza Giovana.
Fonte: Revista ABCZ, nº 96. 2017
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