Proteína Quanto é o adequado? Por Wilson Rondó
Voltar
Você está em:
Vitrine do Zebu » Destaques
Publicado em 23/03/2017 às 19:32:18
Você não vive sem proteína, que são os componentes principais do seu corpo: como músculos, ossos e hormônios. Tudo pode ser remédio ou tóxico, depende da dosagem.Atualmente há uma moda de se consumir dietas ricas em proteína.A maioria das pessoas com isso acabam consumindo mais proteína do que deveriam, excesso de amidos e pouca gordura boa.
O consumo excessivo de proteína pode, sim, causar ganho de peso, sobrecarga renal e espoliação de minerais dos ossos, particularmente se não consumir quantidade adequada de gorduras saturadas boas (óleo de coco, manteiga, banha de porco, carnes com gordura).
Portanto...
Nunca se deve consumir muita proteína sem gorduras boas. Mas o que é adequado para cada um? A dosagem recomendada pelo Instituto de Medicina é aproximadamente 1 grama de proteína por kg de massa magra.
Para se calcular isso, é necessário que você conheça a sua massa magra. É importante saber a sua porcentagem de gordura, por exemplo. Se a sua porcentagem de gordura é 25%, você deve subtrair esse valor de 100. Nesse caso, se você tem 25% de gordura, terá 75% de massa magra.
Então, multiplique essa porcentagem (no caso 0,75) pelo seu peso. O resultado encontrado é a quantidade em gramas de proteína que se recomenda por dia.
De forma prática, um o indivíduo que tem aproximadamente 70 kg de peso deve consumir 70 g de proteína. Mas vale lembrar que isso não significa o peso de uma peça de carne, por exemplo, crua, mas sim o peso do produto pronto quando no processo de cozimento perde líquido e gordura.
Portanto, essa é a quantidade de proteína que você precisa diariamente. Mas há exceções que de forma geral necessitam cerca de 100% mais proteína como:
• indivíduo sob alto grau de estresse
• idosos
• atletas
• gestantes
O que dizem as pesquisas
Segundo alguns pesquisadores, acima de 50 anos de idade, para se evitar a sarcopenia (perda muscular do envelhecimento), há necessidade de 2 g de proteína por kg de massa magra, ou seja, o dobro, pois no idoso há uma maior dificuldade de processar a proteína, o que promove maior requerimento.
Mas lembre-se que só proteína não é a solução para idosos, mas também treinos físicos para fortalecer os músculos e os ossos. Segundo estudo realizado no Japão, o consumo de proteína animal em quantidade adequada reduz o risco de declínio funcional, sendo que homens que consumiram muito peixe e carne vermelha tiveram 39% de redução de risco de declínio mental e físico comparado com quem comia menos proteína animal.
Pesquisa recente mostra também que pessoas entre 70 e 90 anos que consomem alta quantidade de proteína reduzem o seu risco de distúrbio cognitivo em 21%. Porém, para se ter o máximo de benefícios, é aconselhável consumir proteína de boa qualidade, tanto de origem animal como de fontes vegetais.
Consumir proteína só de fontes vegetais não é indicado pois é certeza de gerar desnutrição proteica subclínica, sendo um fator importante a deficiência dietética de enxofre, que deriva quase que exclusivamente de proteínas como peixe, carne vermelha e aves, por serem fontes de todos os aminoácidos sulfúricos que precisamos para produzir novas proteínas.
E lembre-se, não se deve aumentar excessivamente a ingesta de proteína, pois esta estimula a enzima mTOR (mammalian target of rapamicim) que é pró cancerígena, além de ter ação reguladora do processo de envelhecimento.
Como sempre digo, tudo pode ser bom ou tóxico, depende da dosagem.
Qualidade de proteínas
Além das quantidades, a qualidade é importantíssima. Por isso, consuma de preferência a carne de animais criados a pasto, o que vale também para o leite e ovos, que são bem superiores em qualidade comparado com produtos de animais confinados, que além do estresse animal, possuem contaminação por herbicidas, pesticidas, antibióticos, hormônios, indutores de crescimento, e alimentos transgênicos que esses animais consomem.
Acredita-se que carne vermelha de animais confinados possa estar induzindo danos, espalhando uma infecção de ação lenta, semelhante aos danos provocados pelo mal da vaca louca, e estaria a longo prazo induzindo a Doença de Alzheimer.
Referências bibliográficas:
- J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 1995 Nov;50 Spec No:5-8.
- J Nutr. 2015 Jul;145(7):1569-75
- Clinical Nutrition. December 2014, Volume 33, Issue 6, Pages 929-936
- Journal of the American Geriatrics Society. February 27, 2014
- J Alzheimers Dis. 2012 Jan 1;32(2):329-39.
- Am Journal of Physiology, Endocrinology and Metabolism. Jan 1, 2015: 308(1); E21-E28
* Wilson Rondó Jr. é Cardiologista e autor do livro "Sinal Verde para a Carne Vermelha".
Para saber mais sobre as abordagens do Cardiologista Wilson Rondó Jr., especialmente em torno dos benefícios da carne vermelha na alimentação humana discutidos em seu livro, veja o que ele e outros especialistas da área falam nos vídeos que compõem a série do Documentário: "A Saga do Boi de Cupim - Carne Saudável".
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU