Guzolando: uma mistura que deu certo
Voltar
Você está em:
Zebuinocultura » Destaques
Publicado em 03/04/2017 às 19:59:30
Cruzamento entre Guzerá e Holandês tem garantido bons resultados para criador mineiro Um rebanho que reúna rusticidade, longevidade e pequeno intervalo entre partos. É isso que você procura para melhorar a produção leiteira? Já encontrou! Presente nos pastos brasileiros desde a década de 20, as vacas Guzolando, que são resultado do cruzamento entre o zebuíno Guzerá e o taurino Holandês, têm sido a opção de criadores em diversas regiões brasileiras. E tem garantido bons resultados, independentemente do tipo de clima ou pastagem.
Em Curvelo, na região central de Minas, cerca de 100 fêmeas Guzolando ½ sangue enchem o balde de leite, ao mesmo tempo em que o pecuarista Dalton Canabrava Filho se enche de orgulho. O rebanho está na fazenda Olhos D'Água onde ele já criava vacas Holandesas e Girolando. "As Guzolando são, em sua maioria, procedentes do criatório do meu irmão, Rodrigo Canabrava, e da seleção Guzelact, meu afixo, havendo também alguns exemplares da Ical e Taboquinha", conta.
Ele explica que no período das águas o rebanho fica a pasto, com suplementação de ração comercial na sala de ordenha. A base é de 1 kg de ração para cada 3 litros de leite produzidos. Já na seca, quando o pasto é substituído por cana-de-açúcar, a alimentação é totalmente com a ração.
O controle leiteiro oficial do rebanho é feito pela ABCZ e teve início no segundo semestre de 2015. A média das primeiras 27 lactações, encerradas em 305 dias, foi de 7.384 kg/vaca. A produção em um ano beirou os 10 mil kg.
"Confesso que fiquei surpreendido com o resultado, tendo em vista a rusticidade das vacas e a simplicidade, sobretudo, no manejo sanitário. Comecei a abandonar de vez o Holandês e reduzir o Girolando, centrando meus investimentos no Guzolando", diz orgulhoso.
Presidente da ACGB Adriano Varela entrega premiação ao criador Dalton Canabrava durante Nacional da raça. Fonte: Revista ABCZ, Ed. 96.
E esses investimentos não foram apenas no tipo de cruzamento que ele já tinha na fazenda. Em outubro do ano passado, o pecuarista começou a controlar também as fêmeas Guzerá e as Guzolando ¼, instaladas em outra propriedade. Mudou o endereço e o rebanho, mas não mudaram os bons resultados. As vacas ¼ se mostraram ainda mais rústicas e de fácil manejo, com uma produção que ultrapassa os 20kg. "A Ariel, filha do meu touro Alegretto FIV IBIT JFPA, atingiu 31,72 kg em dezembro, quando as chuvas melhoraram um pouco o pasto", exemplifica.
Para o pecuarista, o resultado comprova que os animais Guzolando ¼, caminho para se chegar ao grau de sangue 5/8, não é necessariamente a 'geração do sacrifício'. E ele tem trabalhado nessa linha, inclusive fazendo FIV dos exemplares com esse grau de sangue.
Todos os animais do rebanho são registrados pela ABCZ, com os Guzolando na categoria CCG (Certificado de Controle de Genealogia).
Somando a aceitação do setor com a boa performance do rebanho em campo, o pecuarista tem certeza de que o cruzamento tem um futuro promissor no Brasil. "Eu não tenho dúvida de que o Guzolando, se for minimamente trabalhado em bases semelhantes às das raças concorrentes, vai ser um sucesso ainda maior na produção de leite a pasto nos trópicos. Afinal, uma vaca que pesa mais de 600 kg tem um residual de frigorífico muito bom e ainda produz, sem grandes exigências, mais de 20kg de leite. É o sonho de quem quer sobreviver da atividade", diz.
Fonte: Revista ABCZ Nº 96.
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU