RG: Espinha dorsal para incorporação de novas tecnologias
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Publicado em 25/05/2017 às 15:39:26
- atualizado em 25/05/2017 às 16:21:03
Por Larissa Vieira | Fotos: Adriano Garcia Ferramenta fundamental na seleção das raças zebuínas, o Registro Genealógico (RG) dos animais vem permitindo ao longo da história da pecuária brasileira a formação de um rebanho puro de alto valor genético. Atualmente, o banco de dados da ABCZ conta com informações de mais de 17 milhões de registros de nascimento e definitivo. Essas informações referentes à genealogia dos zebuínos são utilizadas por programas de melhoramento genético e por importantes centros de pesquisa para gerar avaliações genéticas. Também são utilizadas para definir os melhores acasalamentos para o rebanho.
A história do registro genealógico de animais domésticos de forma sistemática é antiga, remonta à Inglaterra do Século 18, quando surgiram os primeiros movimentos de documentar os acasalamentos e a genealogia dos exemplares. "No Brasil, os registros iniciaram dois séculos depois. Em 1936, o governo brasileiro, juntamente com os de outros países, assinou o Tratado de Roma que estabelecia as regras mínimas para validar as regras do RG.", conta Luiz Antonio Josahkian, superintendente Técnico da ABCZ. Dois anos depois, em 1938, a ABCZ recebia a autorização do Ministério da Agricultura para a execução do Serviço de Registro Genealógico de zebuínos.
Antes dessa oficialização, a documentação era feita por meio do "Herd Book da Raça Zebu", criado em 16 de fevereiro de 1919 com o propósito de assegurar a garantia da origem dos filhos dos animais importados da Índia. Os primeiros padrões raciais dos zebuínos foram definidos no ano em que a ABCZ, na época Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, passou a ser delegada do MAPA. Foram definidos os padrões das raças Gir, Nelore, Guzerá e Indubrasil. Posteriormente, foram estabelecidos os padrões das raças Sindi, Tabapuã, seguido do Cangaiam e Brahman.
Técnicos da ABCZ realizam 13 mil visitas por ano para realizarem o registro dos animais. Foto: ABCZ, 2017.
Atualmente, mais de cem técnicos executam o serviço em todo o Brasil. São feitas 13 mil visitas por ano em 10 mil propriedades, chegando a uma média de 580 mil registros por ano. "Para alguns pode parecer uma mera burocracia as exigências para se registrar um animal, mas é preciso esclarecer que a ABCZ trabalha mediante as regras determinadas pelo Ministério. É ele quem valida todo o Serviço de Registro no Brasil. Vale lembrar também que o Registro é baseado no direito de Ato Declaratório, ou seja, o criador responde legalmente pelos dados que declara no momento em que faz todas as comunicações exigidas para o registro genealógico dos animais.", esclarece Josahkian.
Considerado a pedra angular no processo de melhoramento zootécnico, o registro vai além de uma mera marcação ou identificação oficial do zebuíno. A raça que possui um serviço de registro fidedigno tem a garantia de um processo de melhoramento genético progressivo e autossustentável, principalmente perante o mercado e os investidores. O RG permite conhecer o valor de um animal a qualquer tempo, um acasalamento mais adequado, avaliar o genótipo dos animais pelo estudo de suas qualidades e defeitos, comparados com seus ascendentes e descendentes e com seus contemporâneos, além de agregar valor comercial.
Um estudo conduzido pelo Departamento de Pesquisa e Melhoramento Genético da ABCZ comprovou a superioridade dos touros PO Nelore. Quase três quartos da população de animais puros nascidos em 2014, que receberam o RGD, estão entre os 30% melhores animais de toda a raça, considerando o iABCZ. "Certamente, os resultados reforçam a percepção de que o selecionador de zebu, com o auxílio do conjunto ferramental oferecido pela ABCZ, tem direcionado as mudanças no perfil genético dos rebanhos puros no sentido do aumento da produtividade e excelência zootécnica", comenta Henrique Ventura, Superintendente Adjunto de Melhoramento Genético da ABCZ, ressaltando que essa seleção é aliada à consistência de padrão racial fixada ao longo das gerações.
Animais registrados (ABCZ). Foto: Divulgação.
De acordo com o levantamento, apenas 18,61% dos touros com RGD estavam classificados até Top 30% em 2001. Esse percentual subiu para quase 75% entre os animais nascidos em 2014. Ainda pelo estudo, foi comprovado um aumento expressivo no iABCZ médio dos touros puros com RGD. Em 2001, a média era de - 0,22, o que corresponde ao top médio de 62% e, com uma evolução genética significativa, observou-se que em 2014 tal média foi de 11,04, o que corresponde ao top médio de 15%. "Fica evidente que o touro zebuíno puro é sim um animal melhorador, capaz de promover mudanças genéticas importantes nos rebanhos comerciais de produção de alimentos", comenta Ventura.
Segundo Josahkian, o registro exerce uma forte pressão de seleção no rebanho, visto que apenas 20% dos machos com RGN (Registro Genealógico de Nascimento) recebem o RGD. "Embora estejamos entrando na era da genômica, essa base do registro genealógico sempre existirá. O programa de melhoramento por mais tecnologia que tenha só faz sentido se, quando terminar a avaliação genética, identificar lá no curral quem é o animal X ou Y. Essa identificação vem por meio do registro sistemático do rebanho. Ele é a espinha dorsal para incorporação de novas tecnologias.", assegura.
Fonte: Revista ABCZ - Edição Nº 96 (Janeiro/Fevereiro 2017)
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