RAÇA SIMGIR , com o especialista Ivan Luz Ledic
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Publicado em 04/07/2017 às 08:24:25
Ivan Luz Ledic é veterinário pela UFMG, mestre e doutor em Zootecnia.Pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Leite. Autor de livros sobre o Gir Leiteiro e seu manejo, tem uma longa história de apoio técnico à ABCGIL e ao melhoramento do Gir Leiteiro. É membro da equipe do PNMGL desde sua implantação em 1985 e coordenador do rebanho Gir Leiteiro da tradicional Fazenda Experimental Getúlio Vargas/Epamig, em Uberaba, MG. Com exclusividade para o Centro de Referência da Pecuária Brasileira - Zebu.org, publica artigo sobre a raça SIMGIR.
RAÇA SIMGIR , com o especialista Ivan Luz Ledic
SISTEMAS DE CRUZAMENTOS ENTRE RAÇAS
Como resultado da diversidade de microclimas que existem em todos os países do mundo tropical há várias alternativas que podem elevar a nossa produção em termos de estratégia de melhoramento genético.
Algumas das opções das várias estratégias para usar esses recursos genéticos deverão ser escolhidos em função das condições em que o produtor irá desenvolver a sua atividade. Assim, o criador poderá escolher animais ou raças que melhor se adequem nos seus recursos de sua propriedade, no mercado e em seus objectivos.
A produção de leite nos trópicos baseia-se na utilização de mestiços 'Bos taurus taurus' x 'Bos taurus indicus', que respondem por uma proporção estimada de 80% da produção nacional.
Os cruzamentos são usadas para explorar a heterose (combinação de genes) com o objetivo de promover a complementaridade de características adequadas entre raças. Com isso se pode combinar (ou mesclar) atributos que só estariam disponíveis separadamente nas raças, trazendo muitos benefícios sobre as características de rusticidade, resistência aos ectoparasitas, com menor produção de calor metabólico e menor exigência nutricional para manutenção, como também em melhoria nos aspectos reprodutivos.
Nota: O primeiro número da fração (numerador), quando nos referimos ao grau de sangue dos cruzamentos, é sempre a proporção do 'Bos taurus taurus'. Assim:
1/4 é 25% de Europeu,
3/4 é 75% de Europeu,
3/8 é 37,5% de Europeu,
5/8 é 62,5% de Europeu y
7/8 é 87,5% de Europeu, etc
Uma alternativa utilizada em muitos países é buscar a formação de uma nova raça com uma relação genética adequada, especialmente em suas afinidades biogenéticas.
A tendência de formação do composto de duas raças, estabelecendo a proporção de 5/8 (37,5% de Zebu), chamada cruzamento 'intersi' (ou para formar raça sintética), parece ser uma cópia do esquema adotado para a formação da Santa Gertrudes (5/8 Shorthorn e 3/8 Brahman), em 1910, no King Ranch, Kingsville, Texas, EUA.
O desenvolvimento do 5/8 justifica-se pela simplicidade da utilização dessa opção pelos produtores, pela homogeneidade dos animais obtidos, com o objetivo da disciplina e organizar o uso de um composto para a produção de leite nos trópicos.
Os diferentes graus de sangue, as diferentes formas de obter o 5/8, a importância de manter o programa como núcleo aberto para a entrada de novos genes, garantem a manutenção do efeito de heterose e o produtor pode criar o grau de sangue mais adaptável ao seu sistema de produção.
O cruzamento entre raças europeias e zebuínas (híbrido) apresentam valores médios de HETEROSE (superioridade dos filhos em relação à média dos pais) para a produção de leite variando de 17% a 28%. Para a duração da lactação de 5,8%, com 11% para idade ao primeiro parto e 9% para intervalo de parto.
Com base nesta premissa, o cruzamento aumenta o mérito individual dos animais, porém baixa os valores genéticos de um dos melhores pais entre eles. Por este motivo se deve sempre acasalar o melhor de uma raça com o melhor da outra raça. Se a média dos pais é baixa, os filhos também terão baixos rendimentos.
Cruzamentos qualquer um pode fazer (mestiços). Todavia essa ideia de que qualquer animal pode ser usado para cruzamentos para produzir bons descendentes é ultrapassada. Os animais ou raças tem que ser especializados para o que você deseja explorar. Se do lado dos pais, somente uma das raças é especializada para leite, não haverá nenhuma superioridade dos filhos porque sua produção será apenas a metade da produção da raça de origem leiteira. Além disso, você terá curta lactação e produção de leite baixa.
Muitos experimentos de pesquisa foram realizados, principalmente no Brasil, usando o Zebu selecionado para leite para cruzamento com raças taurinas, a partir do início dos anos 60. O desempenho deste novo cruzamento com Zebu para leite (em relação a outros zebuínos de corte) mostrou que o efeito da heterose foi mais pronunciado. Os F1 (ou 1/2 sangue) tiveram maior produção de leite e os animais desses acasalamentos tinham maior período de lactação e maior persistência na produção de leite.
Importante dizer que quando se fixa o grau de sangue deste híbrido a frequência de genes deve ser explorada através da seleção, porque se espera que ocorra apenas 2% de heterose após a estabilização desejada (bimestiço).
Nesses animais do cruzamento de taurino especializado com 'indicus' leiteiro, bem como as combinações que promovem heterose, haverá genes vindo do Zebu que estarão presentes e fixados no genótipo dos descendentes, capazes de sustentar um processo seletivo com base na avaliação pelo teste de progênie, mesmo em cruzamentos subsequentes para novos graus de sangue.
Por isso é importante salientar mais uma vez que as duas raças escolhidas, como base para a formação da nova raça, devem ser especializadas e selecionadas para leite, para que possam ser submetida ao processo de seleção.
Hoje o Gir Leiteiro brasileiro e o Simental tem touros testados pela progênie e existem vacas com valor genético estimado para o leite. Assim, os animais de diferentes graus de sangue desse cruzamento dessas raças, de 1/2 até 5/8 da primeira geração, terão os pais com origem superior conhecida.
O SIMENTAL
Raça Simental originou-se na Suíça, 350 anos atrás, criados na região montanhosa do vale do Rio Simen, do qual deriva o seu nome (Simmentaler Fleckvie ou Tacheté-Rouge). Em 1806 foi criado, em Berna, o livro de registo da raça. Em 1857, durante a 1ª exposição na Suíça foi realizada a classificação dos animais da raça e, em 1862, foi iniciado o registro genealógico dos animais. Em 1890 foi criada a Associação Suíça do gado Simental vermelho e branco.
O interesse econômico por essa raça imediatamente ultrapassou as fronteiras suíças e ocuparam os países vizinhos, como Áustria (linhagens Austrovieh e Alpen Fleckvieh), Itália (linhagens Valdostana e Pezzata Rossa Friulana), França (linhagens Tachetee de L'Est ', Montbéliard, Pie Rouge e Abondance), Alemanha (Deutsche Fleckvieh).
Em cada um desses lugares foram 'naturalizados' e assim desenvolveram novas populações próprias, devido à flexibilidade genética da raça para atender os seus interesses de cada região. Hoje o Simental é uma raça cosmopolita presente em todos os continentes, sendo um dos maiores genótipos em todo o mundo (aproximadamente 40 milhões de cabeças).
A primeira importação da raça nas Américas foi em 1886 pelos Estados Unidos. Na América Central foi a Guatemala consideradao o segundo país das Américas a importar a raça em 1897. Na América do Sul foi o Brasil em 1904.
Como a raça foi criada em regiões montanhosas, tornou-se a mais forte fisicamente e adaptada às variações térmicas, com ótima capacidade digestiva e respiratória (maior número de células vermelhas do sangue), além da excelente musculatura e esqueleto forte.
Os animais da raça Simental são rústicos, dóceis e adaptáveis a muitas adversidades produtivas, apresentam precocidade e longevidade, tanto que existe o Simental sul-africano, linhagem selecionada desde 1895 (têm sua origem na linhagem alemã, hoje com maior capacidade de adaptação em relação às condições de alta temperatura e alta radiação, com animais com maior pigmentação e pelos curtos).
O Simental caracteriza-se por sua cor corporal que varia de amarelo ao vermelho, com regiões brancas na cabeça, partes inferiores, cauda e pernas. Manchas brancas também podem ser distribuídas em outros lugares do corpo. O focinho do Simental é claro e seus chifres além de finos possuem cor branca-amarelada com pontas vermelhas. As fêmeas pesam, em média, entre 600 e 750 kg e os machos entre 900 e 1100 kg, com altura variando entre 1,40m e 1,60m.
Mundialmente a raça Simental é conhecido como para dupla finalidade (carne e leite). A especialidade da produção de leite foi desenvolvida por muitos criadores através da seleção dos animais, devido à alta qualidade e valorização de produtos lácteos dos subprodutos, tais como os queijos.
Desta forma, a produção de leite do Simental tornou-se mais importante do que a produção de carne em muitas linhagens, durante a evolução da raça, principalmente a alemã.
Na Alemanha manejam o Simental sob o sistema de cooperativa, que tem mais de 1,3 milhões vacas registradas com uma média de produção por lactação acima de 7.200 kg de leite e sete lactações em sua vida util. A pressão da seleção da prova efetuada é obter 30 touros avaliados por 38% de leite, 16% carne e 46% 'fitness'.
O Simental tem uma produção média de 23 kg por dia. Seu leite é rico em sólidos totais e tem menor número de células somáticas, atributos que agregam valor ao leite e garante maior saúde do úbere e sua vida produtiva. O desmame dos bezerros ocorre em torno do sétimo mês de vida, com os animais pesando entre 250 e 300 kg, com a idade ao primeiro parto com 2 anos de idade. Os machos são aptos para a reprodução entre 10 e 13 meses de vida.
O GIR LEITEIRO
Se a natureza deu raças para produzir carne e leite em clima temperado, certamente criou para os trópicos. E este gado estava na Índia. O Brasil foi o único país na América a importar Zebu da Índia, trazendo as raças Cangain, Gir, Nelore, Guzerá e Sindi.
Os primeiros exemplares introduzidos no Brasil chegaram em 1898 e 1903. Outras importações da Índia foram extremamente importantes para a formação do Zebu brasileiro. Foram efetuadas importações em 1918, 1919, 1930, 1952, 1956, 1958 e a última em 1962. No entanto, em 1976, foram adquiridas da Índia 350 embriões.
No Brasil as raças importadas da Índia foram submetidas a processos de seleção e melhoramento pelos produtores, desde o início da sua introdução. O livro genealógico do Zebu foi organizado em 1919, com a Fundação da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (SRTM). O Ministério da Agricultura, em 1938, delegou a essa Entidade executar todos os registros genealógicos. Em 1967 a SRTM foi transformada na Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), com sede própria em Uberaba.
Os Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) possui hoje 21 mil membros e um banco de dados com mais 12 milhões animais registrados, com dados de provas zootécnicos e avaliação genéticas dos animais submetidos a Testes de Ganho de Peso e Controle Leiteiro, bem como prêmios em todas as exposições.
Cabe destacar que todo o Zebu existente nos países da América são procedente do Brasil.
Nota: O Zebu tem uma característica única entre os bovinos. Tem sensibilidade e movimento da pele, igual aos cavalos, porque seu panículo muscular é mais desenvolvido junto ao folículo piloso, o qual batizei de 'sistema nervoso pilo motor sensitivo', além da pele do Zebu ser mais fina em relação a outros taurinos, o que permitem essa reação tátil.
A Raça Gir criada no Brasil corresponde à raça do mesmo nome na Índia, que está incluído no grupo III da classificação de Joshi & Phillips (1953). É originária da região de Gir na Península de Kathiawar, juntamente com as raças do tipo Mysore, ao sul e das raças da região montanhosa, ao norte. Hoje está espalhada em toda a Índia como o a mais produtiva para o leite.
O Gir tem uma característica - é a única raça bovina com crânio ultra convexo. Além disso, das raças Zebuínas, o Gir é que apresenta a maior variedade de pelagem. No que se refere à cor dos pelos e sua distribuição (incluindo a vassoura da cauda e cílios), podemos classificar a pelagem do Gir nas cores: vermelha, amarela, rosilha, moura vermelha, moura escura, moura clara, chitada de vermelho ou amarelo, vermelha ou amarela escura e vermelha ou amarela gargantilha.
Na década de 1930, quando a raça Gir tinha grande valor no Brasil, alguns criadores buscaram, nas fazendas desta raça, espécimes que se destacavam pela capacidade leiteira. A preocupação de todos era o leite e por isso foram usadas algumas linhagens de touros importados ou descendentes daqueles que mostraram maior capacidade para esse atributo. Muitas vacas que se destacaram na produção de leite também deram origem a esses rebanhos que iniciaram sua seleção para leite.
O controle leiteiro oficial nestes rebanhos de Gir Leiteiro foi implantado em 1960, depois de uma reunião de criadores que queriam medir sua produção. Em 1980, para distinguir o Gir selecionado para leite para o outro Gir, chamado 'dupla aptidão', se fundou a ABCGIL (Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro).
Em 1985, a ABCGIL implementou o programa de Teste de Progênie dos touros e a Avaliação Genética das Vacas, juntamente com a Embrapa Gado de Leite. Anualmente, desde 1993, publica-se o catálogo dos touros avaliados. Já foram avaliados 24 grupos, num total de 375 touros até 2017.
Existem mais 353 touros em avaliação, com resultados que serão lançados a partir de 2018 até 2023 (± 40 touros / ano). Além do leite também são avaliados outras características morfológicas para que o criador possa ter opções para melhorar outros atributos.
A consolidação e fixação de uma raça ocorrem somente se ela oferecer atrações adicionais, como ganhos de produtividade que impliquem em ganhos econômicos, redução dos custos de produção e dos inúmeros riscos que envolvem a produção pecuária.
O Gir leiteiro por várias gerações está em um processo contínuo de melhoria, com produções medidas oficialmente, que permitem distinguir os animais pelo desempenho e não por indicadores subjetivos que podem vir a ser ou produzir, como algumas raças ou linhagens do próprio Gir.
Para isso foi fundamental a realização de provas zootécnicas e julgamento de animais em exposições, o que ajudou a dar visibilidade e tornar disponíveis informações consistentes quanto à qualidade dos animais. A partir desse trabalho o Gir Leiteiro ocupa hoje um lugar de destaque na pecuária leiteira do Brasil, que o torna preferido para cruzamento com gado europeu, para a obtenção de animais com rusticidade e boa produção de leite. Cabe destacar que o Gir Leiteiro é a base para a formação da raça Girolando brasileira.
Os animais Gir Leiteiro são produtivos, longevos, rústicos, dóceis. As vacas têm boa habilidade materna, hábito de pastejo noturno e nos dias com calor, uma termo regulação eficiente, boa resposta de ovulação nos processos de TE e fertilização in vitro, possuem úbere volumoso e harmonioso, com ligamentos evidentes, fortes e apropriados para a ordenha mecânica. Os machos têm muita libido para executar monta natural no campo.
O leite do Gir leiteiro tem alta taxa de sólidos totais e gordura, proteína Beta Caseína A2 (antialérgico). Tem períodos médios de lactação de 290 dias e de 3.800 kg de leite, controladas oficialmente em sistemas de produção que se aproxima da realidade do homem do campo, que vive de sua atividade cotidiana com base na produção em condições adversas (de clima e fatores sócio-culturais próprios).
O Gir Leiteiro no Brasil se consagrou como uma referência global de rebanho Zebu para produção de leite, porque, além de desempenho, é está submetido aos mais modernos métodos de análises estatísticas e teste de avaliação zootécnica do desempenho funcional, com touros provados pela progênie
O Programa de Teste de Progênie permitiu garantir a evolução dos ganhos genéticos nos processos de melhoramento da raça, pela precisão em utilização dos animais avaliados, dando credibilidade e confiança nos processos de seleção, com reconhecimento internacional. Países como Bolívia, Colômbia, Venezuela, Equador, Panamá, Guatemala, Costa Rica, Honduras, Nicarágua, El Salvador, República Dominicana e México, bem como alguns países africanos, hoje tem leite de rebanhos Gir importado do Brasil, usado como raça pura ou para cruzamentos.
DESENVOLVIMENTO DA RAÇA SIMGIR
Ainda que diversas raças compostas tenham sido desenvolvidas no mundo, particularmente nos Estados Unidos, através do uso de genética Zebu, foi feito a Santa Gertrudis, o Brangus e Beefmaster, além do Brahman. Alguns criadores americanos fizeram o cruzamento de Simental com Brahman, surgindo o Simbrah como uma raça para produção viável de carne. Embora o cruzamento do Brahman e Simental ter começado com os criadores, no final da década de 1960, o primeiro registro de um animal Simbrah ocorreu em 1977.
Por outro lado, na Costa Rica, no início da década de 1980 e nos dez anos seguintes, o engenheiro agrônomo Dr. Edgar Sanchez, foi presidente da Asocebu, quando ele conseguiu separar o gado Zebu que tinha em seu país nas diversas raças específicas.
Começou-se a fazer registros genealógicos no Ministério da Agricultura, com o consequente aumento da genética indiana e seus cruzamentos. Já por então ocorreu uma mudança nos padrões tradicionais de produção de leite das regiões de altitude da Costa Rica com raças 'Bos taurus', para as terras baixas com temperatura elevada, iniciando assim os cruzamentos com 'Bos indicus', principalmente pelos custos mais baixos da terra.
Edgar Sanchez, presidente Asocebu Costa Rica e Roberto Lamounier, Juiz da ABCZ
Em 2000, com visão na história do Simbrah, Edgar, em sua fazenda La Roca localizada na área Pacifico Norte da Costa Rica, em Guanacaste (com altas temperaturas e umidade relativa), começou a cruzar vacas vermelhas zebu (com algum grau de sangue Gir e Guzera) com touros Simental alemão com alto teor de pigmentação (avaliados pela progênie para leite e carne), da sua fazenda em Sacramento na zona de altitude fria (2.200 m do nível do mar), em Heredia.
Figura 1 - Inicio dos trabalhos para formação do SIMBRAH
Nos 1/2 sague deste cruzamento de Zebu com Simental saíram vacas muito fortes com muita habilidade materna de tamanho mediano, longevas, rústicas e leiteiras.
Gado simental na Fazenda Sacramento
Nos 1/2 sague deste cruzamento de Zebu com Simental saíram vacas muito fortes com muita habilidade materna de tamanho mediano, longevas, rústicas e leiteiras.
Vacas 1/2 Simbrah na Fazenda La Roca
Com as de meio sangue voltou a cruzar com Simental para obter o 3/4 Simental. As 3/4 eram muito bem pigmentados, muito fortes, com muito músculo e boa produção leiteira e pernas corretas.
Vacas 3/4 Simbrah
Por outro lado, os criadores brasileiros já alcançavam grande sucesso com o Programa de Teste de Progênie do Gir leiterio, executado pela Embrapa Gado de Leite e Associação de Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL), a partir de 1985, dirigido por uma equipe onde estava o Dr. Ivan Luz Ledic, que também era Diretor Técnico da ABCGIL.
Edgar, em 2006, em contato com esse pesquisador, em Uberaba, Minas Gerais, verificada a qualidade das vacas Gir Leiteiro na Exposição Megaleite e ficou impressionado. Edgar, nessa exposição, também observou o sucesso e qualidade do Girolando do Brasil, por causa do uso multiplicador de touros provados Gir leiteiro. Ele visitou com Dr. Ivan centrais de inseminação no Brasil e viu catálogos com os resultados touros Gir Leiteiro avaliados pelo Teste de Progênie.
Nesse mesmo ano ele foi com o Dr. Ledic ao México, onde foi apresentado ao criador Manuel Suarez, de Brasuca Agropecuaria, em Villahermosa, o qual possuía vacas Gir Leiteiro de origem brasileira das melhores linhagens. Desse contato surgiu uma parceria para a criação de Gir Leiteiro na Costa Rica.
Ivan, Edgar e Manuel em Villahermosa, México, com Gir Leiteiro de origem brasileira
Assim Edgar passou a ter vacas Gir Leiteiro para fazer FIV e formar um rebanho de Gir Leiteiro para usá-los também no processo de fertilização in vitro para produzir 1/2 sangue com uso de sémen de touros Simental da Alemanha.
Gir leiteiro do México e da Fazenda La Roca em 2007
Em 2007, aproveitando-se das informações das provas do Gir Leiteiro brasileiro, Edgar, utilizou somente sêmen de touros provados do Brasil, com PTA positivo para leite, com a exigência de ter cor vermelha, pigmentados e pesados, acima de 850 kg e com boa informação quanto as características de conformação avaliadas em Teste de Progênie.
Nesse momento começou a usar sêmen de Gir Leiteiro em vacas ¾ Simbrah, que já tinha, para obter um gado melhor para produção de leite, garantido pela qualidade dos touros Gir comprovados. O resultado deste 3/8 foi incrível. Vacas com produção de leite ideal, com aparelhos mamários modernos, mamilos pequenos e úberes firmes e volumosos.
Vacas 3/8 cruza, filhas 3/4 Simbrah com Gir Leiteiro
Em 2010, Edgar renomeou Simbrah para SIMGIR, por sugestão do Dr. Ledic que estava em sua fazenda para avaliar o seu trabalho. Naquele momento se formou outro composto leiteiro (formado com dois pilares sólidos de duas raças de seleção leiteira), um 'Bos taurus taurindico' especializado e adaptado aos sistemas produtivos, economicamente viável para condições tropicais e subtropicais.
FIGURA 2 – Mudança para uso do Gir Leiteiro em vacas Simbrah 3/4
Nessas vacas 3/8 obtidas de Gir Leiteiro, fez o 5/8 utilizando sêmen de touros Simental Alemão.
Vacas 3/8 filhas de Gir Leiteiro com bezerros 5/8 filhos de Simental
Outra surpresa, vacas com produções de leite a pasto de 14 kg em sua primeira lactação, rústicas, pernas corretas para locomoção, férteis e touros musculosos com uma formação excepcional para frigorífico.
Primeira vaca SimGir em produção
Agora uma nova etapa. A partir de 2015 Edgar está fazendo 1/2 sangue usando touros provados Simental alemão em vacas Gir Leiteiro de origem brasileira que tinha comprado no México, como também passou a fazer 1/2 sangue em suas vacas Simental utilizando sêmen de touros Gir Leiteiro provados do Brasil.

Vacas Gir Leiteiro na Finca La Roca e as novas 1/2 sangue SimGir
Nessas vacas 1/2 sangue vai fazer cruzamento com touros Gir Leiteiro provados no Brasil para obter 1/4 Simental (3/4 Gir Leiteiro). Nestas vacas 1/4 irá usar o sêmen de touros Simental com testes para o leite e produzir 5/8. Assim conseguirá obter o SimGir com menos uma geração de cruzamento (em relação ao que vinha fazendo), obtendo animais especializados para produzir leite para sistemas tropicais, com toda a genealogia conhecida.
FIGURA 3 - Nova Fase - O SimGir
Hoje, após 17 anos de trabalho, Edgar tem várias opções de acasalamento nas suas vacas 5/8. Voltar com o Simental, retornar com Gir Leiteiro, ou usar touros 5/8 Simental avaliados e selecionados na fazenda para obter o bimestizo SimGir.
Atualmente na Colômbia, no Brasil e Panamá, alguns criadores de Simental também estão fazendo o mesmo trabalho de Edgar Sanchez para formar o SimGir, depois que eles ficaram sabendo desses obtidos na Fazenda La Roca. Produtores de leite da Costa Rica, Guatemala, Nicarágua, El Salvador e México estão adquirindo animais Simgir 'La Roca' e começando a fazer deste gado uma alternativa de produzir em seus sistemas de produção.
Raça Simgir
CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU