Sergio Schlesinger, O gado bovino no Brasil Voltar

Você está em: Pesquisa » Artigos Publicado em 04/09/2017 às 09:43:56
Foto: Carlos Lopes

O gado bovino está presente no Brasil desde os primeiros anos que se seguiram após a chegada dos portugueses. Os historiadores apontam a pecuária bovina como a principal atividade econômica que iria, ao longo do tempo, desenhar os principais contornos de sua atual extensão territorial.
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A criação de gado bovino no Brasil é, de longe, a atividade econômica que ocupa a maior extensão de terras. Segundo o censo agropecuário de 2006, do IBGE (2007), as áreas de pastagens ocupam no país aproximadamente 172 milhões de hectares, enquanto as destinadas à lavoura totalizam menos de 77 milhões de hectares.

 

O Brasil possui o segundo maior rebanho bovino do mundo, suplantado apenas pela Índia. Dado que a Índia não se utiliza de seu gado bovino para fins comerciais, tendo em vista questões religiosas, o rebanho bovino brasileiro é considerado o maior rebanho comercial do mundo. Entre 1990 e 2007, a produção de carne bovina mais que dobrou, passando de 4,1 para mais de 9 milhões de toneladas, com ritmo de crescimento bem superior ao de sua população e de seu consumo. Esta combinação de fatores permitiu que o Brasil se tornasse o maior exportador mundial, ultrapassando a Austrália, a partir de 2004.

 

Na produção de leite, o país ocupa hoje a sétima posição no ranking mundial, com um volume aproximado de 27 bilhões de litros/ano. O Brasil vem se consolidando também como um dos grandes exportadores mundiais de produtos lácteos, ao lado de Nova Zelândia, Austrália e países da União Européia.

 

Mais da metade do mercado mundial de carne bovina, que movimenta 7 milhões de toneladas por ano entre exportações e importações, está hoje nas mãos de empresas brasileiras. O que explica o fato é o movimento de internacionalização do setor, iniciado em 2005, que ganhou força em 2007 e 2008, quando frigoríficos como JBS-Friboi, Bertin e Marfrig fizeram grandes aquisições no exterior. O Brasil já respondia, em 2007, por 33% das exportações mundiais de carne bovina, seguido de longe pela Austrália, que tinha 19% das vendas externas.

 

O gado bovino tem também importante presença histórica em nosso país, até mesmo em sua própria formação territorial. Durante séculos, a criação de gado bovino no Brasil foi tratada como atividade secundária. A tração animal, a produção de carnes, couros e outros produtos destinava-se a apoiar as atividades centrais, historicamente vinculadas à produção de commodities de exportação, desde o início da cultura da cana-de-açúcar na região Nordeste.

 

Hoje, as regiões Norte e Centro-Oeste, onde se situam a Floresta Amazônica e o Cerrado, são as que apresentam as maiores taxas de expansão do rebanho bovino no Brasil. O atual ciclo de expansão do gado bovino é considerado o principal fator de destruição da Floresta Amazônica. Estudos recentes apontam também forte efeito da produção pecuária, especialmente criação de gado, sobre o efeito estufa.

 

Embora a carne bovina seja consumida em quantidade expressiva no mercado interno, as análises produzidas pelo governo sobre este segmento se limitam, em geral, a focalizar os problemas a serem enfrentados em direção ao aumento contínuo das exportações. Sobre a questão sanitária, por exemplo, o mais recente estudo sobre a cadeia produtiva do gado bovino promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento enfoca a questão da seguinte forma:

 

"As questões sanitárias, particularmente aquelas ligadas à febre aftosa,

condicionam o desenvolvimento da pecuária no Brasil. Ela compromete a

exportação de carne in natura e ainda não foi plenamente erradicada. Em

período recente, ainda ocorreram focos em várias regiões do País. Além

disso, as recentes suspeitas de focos no Paraná são acontecimentos que por si

só influenciam negativamente a imagem do País no mercado internacional. A

certificação de propriedades e o registro de animais, exigência cada vez mais

acentuada pelos países importadores, também são fatores condicionantes ao

desenvolvimento do setor." (MAPA, 2007)

 

Com os olhos voltados para o mercado exportador, o mundo oficial produz e divulga números de informações gerais de qualidade incompatível com a dimensão deste setor no Brasil. A área total ocupada e o total do rebanho, por exemplo, são dados que variam tremendamente, para um mesmo período, a depender da fonte oficial que os produz e da metodologia empregada.

 

O mesmo se dá no que diz respeito à dimensão das áreas degradadas em função da atividade, da geração de empregos, da qualidade da carne vendida no mercado interno. Se a questão social é ignorada, a ambiental geralmente se limita à preocupação com a imagem do Brasil, de modo a não prejudicar suas exportações, em particular no que diz respeito à destruição da Amazônia.

 

Buscamos, com este texto, começar a desvendar e organizar as informações gerais sobre o gado bovino brasileiro e seu significado na economia, na sociedade e no meio ambiente. Começamos com uma breve observação sobre sua história.

 

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