Foto ilustrativa: portal DBO

As forrageiras tropicais têm um comportamento típico; crescem e produzem 80% de seu potencial no período das águas e o reduzem para drásticos 20% no período seco. Isso resulta na necessidade de se aplicar técnicas de conservação do excedente para ser consumido no período seco. Dentre elas, destaca - se a ensilagem. Utilizada há mais de 3 mil anos e acessível à maioria dos produtores, a ensilagem manteve seu princípio preserva do através do tempo, ou seja, a conservação dos nutrientes dos alimentos pelo uso da fermentação anaeróbia, a ausência de oxigênio.

Autor: Luiz Antônio Josahkian

 

As forrageiras tropicais têm um comportamento típico; crescem e produzem 80% de seu potencial no período das águas e o reduzem para drásticos 20% no período seco. Isso resulta na necessidade de se aplicar técnicas de conservação do excedente para ser consumido no período seco.

 

Dentre elas, destaca - se a ensilagem. Utilizada há mais de 3 mil anos e acessível à maioria dos produtores, a ensilagem manteve seu princípio preserva do através do tempo, ou seja, a conservação dos nutrientes dos alimentos pelo uso da fermentação anaeróbia, a ausência de oxigênio.

 

O processo bioquímico que envolve a ensilagem é complexo e requer procedimentos adequados para se obter um produto de qualidade. Ele envolve não só o ali mento em si, mas, fundamentalmente, a microflora epifítica das forrageiras - uma rica e complexa rede de microrganismos que as povoam simbioticamente.

 

Entre esses microrganismos se destacam as bactérias produtoras de ácido lático (BAL). Essas bactérias são o ponto - chave para a produção de uma boa silagem se outros fatores como teor de umidade, capacidade tampão da cultura e carboidratos solúveis em água não limitarem o processo de fermentação.

 

Elas são anaeróbias, ou seja, vivem na ausência de ar utilizando a energia de carboidratos. Produzem ácido lático, que, por sua vez, reduz o pH da matéria ensilada à níveis ao redor de 3,8 a 4,2.

 

Acontece que a microflora que habita as forrageiras tem outros microrganismos, entre eles as enterobactérias, que se opõem à ação da BAL. Sua presença em silagens não é desejável, pois, dada a sua natureza anaeróbia facultativa, com petem com as BÀL por nutrientes antes e após a ensilagem.

 

Outro grupo são as bactérias do gênero Clostridium, que produzem compostos que tornam a silagem inadequada para consumo, tais como o ácido butírico, que a rancifica, e elevam o pH para níveis superiores a 5, o que oportuniza a proliferação de outros microrganismos nocivos aos animais.

 

Além das desejáveis bactérias produtoras de ácido lático e das enterobactérias, existem outros microrganismos que são de menor relevância, mas não desprezíveis, como fungos, leveduras e bacilos.

 

Os aspectos fundamentais para se obter uma boa silagem podem ser resumidos em trabalhar com forrageiras com mais de 25% a 30% de matéria seca, no caso dos capins, e com disponibilidade adequada de carboidratos sub metidas a uma fermentação absolutamente anaeróbica. Isso cria o ambiente favorável para a proliferação da BAL.

 

Já na presença de ar e água em excesso dentro do silo, o crescimento das enterobactérias é favorecido. Isso explica a importância fundamentai da correta compactação durante a confecção da silagem e o uso de forrageiras com nível de matéria seca adequada.

 

Vale lembrar que alguns clostrídios podem trazer sérios problemas à saúde, como, por exemplo o Clostridium botulinum, que pode causar botulismo, uma doença que pode ser letal para os bovinos e que protagonizou o recente episódio da morte de mais de 1.000 bois em um confinamento em Mato Grosso do Sul.

 

No entanto, essa espécie não tolera acidez e não se desenvolve em silagens bem fermentadas. Além disso, esses microrganismos não fazem parte natural mente da microflora epifítica das forrageiras e sua presença só se explica por uma contaminação externa. Isso nos faz refletir sobre a importância de se observar os procedimentos higiênicos e técnicos recomendados durante o processo da ensilagem.