Mastite: a vilã da produção leiteira
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Publicado em 28/11/2018 às 10:00:23

Especialistas alertam sobre os riscos e o combate à doença, que é uma das principais causas de prejuízo na cadeia produtiva do leite.Por Mário Sérgio Santos
De uma hora para outra você percebe que aquela matriz, que sempre foi referência em produção leiteira no rebanho, começa a diminuir a produtividade. Percebe também que esse mesmo animal muda o comportamento, apresentando sinais de apatia. Pronto! O sinal amarelo foi aceso, e as chances de um diagnóstico que assusta qualquer criador ficam ainda mais evidentes: a mastite.
"A mastite é uma infecção da glândula mamária, que pode ser causada por vários agentes, como bactérias e fungos. Além da queda na produção, típica de uma matriz acometida pela doença, o quadro clínico pode evoluir para complicações mais graves, afetando o bem-estar e a produtividade de maneira permanente em alguns casos", explica Mariana Alencar, zootecnista e gerente do PMGZ Leite/ ABCZ.
Mariana ressalta que o alerta para a doença é muito importante, já que se trata de um processo inflamatório de caráter contagioso e de fácil transmissão. "Alguns animais têm resistência maior à doença, mas de qualquer forma o criador deve realizar as boas práticas de ordenha. Por isso, a prevenção e a forma racional de tratamento são tão importantes, uma vez que os riscos e prejuízos que a doença pode causar, na maioria das vezes, são muito grandes", alerta.
Entre esses prejuízos, o médico veterinário e coordenador do Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Veiga dos Santos, considerado um dos maiores especialistas do setor no país, destaca que a mastite, além de reduzir a produtividade e a qualidade do leite, também compromete o bem-estar das vacas. "As perdas econômicas causadas pela mastite são consequência direta da redução de produção de leite, da perda de qualidade e dos demais custos, como gastos com diagnósticos e tratamentos, e até o descarte do animal", destaca.
Sobre as formas como a doença pode se manifestar, Santos ressalta que a Mastite pode ser divida em dois grandes grupos: a mastite clínica e a mastite subclínica (saiba mais no box abaixo), sendo que o tratamento, algumas vezes, pode representar a perda integral de toda a produção do animal. "No caso da mastite clínica, o produtor praticamente se vê obrigado a tratar a vaca, pois seu leite não pode ser comercializado. Além disso, sem o tratamento, corre-se o risco do agravamento do caso e, como resultado, a vaca pode perder o quarto mamário ou ter a sua capacidade produtiva seriamente comprometida", ressalta ele, complementando que não se pode usar este mesmo raciocínio para a decisão de tratar ou não casos de mastite subclínica em rebanhos leiteiros, já que tratamento da mastite durante a lactação é recomendado somente para os casos de mastite clínica, enquanto nos casos da doença na modalidade subclínica recomenda-se o tratamento no momento da secagem.
Já quando o assunto é prevenção, o especialista destaca que algumas mudanças de postura, na hora da ordenha, são fundamentais. "A produção de leite de alta qualidade depende, basicamente, das condições de higiene durante a ordenha, da eficiência do resfriamento do leite após a ordenha e de um programa de controle de mastite. Durante a ordenha, as etapas que têm maior relação com o risco de novos casos de mastite são: a condição de limpeza dos tetos e úbere, o manejo das vacas e a condição geral de funcionamento do equipamento de ordenha. Desta forma, o objetivo de uma rotina de ordenha eficiente é produzir leite de alta qualidade e minimizar o risco de mastite, assim como reduzir o tempo de ordenha, o que leva ao aumento da lucratividade da fazenda", orienta Santos.
Saiba mais!
Conheça a diferença entre os tipos de mastite:
Mastite Clínica
São os casos da doença em que existem sinais evidentes de manifestação, tais como edema, aumento de temperatura, endurecimento e dor na glândula mamária e/ou aparecimento de grumos, pus ou qualquer alteração das características do leite. A mastite clínica pode ser diagnosticada pelo teste da caneca de fundo preto, realizado antes da ordenha.
Mastite Subclínica
Caracteriza-se por alterações na composição do leite, tais como aumento na Contagem de Células Somáticas (CCS) e alterações da composição do leite. Na mastite subclínica não existem sinais evidentes da doença, portanto, não é possível diagnosticá-la sem a utilização de testes auxiliares. Desta forma, o sinal clássico da mastite subclínica é a elevação da CCS, e os testes auxiliares para o diagnóstico são o CMT, WMT e a CCS.
Dica do especialista
Mantenha a mastite longe, com uma ordenha bem feita. A rotina completa inclui: retirada de primeiros jatos de leite pré-dipping (antissepsia dos tetos antes da ordenha) secagem dos tetos colocação de unidades de ordenha pós-dipping (antissepsia dos tetos após a ordenha)
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