Catálogo de Linhagens do Germoplasma Zebuíno: Karvadi Voltar

Você está em: Memórias do Zebu » Documentação e Pesquisa » Questões em debate Publicado em 08/06/2020 às 14:41:54
Karvadi

Fruto da cooperação entre a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e entidades de pesquisa do Brasil, o Catálogo de linhagens do germoplasma zebuíno: Raça Nelore foi um estudo pioneiro na ocasião de sua produção.

Este é um projeto piloto que envolveu rebanhos da raça Nelore dentre os quais existem uma maior concentração de animais da importação da Índia no período de 1960 a 1963, considerada até os dias atuais a mais importante para a formação e disseminação da raça no Brasil.

 

A pesquisa fornece a base para análises semelhantes em outras raças zebuínas e permite o estabelecimento de critérios para a identificação de novas linhagens, com vistas ao melhoramento genético.

 

# A seguir você poderá verificar os genearcas da raça Nelore que se firmaram em solo brasileiro.

 

Texto: adaptação da equipe CRPBZ

Fonte: MAGNABOSCO,C.de U;COORDEIRO,C.;TROVO,J.B.de F; MARIANTE,A.daS.;LÔBO,R.B.;JOSAHKIAN,L.A.;coord.Catálogo de liinhagens do germoplasma zebuíno;raça Nelore.Brasília:Embrapa-Cenargem,1997.52p.

( Embrapa-Cenargen.Documentos,23) - CDD636.0821

 

 

Importações

 

Existem indicações de que o número de zebuínos importados da Índia se aproxima de 7.000 cabeças (BRASIL, 1984) até a década de 1960. As importações ocorreram em diversas épocas, e os animais destinaram-se principalmente aos Estados do Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais.

 

De acordo com os resumos estatísticos publicados pela ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, 1996) - de 1938 a 1996, considerando as categorias PO e LA, foram inscritos 2.349.280 animais no Registro Genealógico Definitivo (RGD), e 4.832.468 no Registro Genealógico de Nascimento (RGN). Esta mesma publicação avalia a existência, no ano de 1994, de 457.000 animais portadores de RGD e 973.000 animais portadores de RGN, em reprodução.

 

Para se ter uma ideia do incremento populacional dos zebuínos, basta comparar o volume de importações de material genético europeu "(cerca de 800.000 animais) e indiano (cerca de 7.000 animais), com os contingentes registrados nos respectivos serviços de registro genealógico, quando se constata que o número de animais cadastrados das raças europeias é muito inferior ao número encontrado nas raças zebuínas" (BRASIL, 1984).

 

Raças

 

As raças zebuínas, originalmente introduzidas da Índia e selecionadas no Brasil, são: Gir, Guzerá, Nelore e Sindi, tendo sido aqui formadas as raças Indubrasil e Tabapuã, bem como a raça Brahman formada nos EUA. Foram ainda importados alguns exemplares da raça Cangaian, porém, até hoje, seu efetivo populacional é bastante reduzido.

 

A raça Gir teve os primeiros exemplares importados provavelmente, por volta de 1906. Entretanto, a importação expressiva que veio a influenciar o rebanho atual, data de 1920, a qual propiciou a multiplicação dos núcleos de criação ainda hoje existentes.

 

Os exemplares da raça Guzerá, que tornaram um atrativo econômico, têm origem nas importações destinadas à regiões de Cantagalo, no Estado do Rio de Janeiro, de onde se expandiu para o Estado de Minas Gerais, principalmente para as regiões de Curvelo. Posteriormente, esta raça encontrou pecuaristas interessados na sua criação no município de Uberaba, continuando a se expandir para o norte do Estado de São Paulo e daí para outras regiões. No Triângulo Mineiro, em cruzamento com as raças Gir e Nelore, deu origem à raça Indubrasil.

 

A raça Nelore pertence ao segundo grupo indiano (bovinos de pelagem branca ou cinza com cifres curtos), de acordo com a classificação de Joshi e Phillips, citados por SANTIAGO (1987). A população Nelore brasileira é oriunda das importações de 1930 e notadamente das de 1960 e 1962. Atualmente o gado Nelore brasileiro está tendendo a uma uniformização dentro do tipo Ongole indiano.

 

A raça Sindi, em muito se assemelha ao Gir do oeste da Índia, ao Sahiwal, do Punjab e ao gado vermelho do Afeganistão. Devido ao deslocamento das tribos nômades, sofreu cruzamentos com a raça Gir em algumas regiões. Os exemplares da raça Sindi que chegaram no Brasil por volta de 1906 e 1930, destinavam - se às regiões da baixada fluminense, no Estado do Rio de Janeiro, ou aos municípios de Novo Horizonte e Jardinópolis, no Estado de São Paulo, Em geral, eram animais pequenos, de bela aparência, e adequados às regiões de escassos recursos alimentares, onde seria difícil a manutenção de animais de maior porte.

 

A raça Indubrasil foi a primeira raça zebuína formada por criadores brasileiros, com base no gado importado da Índia. Inicialmente, seus pioneiros do Triângulo Mineiro deram-lhe o nome de Induberaba, sendo que somente em 1936 foi reconhecida oficialmente com o nome de Indubrasil, o qual até hoje conserva. Sua origem, embora predominantemente fundamentada nas raças Gir, Nelore e Guzerá, é obscura quanto à exata contribuição genética de cada uma das raças ou tipos zebuínos importados.

 

Segundo SANTIAGO (1984), a primeira variedade zebuína mocha, objeto de seleção no Brasil, foi a raça Tabapuã, assim denominada em razão do nome do município onde se formou no Estado de São Paulo. Fenotipicamente, este gado assemelha-se bastante ao Zebu Americano (Brahman), o que faz com que muitas vacas Brahman, quando descornadas confundam - se com a raça Tabapuã. No entanto, quando à sua composição racial, é predominantemente Nelore, com algumas características do Guzerá e traços da raça Gir.

 

 

Linhagem KARVADI

 

O genearca Karvadi (Fig. 1) foi introduzido no Brasil em 1963 pelo selecionador Torres Homem Rodrigues da Cunha, proprietário do plantel VR. Kavardi passou a ser intensamente utilizado, o que fez com que as análises efetuadas neste trabalho, apresentasse o maior Coeficiente de Parentesco Médio da população estudada. Foi um animal que, segundo seu proprietário, citado por SANTOS (1993), apresentava uma excelente caracterização racial, alta fertilidade, ossatura robusta dentre outras características desejáveis. Na tentativa de aproveitar substancialmente as características zootécnicas deste animal que já chegara da Índia com 11 anos de idade, foi inaugurado em 1968, na Fazenda Santa Cecília, um serviço de coleta de sêmen. A partir de então, Karvadi foi intensamente utilizado deixando um grande número de descendentes.


magem do touro indiano Karvadi, o mais importante genearca de todos os tempos. Fonte: MZ

De acordo com as informações apresentadas na Tabela 2, observa - se, no caso da linhagem KARVADI, a predominância do animal Chummak (7447) com CPMd da ordem de 7,6. Isso pode ser devido ao fato desse reprodutor ter sido bastante utilizado, além de ser pai de touros que também tiveram utilização marcante na década de 70 e início dos anos 80. Dois filhos de Chummak bastante utilizdos foram os touros Man (B 940) e Maranamu (B942). Outro descendente de grande importância na linhagem Karvadi é o touro Dumu (9637) pai de Gim (C 23) e avô de Ludy (C 6740), que apresentam DEPs e ACCs elevadas para as características de desempenho disponíveis.

 

Caracterização fenotípica - De acordo com a opinião de técnicos ligados à ABCZ, dentre as principais características fenotípicas comumente observadas em descendentes do genearca Karvadi, destacam-se:

 

Boa caracterização racial;

• Musculatura compacta, bem equilibrada;

• Constituição robusta, ossatura forte e bem equilibrada;

• Cascos grandes e resistentes;

• Características sexuais secundárias bem definidas nos dois sexos;

• Temperamento ativo;

• Úbere bem implantado com tetas reduzidas; e

• Umbigo reduzido.


ABCZ

CENTRO DE REFERÊNCIA DA PECUÁRIA BRASILEIRA - ZEBU

Fone: +55 (34) 3319-3900

Pça Vicentino R. Cunha 110

Parque Fernando Costa

CEP: 38022-330

Uberaba - MG


©2015-2025 - Associação Brasileira dos Criadores de Zebu - Todos os direitos reservados