Saber colher o pasto é o mais importante Voltar

Você está em: Pesquisa » Divulgação de Estudos e Pesquisas Publicado em 31/01/2022 às 14:05:01
Foto Ilustrativa

Janaina Azevedo Martuscello Vieira da Cunha
Professora da Universidade Federal de São João Del Rei
Giovana Alcantara Maciel
Pesquisadora da Embrapa
Sistemas de produção sob pastejo são complexos, pois envolvem uma série de componentes, como solo, planta forrageira, clima, animais, manejador, entre vários outros. Esses componentes interagem através de vários processos, que resultam na produção de carne ou de leite em pastagens.

Sistemas de produção sob pastejo são complexos, pois envolvem uma série de componentes, como solo, planta forrageira, clima, animais, manejador, entre vários outros. Esses componentes interagem através de vários processos, que resultam na produção de carne ou de leite em pastagens. Devido à complexidade desse sistema, com seus vários componentes e interações, a chance de cometer erros é muito grande. Mas essa dificuldade não dá ao pecuarista "passe livre" para que o pasto seja manejado, sem planejamento e objetivos, como infelizmente vemos em muitas propriedades pecuárias no Brasil. Ao contrário, a alta complexidade do sistema de produção pastoril aumenta a responsabilidade do manejador, no sentido de fazê-lo buscar estratégias que possam otimizar as produções do pasto e do animal em pastejo. Portanto, o manejo da pastagem deve sempre focar a otimização e não a maximização da produção de forragem.

Por exemplo, diferentemente do que muitos pensam, um pasto alto e com muita massa de forragem não significa, em hipótese nenhuma, um pasto bom. Isso porque pastos mantidos com essa característica são pastos muito lignificados, com poucas folhas e muito talo (colmo) e, embora possa parecer que isso seja uma boa disponibilidade de forragem, haverá limitação de consumo desse pasto pelo animal, devido ao excesso de fibra e ao baixo teor proteico, com consequente limitação na produção animal.

Embora, pastos altos possam apresentar maior massa de forragem (maximização), esse capim, pelos motivos já explicados, não alcança o objetivo de maximizar a produção animal. Portanto, em relação ao manejo do pastejo, quebramos um paradigma: Pasto alto, manejado acima da altura recomendada, não é um é pasto bom.

Por outro lado, temos o outro extremo: o pasto rapado, com baixíssima massa de forragem. Esse pasto também não nos ajuda a maximizar a produção animal, porque a reduzida disponibilidade de forragem não permite que o animal consuma o pasto em quantidade suficiente. Como consequência, o animal não consegue ingerir a quantidade de nutrientes necessária para expressar seu potencial genético de produção.

Pastos rapados são consequência de uma taxa de lotação acima daquela suportada pelo pasto. O pasto superpastejado cresce menos e, portanto, não cobre bem a superfície do solo, o que cria a oportunidade das plantas daninhas ou indesejáveis entrarem no sistema e, dessa maneira, um grande problema se instala. Plantas daninhas são oportunistas e muitas vezes de difícil controle.

Quando presentes na pastagem, se inicia uma luta árdua para exterminá-las, com o processo de roçada, o que só ajuda a aumentar a produção delas; ou também pode-se aplicar herbicidas para essa finalidade. Mas, o caminho para a cura dessa mazela também deve contemplar a análise de solo; a correção e a adubação, de acordo com os resultados da análise; o adequado manejo do pastejo. Todas essas ações de manejo são fundamentais para que o pecuarista possa favorecer a produção do capim. E o capim bem manejado consegue cobrir melhor a superfície do solo e tem melhores condições de vencer a competição com as plantas invasoras.

Outro ponto que merece destaque é: de nada adianta trocar os animais por um grupo superior geneticamente, se o manejo do pasto não estiver adequado. Numa escala de prioridade, o manejo está em primeiro lugar. Só depois deve vir a preocupação com a troca de genética animal, troca da planta forrageira, adubação, irrigação. Saber colher o pasto é o mais importante.

A maior parte do desempenho animal é explicado pelo consumo e, o consumo sob pastejo é favorecido por uma boa estrutura do pasto. Portanto, manejar o pasto para que a colheita pelo animal seja facilitada, maximiza a produção animal. De nada adianta alta produção de forragem com colheita ineficiente. Destaca-se aqui que a adubação de pastagens só trará resultados se o adubo for convertido em @, portanto antes de adubar o pasto é necessário saber maneja-lo adequadamente.

Otimização do uso do pasto para maximizar a produção animal é também uma forma de otimização do uso dos recursos financeiros no sistema de produção. Isso ocorre, porque os pastos bem manejados apresentam melhor qualidade e, assim, diminuem a necessidade de se utilizar concentrado suplementar para aumentar o desempenho dos animais em pastejo. Com isso, há diminuição do custo de produção da @ .Nesse sentido, corrigir erros de manejo de pasto com uso de concentrado é uma forma muito rápida de chegar à uma condição de inviabilidade econômica da atividade pecuária. Por outro lado, manter os pastos bem cuidados e bem manejados é a forma de diminuir o custo de produção e aumentar o lucro.

 


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