Causo e Conto - O ZEBU POR ÁGUA ABAIXO (OU DR. DEFECA) - Por Eliana Kefalás Oliveira, Simone Afonso e Aryanna Sangiovani Ferreira
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- O ZEBU POR ÁGUA ABAIXO OU DR. DEFECA Por Eliana Kefalás Oliveira, Simone Afonso e Aryanna Sangiovani Ferreira** Sr. Pylades era um homem Daqueles bem singular, Em cujas histórias incríveis, Não dava pra se acreditar. Se ele não tivesse existido Tinham mesmo que o inventar. Certa vez, em sua fazenda, Aconteceu algo peculiar. Esse causo assim diferente Não se pode não contar. Pylades era corajoso Não tinha medo de falar. Se antes o zebu valia muito Passou a ser desvalorizado. Os criadores que investiram nele Ficaram um tanto desorientados. Mudou todo o financiamento E os juros foram elevados. No sucesso ou na dificuldade Pylades não perdia sua graça. Atravessou uma época difícil Ainda bem que tudo passa. Para além dos obstáculos, Sabia do valor daquela raça. Já não era mais o mesmo O incentivo que se tinha dado. Os bancos cortavam créditos, Os criadores foram prejudicados. Injustiçados, chegaram a ficar Quinze anos endividados. Era fim da década de 40, A Europa toda se reerguia, Já não se importava tanta carne Do Brasil como antes acontecia. Com a falta de compradores o comércio do zebu diminuía. Mas quando se sabe o valor Daquilo em que se aposta, Não se tem medo nesta vida De dar uma bela de uma resposta. Pylades não era de se curvar àquilo de que não se gosta. O causo acontecido na fazenda Parecia um troco a ser dado. O que não é considerado justo Merece muito ser retrucado. Pois o valor da verdade no mundo Precisa ser sempre revelado. Do Rio de Janeiro vinha um fiscal Contar os gados dos rebanhos. Na fazenda do Sr. Pylades, Chegou um daqueles bem tacanhos: Distinguir o macho da fêmea Para ele era algo estranho. Naquela época, o banheiro Era um buraco numa casinha Perto do rego que passava Com sua fina ladainha. O fiscal tudo perguntava Para D. Olinda, coitadinha. Para ela, o carioca reclamava do Rio de Janeiro saudades sentir. Ao ver que dentro da casa antiga Não tinha banheiro para onde fugir, Perguntou ao Sr. Pylades Onde para defecar poderia ir. O apaixonado pelo zebu Não poderia mesmo falhar, Naquela boa hora precisava Toda a injustiça feita revidar, Mostrando que um criador Nunca se pode desprezar. Pylades, com astuta rapidez, Deu uma bela de uma tirada, Passou a alcunhar o homem, Na frente de qualquer camarada, De um nome que dava vergonha: Dr. Defeca, motivo de risada. A todo momento, por Pylades, O tal moço era apresentado, Com o nome de Dr. Defeca, Para qualquer recém-chegado. O rapaz não podia acreditar Naquele seu triste estado. Quando dali o fiscal se foi por certo teria constatado que, mesmo que o zebu por água abaixo tivesse rolado, a coragem de seus criadores era algo a ser respeitado. **do livro Pylades Tibery - Cenas biográficas
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