Causo e Conto - MISTURA - Por João Gilberto Rodrigues da Cunha
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- MISTURA Por João Gilberto Rodrigues da Cunha** Tio Vicente era nosso vaqueiro de confiança, encarregado das vacas mojando a da parideira na Cerro Azul. Preto sabido e prático, de longe apartava e sabia a vaca que ia parir naquele ou nos próximos trés dias. Mão macia, desencravava partos de novilhas na primeira cria, amaciava peitos doloridos de mastite, amamentava bezerros enjeitados e doentes. Deu de beber - e isso também fez com fartura e perfeição, a tal ponto que batizou pelo nome Conhaque o burro de sua sela e estima. Acostumado ao seu peão, Conhaque levava tio Vicente dorminante por todo pasto, sem falsear o pé, sem trompar nos tôcos de derrubada, sem enredar em moita de unha-gato ou espinho-agulha - até checar a vaca parida e necessitada. Tio Vicente foi avisado e prevenido de todo jeito, ate ameaçado de perder o emprego, que a sua pinga ia crescente e dominante Não adiantou. Certa noite, estou no rádio e avisam lá da Cerro. - Tio Vicente hoje virou o cão. Encheu a cara, brigou com todo mundo, montou no Conhaque e rosetou o bicho de espora, do peito até a virilha! - E o resultado? - O Conhaque jogou ele por cima da cerca do brete. O velho tá lá gemendo, quebrou a clavícula. O que vamos íazer agora? - Vai lá dizer pra ele que mistura de bebida sempre faz mal. Pinga com Conhaque, pior ainda! E leva o puto pra consertar em Lacerda, a ver se aprende! Câmbio final! **do livro O Triângulo de Bermudas
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