-                                                                                           QUALIDADE

                                                                                                             Por João Gilberto Rodrigues da Cunha**

       O garrotão indubrasil é muito ruim. Estreito de frente, encoletado, no osso de garupa pode ser pendurado um chapéu. Orelha descaída, a testa chata, mancha amarela do lado, e ainda meio nafto dum quarto - um bicho duro de vender, engasgado com Jamilinho.
       Penso: - vou aprender a negociar.
       Desço do palanque e marcho rumo ao pavilhão dos mascates.
       Jamilinho já esta lá, exibindo o mondrongo para um possível comprador. Puxa pra lá, puxa pra cá, levanta a cabeça, aceita os pés, busca a posição melhor de disfarçar os defeitos E, ao me        ver assistindo, busca alguma qualidade no bicho. Quero ver.
       O moço olha, pode pra puxar do novo, dá um giro.
       Jamilinho anima-se, pega coragem. Vou vender o estrupício, pensa.
       E as qualidados a exibir? Uma só, pelo amor de Deus, que estou assistindo.
        O garrotão balança o cabeção. Olha no rumo de Uberaba, solta um berro.
       Jamilinho suado, sorri com a cara toda.
       - Taí moço, pode falar. Nao é um garrote alegre?



                                                                                                                                                **do livro O Triângulo de Bermudas